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ENCONTRO

Em última homenagem, Bonner imita Cid Moreira e revela lado pouco conhecido

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

William Bonner no Encontro

William Bonner no Encontro; âncora do Jornal Nacional prestou homanagem a Cid Moreira (1927-2024)

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 3/10/2024 - 10h44

William Bonner entrou ao vivo no Encontro desta quinta (3) para prestar  homenagem a Cid Moreira (1927-2024). O jornalista confessou que esperava já estar aposentado para não ter que dar a triste notícia, mas também relembrou com carinho de momentos de aprendizado com o ex-colega da Globo e revelou um lado pouco conhecido do locutor.

"A primeira coisa que eu queria dizer é: Fátima [Sampaio, viúva de Cid Moreira], tenha o nosso carinho. Companheira do Cid por tantos e tantos anos, [ela] é autora deste livro aqui [a biografia Boa Noite - Cid Moreira, A Grande Voz da Comunicação no Brasil]. Um livro que, dentro das possibilidades, apresenta ao leitor o tamanho de Cid Moreira como profissional", iniciou o titular do Jornal Nacional.

"O Cid Moreira, na Globo, inaugurou o Jornal Nacional, em setembro de 1969. E ele permaneceu no Jornal Nacional ininterruptamente até o fim de março de 1996. Para qualquer pessoa que tenha mais de 40 anos de idade, o Jornal Nacional teve aquele rosto ali. Para quem tem menos, quem tem 30 e poucos, talvez o rosto do JN não seja o do Cid Moreira, mas o Cid Moreira é o rosto e a voz do Fantástico", afirmou Bonner.

Ele relembrou a época em que Moreira deixou o Jornal Nacional e passou a se dedicar mais intensamente ao Fantástico, revelando um lado que poucos conheceram do grande apresentador.

"Essa foi uma fase em que eu acho que o Cid Moreira pôde se divertir mais como profissional. Eu digo isso porque o Cid era um brincalhão. Ele era um grande brincalhão, adorava que brincassem com ele também", afirmou.

"Quando ele pôde passar a brincar com ele mesmo, a carreira dele entrou para um outro patamar, outro caminho. Quem aqui não vai lembrar do vozeirão dele falando do Mister M? Aquele mágico que contava os truques da mágica", disse, imitando a voz de Cid Moreira. "Quem não vai se lembrar, na Copa do Mundo de Futebol de 2010, quando a bola oficial tinha um nome muito caracteristico, quando eu leio Jabulani, vêm à cabeça a voz do Cid", relembrou. 

"Na internet, tem um vídeo já clássico, em que eu imito o falecido Clodovil para o Cid Moreira, e ele adorava isso. Temos uma diferença de idade considerável, e quando eu sentava ali ao lado para fazer jornal, a gente se divertia muito. Eu tentava vencer o meu nervosismo brincando. A imitação do Clodovil virou um clássico da internet brasileira", afirmou.

Relação de respeito e admiração

Bonner falou sobre o impacto de Cid Moreira em sua carreira como jornalista, e o apresentador fez parte de dois dos mais impactantes momentos do âncora. "O primeiro deles foi o dia em que eu vi o Cid Moreira de perfil. Gente, a visão do Cid Moreira é na tela da TV, olhando para a câmera. Foi muito estranho ver a figura do Cid de perfil, porque naquela época o JN era feito todo assim [para frente]. Hoje a gente se vira, interage, mas não era desse jeito naquele tempo", contou. "Quando eu vi o rosto do Cid de perfil, eu lembro que eu fiquei petrificado. Foi na redação do Jornalismo".

A atração colocou no ar uma foto de Bonner e Moreira dividindo a bancada do Jornal Nacional. "É o segundo momento mais marcante da minha vida. Quando eu olhei para a minha direita e vi o Cid Moreira sentado à mesma bancada em que eu me encontrava para apresentar um JN. É uma experiência profissional que eu acho que, quem passou por ela, tem uma certa dificuldade de descrever", ponderou.

"Ele é uma figura gigantesca, co-fundador do Jornal Nacional, uma voz de uma credibilidade indiscutível e num tempo em que não tinha internet, não tinha rede social, não tinha televisão por assiantura, streaming. Naquele tempo em que o Cid Moreira apresentou o Jornal Nacional, numa grande parte desse período, o Jornal Nacional era a principal fonte de informação dos brasileiros", descreveu.

Histórias pessoais

O editor-chefe do Jornal Nacional contou que já tinha um carinho por Cid Moreira antes mesmo de entrar para a equipe da Globo. "Teve uma época em que, no fim do Fantástico, o Cid Moreira lia um texto bem 'editorializado', com opinião, sentimento. Ele era redigido pelo então diretor do Fantástico, José-Itamar de Freitas. A minha mãe, também já falecida, chamava este momento do Fantástico de 'a lavada de Cid Moreira'", revelou.

"Era um momento em que tinha lirismo, e sempre tinha alguma questão moral envolvida. Faz parte da minha vida como telespectador, bem antes de um dia sonhar em trabalhar na televisão", explicou.

Outra história marcante foi um ensinamento com relação ao próprio telejornal em que apresenta hoje --algo que Bonner repassou para Patrícia Poeta e para outros colegas com os quais dividiu bancada ao longo dos anos.

"Eu estava ao lado de Cid para apresentar o Jornal Nacional, nervoso. Respirei fundo e falei: 'Cid, quando foi que você parou de ficar nervoso para fazer o Jornal Nacional?'. Ele: 'nunca'. Ouvi isso de um sujeito que estava ali há 20 e tantos anos, e ele disse: 'é impossível não ficar nervoso fazendo o Jornal Nacional. Existem gradações de tensão, eu estou em um grau menor de tensão que o seu porque já faço isso há muito tempo. O dia em que você não estiver tenso para fazer um Jornal Nacional, você vai errar. Faz parte da nossa profissão'", disse.

"Eu estou aqui muito nervoso, fazendo televisão, falando com o público, dando esse depoimento. Quando eu encontrei o Cid, ele já estava velhinho, com a idade bem avançada. Embora, como você disseram, totalmente lúcido. Conversamos longamente no aniversário de 50 anos do Jornal Nacional. Já se vão 9 anos desde que isso ocorreu. Eu temia, um pouco, um dia em que eu tivesse que ir à televisão tratar deste assunto. Eu tinha esperança de que me aposentaria antes disso acontecer --não tive essa felicidade", lamentou.

"Mas, posso dizer também que a equipe do Jornal Nacional terá a honra enorme de prestar homenagem ao Cid Moreira na noite desta quinta-feira tão triste", assegurou ele.


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