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VÍDEOS FALSOS

De Marisa Maiô a Mountainhead: Por que Globo e HBO se renderam à IA?

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM E HBO

Montagem de Marisa Maiô e Steve Carell

Marisa Maiô e Steve Carell em Mountainhead; apresentadora fictícia e ator ganharam holofotes sobre IA

VICTOR CIERRO VIEIRA

victor@noticiasdatv.com

Publicado em 9/6/2025 - 16h37
Atualizado em 9/6/2025 - 16h37

A inteligência artificial voltou a ser debatida em reportagem do Fantástico de domingo (8). O programa exibiu o potencial da ferramenta Veo 3, desenvolvida pelo Google, que consegue criar vídeos hiper-realistas apenas com comandos de texto. Da Paris do século 19 a entrevistas com extraterrestres na praia de Copacabana, a tecnologia impressiona pela capacidade de gerar imagens, sons, trilhas sonoras e até sotaques personalizados.

Tudo isso em questão de segundos, bastando digitar instruções como se fosse um roteiro cinematográfico. A apresentadora fake Marisa Maiô e o filme Mountainhead, da HBO, são exemplos perfeitos dessa nova tendência.

A reportagem da Globo mostrou que é possível controlar até a emoção dos personagens: tristeza, alegria ou surpresa podem ser definidas por palavras-chave. O especialista Brunno Sarttori e o professor Arlindo Galvão destacaram como a Veo 3 interpreta comandos simples da linguagem cotidiana com resultados sofisticados.

Em um dos exemplos exibidos, a apresentadora fictícia Marisa Maiô viralizou com perguntas absurdas e respostas debochadas, geradas por IA, mas roteirizadas por Raony Philips. "Sem o texto humano, aquilo jamais teria virado o que virou", disse o criador.

Os mais desavisados podem achar que é real, mas o programa da apresentadora Marisa Maiô, que anda fazendo sucesso nas redes sociais, não existe. Só imita direitinho um programa de auditório da TV. A sátira foi feita por inteligência artificial pelo ilustrador e ator carioca Raony Phillips, que ironizou o formato ao criar uma personagem que apresenta a atração trajando um maiô e recebendo convidados para interações debochadas.

Um exemplo? "Médica, qual o segredo para não ter mais espinhas?", pergunta Marisa para uma especialista em saúde no palco do seu programa. "É só parar de ter", responde a entrevistada. "Obrigada, gente, essa foi a inútil da médica", finaliza a apresentadora fictícia.

Só este vídeo, publicado na semana passada, já teve mais de 1,5 milhão visualizações nas rede sociais. Segundo postagem do próprio Raony, a criação das imagens do primeiro episódio do programa foi feita no Veo 2, um programa de inteligência artificial generativa do Google. O programa é disponível para assinantes do plano Google AI Pro.

O segundo foi feito com o Veo 3, uma atualização da versão anterior, disponível para quem assina o Google AI Ultra --com preços a partir de R$ 609.

Impacto da inteligência artificial

Mesmo com os avanços, o programa reforçou que há uma guerra silenciosa entre ferramentas de criação e tecnologias de detecção. Pesquisadores da Unicamp desenvolveram um sistema capaz de identificar vídeos falsos por meio da análise de rostos e movimentações, mas reconhecem que estão sempre correndo atrás das novidades. "É uma brincadeira de gato e rato", afirmou Anderson Rocha, professor da universidade.

Ao mesmo tempo, há uma preocupação ética crescente. As plataformas impõem bloqueios para evitar conteúdos violentos, abusivos ou que espalhem desinformação. Mas os riscos permanecem. A recomendação ao público é clara: desconfie do que vê e questione sempre.

Esse debate, aliás, já chegou ao mundo da ficção com Mountainhead, nova produção da HBO. O filme mistura comédia e crítica social ao retratar uma sociedade que não consegue mais distinguir o real do falso. A história mostra bilionários céticos diante do caos provocado por deepfakes e fake news, que manipulam bilhões de pessoas.

No pano de fundo, a produção reflete o mesmo alerta dado pelo Fantástico: a IA pode ser fascinante, mas exige responsabilidade e um olhar cada vez mais atento.

Na trama, Steve Carell interpreta um bilionário excêntrico que se refugia em um chalé nos Alpes durante uma crise global. Ele não está sozinho: outros três magnatas, vividos por Jason Schwartzman, Cory Michael Smith e Ramy Youssef, se juntam ao retiro.

Em vez de refletirem sobre o colapso iminente, o quarteto debate maneiras de lucrar com o caos. Dirigido por Jesse Armstrong, o filme tem aspectos de Succession (2018-2023), que compartilham o mesmo criador.

A aproximação entre a Globo e a HBO em torno do tema mostra que, mais do que uma tendência tecnológica, a inteligência artificial já é uma força narrativa. Seja em reportagens jornalísticas ou roteiros de ficção, ela está moldando a maneira como contamos --e entendemos-- as histórias do nosso tempo.


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