GEYSON LUIZ
REPRODUÇÃO/DISNEY+
Maria Bonita (Isis Valverde) e Zé do Bispo (Geyson Luiz) em Maria e o Cangaço, do Disney+
Intérprete de Zé do Bispo na série Maria e o Cangaço, do Disney+, o ator Geyson Luiz mergulhou em "feridas abertas" para compor o seu personagem --inspirado em uma figura real, o Zé Baiano (1900-1936). Ele foi um dos homens que integrou o bando de Lampião (1898-1938) e Maria Bonita (1910-1938).
O artista explica que o seu trabalho de preparação partiu de uma "intensa curiosidade de entender o indivíduo que inspirou a sua criação". Ele não só contou com o colaborador Jair Luiz de Oliveira como também mergulhou nesse universo por meio de livros. Entre eles, o que serviu como base para a produção protagonizada por Isis Valverde --Maria Bonita: Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço, da escritora Adriana Negreiros.
Ele cita ainda Zé Baiano, de Robério dos Santos, como um dos pontos de partida para encontrar o seu Zé do Bispo. "Adotei a dialética como base, mantendo-a até o último dia de gravação. Busquei impregnar o personagem de inquietações que problematizassem sua própria existência, expondo assim as feridas ainda abertas e perpetuadas em nossa sociedade por meio de suas ações", detalha ele, em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.
Geyson conta que a repercussão da série está sendo um "reconhecimento da qualidade do trabalho dos atores", com o público "se surpreendendo com a versatilidade dos talentos nordestinos que fizeram parte da obra”. Ele, por exemplo, é nascido em Limoeiro (PE) e atualmente vive em João Pessoa (PB).
Algo que achei interessante foi receber muitas mensagens do público que destacaram a crueldade extrema da qual o homem é capaz, comparando-a aos dias atuais. As pessoas expressaram indignação e raiva em relação ao personagem Zé Bispo, cujas ações levantam debates sobre temas como resistência à violência, discurso de ódio, a submissão do indivíduo em nome da honra, o patriarcado e o luto existencial.
Provocado sobre histórias que se passam no Norte e no Nordeste do país serem consideradas pela crítica como "regionais", por mais que tratem de temas amplamente universais, Geyson diz sentir um grande vazio. "Porque essa questão começa muito antes, na raiz", inicia.
"É sobre investir em produções que mostrem o nordestino além dos estereótipos, que nos libertem dos mesmos papéis de sempre. Mas, mais do que isso, é sobre reconhecer que todo brasileiro guarda dentro de si histórias que merecem ser contadas, memórias que doem, sonhos que resistem, lutas que ninguém viu", acrescenta.
Para o ator, obras como Cangaço Novo e Maria e o Cangaço vão muito além da representatividade. "São revolução. Elas mostram o poder da linguagem audiovisual quando ela arranca camadas da alma humana e expõe, cruamente, o que somos capazes de esconder --e de revelar. São espelhos que refletem não só um povo, mas a complexidade de todo um país que ainda precisa se enxergar por inteiro", finaliza.
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