Para ator de No Rancho Fundo, Zé Beltino é oposição a um Brasil cheio de golpes

Personagem de Igor Fortunato em No Rancho Fundo, Zé Beltino é muito bonzinho --muitas vezes, bonzinho até demais. Por conta de sua ingenuidade, ele caiu em trapaças e não viu a realidade como ela é em várias situações. Seu intérprete defende que a pureza do personagem é uma virtude, em oposição ao grande número de golpes aplicados no Brasil atualmente.

Ao longo da novela das seis da Globo, Zé Beltino foi feito de trouxa constantemente. Blandina (Luisa Arraes) se aproveitou da inocência dele, forçou um casamento (do qual ele saiu ainda virgem) e o manipulou para que o rapaz passasse sua parte nas terras da família para o nome dela. Fortunato sabe que seu personagem sofreu por seu jeito de ser, mas acha que a pureza dele é uma grande qualidade.

"Eu acho isso encantador. Vivemos em um mundo onde somos ensinados, a cada dia, que ser esperto, enganar os outros e se corromper é o que vale a pena. Parece que ser 'otário', ser passado para trás, é ser trouxa, lento. Mas o Zé Beltino representa exatamente o oposto disso. Ele traz a bondade, esse lugar de acreditar verdadeiramente nas pessoas. Ele não tem maldade dentro de si para enxergar a dos outros", diz o ator em entrevista ao Notícias da TV.

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"Acredito que o Zé Beltino é um personagem extremamente necessário nesse momento em que vivemos, porque nos faz refletir sobre o quanto, como sociedade, estamos nos tornando desconfiados e maldosos", complementa.

Estamos sempre duvidando do outro, sempre em alerta, com medo de sermos enganados, principalmente em um Brasil cheio de golpes e trapaças. O Zé Beltino, com toda essa pureza,  quase parece um delírio poético, uma estética necessária para que possamos refletir sobre nossa própria pureza, nossa ética e nosso lado bom.

Zé Beltino foi o primeiro personagem de Igor Fortunato numa novela, e ele confessa que ficou nervoso no início do trabalho. "No começo, eu estava bem apreensivo, principalmente por ser minha primeira novela. Eu venho do teatro, onde atuei a maior parte da minha vida, então estava com receio de errar o tom, de não conseguir me adaptar ao formato audiovisual. Mas à medida que fomos gravando e, especialmente, quando a novela estreou e eu pude ver o resultado do que estávamos criando, fui ganhando mais segurança", conta.

O ator de 31 anos acredita que o filho de Zefa Leonel (Andrea Beltrão) também conseguiu amadurecer durante a história, principalmente após a grande decepção que teve com Blandina.

Agora, Beltino se encaminha para um final feliz ao lado de Dracena (Nina Tomsic), e Fortunato se diz satisfeito com os rumos tomados pelo personagem e pela mensagem que ele deixa ao público.

"Acho que o final do Zé Beltino já está meio traçado, me agrada bastante. É o final de um Zé Beltino amadurecido, mais tranquilo e amando. A maneira como ele acredita nas pessoas e no mundo é muito especial.  A pureza dele é o grande legado que ele deixa, e acredito que cumpri essa missão de mostrar como a inocência e a bondade podem nos salvar de tantas crueldades e artimanhas", declara Fortunato.

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Escrita por Mario Teixeira, No Rancho Fundo se passa dez anos após os eventos de Mar do Sertão (2022). A trama será substituída em 4 de novembro por Garota do Momento, novela de Alessandra Poggi protagonizada por Duda Santos e Pedro Novaes.

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