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COMPACTAS

Dorama ou Malhação? Novo formato de novela expõe erro nas tardes da Globo

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

André Luiz Frambach em Malhação (à esquerda) e hoje (à direita)

André Luiz Frambach em Malhação e hoje: ator protagonizará novo formato de mininovela na Globo

IVES FERRO

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 14/6/2025 - 6h10

A Globo prepara uma nova leva de produções chamadas de "mininovelas" ou "doramas brasileiros". Com 60 capítulos de até 30 minutos, as tramas desenvolvidas para dar um novo ritmo à teledramaturgia carregam um DNA familiar: o de Malhação (1995-2020). A diferença é que, agora, o nome mudou, o formato foi rebatizado, e os autores passaram a tratar o projeto como uma inovação --quando o erro estratégico talvez tenha sido o cancelamento da novela teen na pandemia.

A extinção da novelinha adolescente aconteceu depois de sucessivas trocas de elenco, mudanças de temporadas, queda de audiência e cortes internos da emissora. Na ocasião, a faixa das 17h apresentava instabilidade de público, e o formato não se ajustava mais à grade da programação vespertina. O horário seguiu com reprises em edições especiais, que se mostraram uma solução mais barata e que dá resultado de audiência.

A Globo planeja exibir a primeira dessas novas produções, Vidas Paralelas, de Walcyr Carrasco, no mesmo horário que um dia pertenceu a Malhação: por volta das 17h30. A estratégia é dupla: agradar ao público do Globoplay e preencher a grade da TV aberta com conteúdo inédito e mais barato. O elenco será compacto, com cenários reduzidos e o histórias centradas.

A fórmula não é totalmente inovadora. A Globo reinventou Malhação e trocou apenas a embalagem. As mininovelas, ainda que com estrutura mais enxuta, repetirão as mesmas diretrizes: jovens protagonistas enfrentando dilemas sobre carreira, amor, amadurecimento e família. André Luiz Frambach e Giullia Buscacio serão os protagonistas da primeira história.

Apesar de ter perdido força nos últimos anos, Malhação se recuperou com a temporada Viva a Diferença (2020), que gerou o spin-off As Five (2020-2024) e ainda funcionava como celeiro de novos talentos --tanto para o elenco quanto para roteiristas e diretores. Hoje não há mais essa oficina, e os novos rostos são jogados em grandes produções sem ao menos adquirir experiência.

A aposta também reflete uma tendência do mercado internacional. Séries curtas e de tramas leves, com início, meio e fim definidos, conquistaram mais espectadores. No streaming, Todas as Flores (2022) e Beleza Fatal (2024) comprovaram que o público brasileiro responde bem ao formato de história enxuta, apesar do enredo denso.

A diferença é que, no caso de Vidas Paralelas, a Globo quer unir as duas pontas: o impacto dos doramas com a força da TV aberta. Dois nomes muito experientes que trabalharam em diferentes temporadas de Malhação vão ajudar na supervisão de texto das mininovelas: Glória Barreto e Ana Maria Moretzsohn, que já trabalharam em quatro temporadas do formato extinto.

No ano em que a emissora celebra seus 60 anos de existência, a recuperação da nostálgica Malhação de uma maneira atualizada, modernizada e encurtada, mas mantida sob a mesma marca, teria maior valor afetivo e comercial. Mas isso requereria maior investimento financeiro da Globo.

A estreia de Vidas Paralelas está prevista para 2026 e deve funcionar como termômetro para um projeto de baixo custo, aproveitando nomes que já estão vinculados à casa. Independentemente do sucesso, o projeto expõe uma verdade desconfortável: o que se vende como novidade é, na verdade, uma tentativa de reconectar a emissora com um público que ela mesma afastou.


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