Menu
Pesquisar

Buscar

Facebook
X
Threads
BlueSky
Instagram
Youtube
TikTok

CLAUDIA SOUTO

Autora faz balanço final de Volta por Cima e revela em quem Osmar foi inspirado

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Claudia Souto, a autora de Volta por Cima, posando para foto com leve sorriso, em frente a fundo azul

Claudia Souto, a autora de Volta por Cima; ela faz análise e balanço final da novela das sete

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 26/4/2025 - 6h10

O último capítulo de Volta por Cima vai ao ar neste sábado (26), e a autora Claudia Souto faz agora um balanço sobre a trajetória desta que foi sua terceira novela das sete na Globo. Em entrevista exclusiva ao Notícias da TV, ela fala sobre sua evolução na teledramaturgia, sobre destaques da trama e sobre o personagem Osmar (Milhem Cortaz), o anti-herói cheio de nuances da história, inspirado em parentes e amigos da autora.

Antes de Volta por Cima, Claudia escreveu Pega Pega (2017) e Cara e Coragem (2022) para a faixa das 19h na Globo. Ela considera que Volta por Cima apresentou o resultado de seus aprendizados com as duas tramas anteriores, além de ter tido parcerias frutíferas com os colaboradores de texto Wendell Bendelack, Julia Laks, Isadora Wilkinson e Juliana Peres.

Claudia também comentou o núcleo da contravenção, no qual disse ter se baseado tanto na série documental Vale o Escrito - A Guerra do Jogo do Bicho (2023), do Globoplay, como em obras de William Shakespeare (1564-1616), o grande dramaturgo britânico.

NOTÍCIAS DA TV - Como avalia a trajetória de Volta por Cima, a evolução e o desenvolvimento do projeto? Diria que é a melhor que já fez, levando em conta todo o processo da pré-produção até o final?
CLAUDIA SOUTO -As três novelas me desafiaram de formas destintas, e em todas eu estive muito atenta às respostas do público. Volta Por Cima se beneficiou do meu aprendizado com as anteriores. O texto fluiu mais maduro e eu me vi mais entregue, conseguindo dar ainda mais profundidade aos personagens, ainda que estejamos no horário das sete.

A equipe de texto que me acompanha, também mais experiente, brilhou. É fundamental ter parceiros como estes para criar, com segurança, o chão por onde todos vão passar.

O texto encontrou a leitura perfeita, na direção do André Câmara e sua equipe de diretores e equipes criativas, e [encontrou], no elenco, a conexão plena entre atores e personagens. Em 'Voltão', como a novela é chamada nas redes, somos uma trupe feliz.

Alguma cena foi sua favorita? Ou um momento, uma trama mais emocionante? Algo te tocou de forma especial ao ver o capítulo no ar?
Os embates éticos entre Madalena (Jéssica Ellen) e Osmar me tocam muito, porque mexem com uma questão muito brasileira. Para dar a volta por cima, vale a pena passar por cima de valores tão preciosos como "família"? A relação de tio e sobrinha foi cheia de camadas, porque, em meio às críticas e mágoas, sempre existiu amor.

E a trajetória de Madalena e Jão, tanto como casal quanto em suas tramas individuais. Criar com o brilho de Jéssica Ellen e Fabrício Boliveira dando vida a esses dois brasileiros tão críveis. [Foi] Um presente.

Volta por Cima ficou muito marcada por explorar o universo da contravenção, algo que havia ganhado repercussão com a série Vale o Escrito - A Guerra do Jogo do Bicho. Como foi a decisão de incluir o mundo da criminalidade numa novela das sete, de modo a deixar a trama não tão pesada (por conta da faixa horária) mas também deixar claro que é um universo de muita crueldade? Conte um pouco sobre a concepção deste núcleo, dos personagens, do equilíbrio e das licenças poéticas para incluir a contravenção na novela.
É um universo complexo, cheio de paixão e fúria, mas também de assistência social e Carnaval. O puro suco do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, a estrutura dos clãs e a relação entre eles é extremamente shakesperiana.

Nesse sentido, caminhei entre Vale o Escrito e a obra do Bardo [Shakespeare] para criar os Castilho, os Barros e Osmar, que aprende a se virar nesse ambiente tão outsider quanto ele.

E tem a questão do feminino, que me atraiu muito abordar. É uma relação anacrônica no contexto da contravenção, as mulheres em pleno 2025 não terem acesso ao poder, e abordamos isso na trajetória da Violeta, lindamente vivida pela magistral Isabel Teixeira.

Essa foi uma novela também que colocou protagonistas negros em evidência e tratou do racismo que existe ainda no Brasil, no dia a dia de muitos brasileiros, como a questão de Jão na Viação Estelar (quando o personagem descobre que funcionários negros ganham menos do que brancos nas mesmas funções na empresa). Comente a escolha de trazer estes temas para a trama, de ter crítica social trabalhada na ficção.
Eu espero que um dia isso não seja uma pergunta, não seja sequer uma questão, e que estejamos construindo esse futuro agora. Mas entendo que o momento ainda é de conquistas nesse sentido. Que pessoas que não se sentiam representadas nas novelas que assistiam, agora se espelham.

Eu procuro ter escuta para assuntos que não conheço e acho importante criar imaginários saudáveis, mesmo quando abordo injustiças. Há que se ter delicadeza para tocar em feridas sociais.

Um dos melhores e mais interessantes personagens da novela foi Osmar, um malandro que tem momentos de desvio de caráter, outros de muito afeto com a família, de sofrimento, de doçura. Como foi a concepção do personagem, um anti-herói na faixa das sete? Osmar foi inspirado em alguém?
Olhando agora, com a obra concluída, posso dizer que minha intuição estava certa: enquanto criava a sinopse, eu escrevia Osmar com a voz do Milhem, sem saber se seria possível ele estar no elenco. E hoje eu digo que não existiria Osmar sem Milhem.

Na primeira fase da história, Osmar é um mix de muitas pessoas que conheci. Tios, tias, amigos. Foi quando vi as primeiras cenas com ele já na pele do Milhem e fui escrevendo junto. Basicamente, o Milhem comprou a personalidade caleidoscópica do Osmar e eu embarquei na atuação visceral do seu intérprete. Juntos, criamos um personagem que, tenho certeza, ficará pra sempre no coração do público. E nos nossos.

Ao longo da trama, houve também uma questão de uma suposta censura na novela: uma cena de Gigi (Rodrigo Fagundes) e Chico (Amaury Lorenzo), em que Gigi sugeria formar um trisal com Chico e Roxelle (Isadora Cruz). A cena chegou a aparecer numa chamada da novela, mas foi cortada da exibição do capítulo. Como foi este episódio para você e os colaboradores de roteiro, mudaram algo nas tramas LGBT+ a partir disso?
Não recebi nenhuma orientação nesse sentido, e eu minha equipe continuamos a trama de Gigi como estava prevista, bem como o romance misterioso de Rique (Marcio Machado).

Ao longo da novela, houve algo que saiu do previsto e foi ajustado de acordo com grupos de pesquisa, repercussão do público ou questões de bastidores? Faria algo diferente hoje?
A novela teve ótima aceitação desde o início, e também troquei muito com os atores, diretamente ou observando sua criação no ar. Por ser uma obra aberta, pude fazer apostas altas e ter o retorno logo, ajustando organicamente o que não funcionava. Ouvi muito a pesquisa e também as redes. Escrever com o retorno do público e da atuação dos atores é uma delícia.

Quais são seus planos daqui para frente? Já tem outras novelas em mente, pretende começar a trabalhar em sinopses para uma próxima trama das sete? Ou pretende tirar férias, se dedicar a outros trabalhos, deixar as novelas para um futuro mais distante?
O plano agora é descansar, desacelerar, recuperar a saúde, passar de criadora a espectadora, consumir arte, observar a sociedade, viver. Porque é daí que nascerão novas ideias para histórias, sejam novelas, séries, livros, filmes ou peças de teatro.

Tem vontade de mudar de faixa horária na Globo, desenvolver uma novela das nove nos próximos anos?
Estou feliz no horário das sete, que acho o mais livre para criação. A mudança de faixa depende da história a ser contada. Se um dia me ocorrer uma história com as características de outro horário, eu apresento à empresa. Mas não é um objetivo. Estou sempre em busca da boa história, ela é soberana.


Resumos Semanais

Resumo de Volta por Cima: Capítulos da novela das sete da Globo - 24 a 26/4

Quinta, 24/4 (Capítulo 178)
O médico explica os procedimentos da doação de órgãos para Jão. Joyce sugere que Osmar investigue a história de Violeta. Chico reclama de Cacá cogitar a proposta de Violeta. Cida pede que Miranda assuma sua responsabilidade ... Continue lendo

Mais lidas


Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.