Novela zicada
Ramón Vasconcelos/TV Globo
Walther Negrão (centro) com Julio Fischer e Suzana Pires no lançamento de Sol Nascente
DANIEL CASTRO
Publicado em 27/11/2016 - 6h29
Atualizado em 27/11/2016 - 8h53
Principal autor de Sol Nascente, Walther Negrão foi internado pela quarta vez neste ano. O dramaturgo de 75 anos está desde sexta-feira no hospital Albert Einstein, em São Paulo, se recuperando de uma anemia, consequência de dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral) sofridos no primeiro semestre. Foi a segunda vez que Negrão teve de se internar apenas neste mês.
Segundo a Globo, a hospitalização não irá afetar a novela das seis. A trama segue sendo escrita pelos coautores Julio Fischer e Suzana Pires. A emissora não confirma, mas a novela sendo supervisionada por Silvio de Abreu, diretor de teledramaturgia diária. Ele tem apontado caminhos para a história, que derrubou o ibope da faixa das 18h, dos 27 pontos de média de Eta Mundo Bom! para a casa dos 20 na Grande São Paulo.
Negrão não é o único problema de saúde no time de Sol Nascente. Laura Cardoso, de 89 anos, intérprete da vilã Sinhá, está afastada desde meados de outubro, quando teve uma infecção urinária. Ela voltou a ser internada neste mês.
Laura já teve alta, mas a Globo, depois de alterar capítulos três vezes, decidiu escalar Nívea Maria para assumir sua função dramática. Nos próximos capítulos, a atriz passará a interpretar Dona Mocinha, personagem que praticará todas as vilanias que estavam para a "vovó do mal" de Laura.
Quatro vezes no hospital
Um dos principais autores de novelas do país (Sol Nascente é a 23ª que ele assina), Negrão começou o ano internado no Albert Einstein, vítima de um AVC. No final de maio, a três meses da estreia da atual trama das seis, ele sofreu novo derrame, e permaneceu hospitalizado durante quase 40 dias.
No início de novembro, Negrão voltou para o hospital, dessa vez por causa de uma apneia do sono. Ficou uma semana. Segundo pessoas próximas, ele apresentou melhora desde a última internação, há dois dias, mas continua com anemia.
Sessenta anos de TV
Walther Negrão ingressou na TV ainda nos anos 1950, na primeira década do veículo no Brasil, como ator de teleatros. Em 1958, estreou como autor da Tupi, escrevendo para o programa Grande Teatro Tupi.
Começou a fazer novelas, inicialmente apenas adaptações radiofônicas, em 1964, na Record. Seu primeiro grande sucesso foi em 1968, Antônio Maria, que escreveu para a Tupi em parceria com Geraldo Vietri. No ano seguinte, a dupla emplacou outra novela memorável, Nino, o Italianinho. O sucesso chamou a atenção da Globo, que o contratou em 1969, mas ele logo voltou para a Record.
Em sua segunda passagem pela Globo, em 1972, Negrão emplacou seu primeiro grande sucesso na emissora, a novela O Primeiro Amor, que daria origem ao seriado Shazan, Xerife & Cia., estrelado por Paulo José e Flávio Migliaccio, um dos marcos da história da Globo, lembrado na festa dos 50 anos, em 2015.
Em 1975, o autor voltou para a Tupi. Retornou à Globo em 1980. Em 1983, foi bem-sucedido com Pão-Pão, Beijo-Beijo e no ano seguinte, com Livre para Voar. Escreveu Fera Radical, em 1988, e Top Model, em 1989, em parceira com Antonio Calmon. Em 1991, adaptou o texto de João Ubaldo Ribeiro para a minissérie O Sorriso do Lagarto. Despedida de Solteiro, em 1992, foi um grande sucesso. Mas nada se comparou a Tropicaliente, em 1994, em que lançou uma marca: as novelas praianas.
Negrão sempre foi afeito a parcerias. Em 2003, por exemplo, dividiu com Maria Adelaide Amaral a minissérie A Casa das Sete Mulheres. Suas últimas novelas foram Araguaia, em 2010, que concorreu ao Emmy, e Flor do Caribe, em 2013.
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