Cinco anos após pandemia, cinema mostra recuperação sem inovação; entenda

Cinco anos após o auge da pandemia de Covid-19, o cinema dá sinais de que se recuperou na questão das bilheterias, mas ainda mostra pouco apetite por inovações. A indústria retomou bons números, com blockbusters voltando a lotar salas, mas quase sempre atrelados a propriedades intelectuais (IP) já conhecidas do público. A aposta em ideias originais continua em segundo plano.

Entre 2015 e 2018, a média era de cinco filmes por ano superando a marca de US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões, na cotação atual) mundialmente. O ano de 2019 foi um ponto fora da curva, com nove títulos atingindo esse patamar. A partir de 2020, o impacto da pandemia derrubou esses números --e, mesmo com a retomada das produções, a média recente ficou em dois filmes bilionários por ano. Em 2025, porém, o cenário deve finalmente mudar.

Embora apenas um título tenha ultrapassado até agora a marca do bilhão, o ano ainda pode terminar com sete filmes nesse seleto grupo. Estão entre os fortes candidatos Jurassic World, Superman e Zootopia 2.

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Já Missão: Impossível 8 e o live-action de Lilo & Stitch estrearam com força suficiente para figurar entre os dez filmes de maior bilheteria do ano, mesmo com apenas uma semana em cartaz. O longa da Disney, inclusive, já ocupa a terceira colocação do ranking anual.

Lilo & Stitch superou todas as expectativas com uma estreia de US$ 183 milhões (R$ 1 bilhão) e já acumula US$ 421,5 milhões (R$ 2,4 bilhões) mundialmente. Missão: Impossível 8, por sua vez, teve a melhor estreia da história da franquia, com US$ 77,5 milhões (R$ 435 milhões) nos Estados Unidos e US$ 127 milhões (R$ 717 milhões) no total global.

Na América do Norte, o filme da Disney também assegurou a segunda maior arrecadação da história em um fim de semana prolongado de quatro dias, atrás apenas de Pantera Negra (2018) --que somou US$ 242 milhões (R$ 1,3 bilhão) na sua abertura.

Lio & Stitch também figura como a terceira maior estreia de um live-action da Disney em território nacional e internacional, sem ajuste pela inflação --atrás apenas de A Bela e a Fera (2017) e O Rei Leão (2019).

No Brasil, Lilo & Stitch registrou a maior estreia do ano, segundo a Comscore. Entre 22 e 25 de maio, o live-action arrecadou R$ 61,92 milhões e levou 2,72 milhões de pessoas aos cinemas, reforçando o apelo da nostalgia entre o público nacional.

Mesmo com a recuperação, o dado mais revelador permanece: nos últimos dez anos, apenas Zootopia (2016) chegou a US$ 1 bilhão sem estar ligado a uma IP pré-existente. O sucesso nas bilheterias, ao que tudo indica, continua sendo sinônimo de franquias familiares, em detrimento da ousadia criativa.

A tendência deixou claro os riscos para as gigantes de Hollywood. Em um mundo dominado pelo streaming, os estúdios não querem "tentar a sorte" com conteúdos originais. Desse jeito, os executivos criam um ciclo eterno de reaproveitamento de IP, o que só prejudica o cinema a longo prazo.

A audiência, no entanto, também tem sua parcela de culpa. O público raramente vai ao cinema para assistir a algo completamente novo. Os assinantes de streaming também prezam por não correr riscos, como o gasto extra de um ingresso para um filme. Atualmente, você pode apenas esperar o lançamento em seu catálogo de preferência.

Para os próximos anos, os estúdios precisam fazer uma grande reavaliação sobre suas estratégias. Caso a tendência se sustente, o povo irá aos cinemas só para assistir a conteúdos de confiança, de uma IP famosa. O público, por outro lado, também precisa estar mais disposto para lutar contra o mundo dominado pelo streaming.