MARIANA SENA
REPRODUÇÃO/GLOBO
Mariana Sena estava prestes a se formar em fonoaudiologia pela USP (Universidade de São Paulo) quando decidiu trocar a vida nos hospitais por interpretar a Lorena de Mar do Sertão. "Aconteceu, né? Uma decisão precisou ser tomada, e então a minha vida mudou completamente", explica a atriz de 27 anos.
Antes de abrir mão definitivamente dos jalecos, a paulista vinha tentando conciliar as duas áreas de atuação --paralelamente à faculdade, já estudava teatro. Mas nem sempre dar conta das duas paixões era possível. Por isso, ora cursava um semestre aqui, ora trancava a graduação e gravava uma produção.
Eu já imaginava que eu ia fazer essa troca em algum momento. Acreditava que eu ia me formar antes, mas precisei escolher. E aí nesse momento [que chegou a Lorena] foi decisivo.
O papel caiu no colo de Mariana quando ela estava no penúltimo semestre da área de saúde e já estagiava em um hospital, onde atendia crianças e outros pacientes que necessitavam de cuidados fonoaudiológicos. A escolha foi difícil, mas o que pesou foi o sentimento de que não queria de fato trabalhar como fono e a graduação seria apenas um protocolo.
Além disso, o gosto pela arte já vinha de berço: a mãe e a tia dela são artistas plásticas. Na hora do vestibular, contudo, quis ser bióloga. Mas aos 45 do segundo tempo, conheceu uma fonoaudióloga, gostou de ouvir sobre a profissão e se arriscou na área. "Achei interessante justamente porque eu acho que misturava as duas coisas. inclusive dava pra trabalhar no campo artístico", justifica.
"Mas chegou num momento em que eu percebi que não ia conseguir exercer a profissão, que é uma profissão muito linda, mas ao mesmo tempo ela tem um cotidiano que eu não conseguia me visualizar, sabe? [...] No meu processo de formação, eu tive menos acesso à fonoaudiologia artística e mais à fonoaudiologia patológica em si. E eu não conseguia me visualizar de jaleco, no hospital", constata.
Foi por isso que Mariana nunca foi 100% fono. No processo, fez trabalhos como a série Todas as Mulheres do Mundo (2020), na Globo, Spectros (2020), na Netflix, e a segunda temporada de Segunda Chamada, exibida pelo Globoplay em 2021.
Mesmo com a expertise de uma quase profissional da área da voz, Mariana Sena pouco conseguiu aplicar a prática da fonoaudiologia para imprimir o sotaque em sua Lorena. "Até hoje é um processo de aprendizado", revela.
Dou graças que a fonoaudiologia esteve presente na minha vida pra me ajudar em uma coisa ou outra, até em lógica de prosódia.
Antes do folhetim das seis, sua relação com o sotaque nordestino passava distante do que é produzido na fictícia Canta Pedra. Natural de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, a atriz tem família paterna baiana, mais precisamente da cidade de Poções, a 450 Km de Salvador. Por isso, a influência na fala é mais até mineira do que baiana em si.
Apesar da técnica e da vivência, na hora em que Mariana Sena vai gravar ela leva uns puxões de orelha dos colegas nativos da região Nordeste do Brasil. "Eles ouvem às vezes e falam: 'Mari, corrige aqui', 'Mari chia aqui', 'Mari essa palavra talvez seja uma palavra que não se usa'. Porque tem essa também, tem gírias diferentes, né? Então tem muitas gírias que são baianas que não se enquadram em Canta Pedra", conta.
O medo de ficar artificial fez Mariana redobrar a atenção para entoar o tradicional "visse". "Precisei colocar bastante porque é muito comum. E para eles é muito natural! Nós, sulistas, colocando visse nas palavras é muito fácil de ficar forçado. Mas o que eu gosto é da extensão do 'esse': entendesse, gostasse. Eu acho lindo, inclusive tá na minha vida agora", revela.
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