Cristiano cogitou largar a música para salvar Zé Neto da depressão: 'Era por ele'

Depois de uma pausa de três meses para tratar sua depressão, o sertanejo Zé Neto anunciou a retomada de sua carreira musical na sexta-feira (29). Mas o hiato temporário quase se tornou definitivo: seu parceiro, Cristiano, cogitou largar tudo para salvar a vida do amigo. "Era por ele", resumiu o músico.

A revelação foi feita em entrevista ao Fantástico deste domingo (1º). No auge do sucesso, a dupla estava fazendo 34 shows por mês, e o ritmo pesou para a saúde mental do cantor. "Eu estava saturado. Já não estava mais entregando o que a dupla se propõe a entregar", admitiu Zé Neto.

"Fiz uma reunião com ele, com os empresários, e falei: 'Olha, cara, eu vou parar'. Mas era por ele!", contou Cristiano. "Aí ele virou pra mim e falou: 'Pô, cara, minha vida já tá difícil, tô com um monte de problema. A música é a única coisa que me mantém vivo, você vai acabar comigo'. Pensei: 'Putz'."

Mesmo preocupado com o amigo, Cristiano decidiu manter a agenda e a carreira. Mas a situação não melhorou. Pelo contrário. "Eu fiquei doente porque as coisas foram ficando robóticas. A gente chegava, era camarim, hotel, avião, uma loucura", lembrou Zé Neto.

"E acho que vinha aquele peso de 'eu vou parar essa máquina, esse sonho que a gente construiu? O que meu parceiro vai fazer?'", completou o companheiro de dupla, que afirmou que o amigo nunca se preocupou com a saúde mental.

"O Zé sempre foi do tipo que achava que depressão era frescura", contou. "Eu sempre fui preconceituoso com isso. 'Não, depressão não existe, não. Nada a ver'", concordou Zé Neto. "E a depressão tem momentos que você esquece dela um pouquinho. Mas ela não vai embora, sabe?"

O problema virou uma bola de neve, até que o cantor chegou ao seu limite. "Eu comecei a tremer, meu coração disparou, minha cara começou a formigar, tive uma síndrome do pânico. [Pensei:] 'Tô morrendo'. É aquele ciclo vicioso de depressão: 'não, vamos procrastinar, empurrar mais pra frente'. E vai, vai, vai, vai... Foi aumentando. O que era uma gotinha virou uma tempestade", disse.

Para se tratar, Zé Neto começou a tomar remédios, que ele misturava com álcool. "E aí entrava medicamento pra anestesiar e a bebida. Chegava na hora da apresentação, ela era um fiasco. Só que ele estava fazendo o show anestesiado. No outro dia, quando ele acordava, via os vídeos e os comentários, ele afundava mais ainda", lembrou Cristiano.

Quando decidiu pausar, Zé Neto tomou uma medida drástica para recuperar sua sanidade. "Saí de todas as redes sociais! Voltei a fazer coisas normais que eu fazia, voltei a lavar chiqueiro de porco. A fazer coisas simples, a ir num mercado, que fazia muitos anos que eu não ia", apontou.

Agora, a dupla se prepara para retomar a carreira. Mas nem de longe com o ritmo de antigamente. Impuseram um limite de 12 shows por mês, um terço do que chegaram a fazer antes. "A gente até brinca: pode ser menos, mas mais, não", sentenciou Cristiano.