CONTROVÉRSIA
DIVULGAÇÃO/SONY PICTURES
Fernanda Montenegro em cena de Vitória; atriz foi escalada para papel de uma mulher preta
A escolha de Fernanda Montenegro para viver a protagonista do filme Vitória provocou um debate importante: por que uma atriz branca foi escalada para interpretar uma mulher que, na vida real, era preta? O filme, que estreia nesta quinta-feira (13) nos cinemas, é baseado na história de Joana da Paz (1925-2023), cuja identidade só foi divulgada após sua morte.
Portanto, nenhum dos envolvidos no projeto sabia a cor da pele da musa inspiradora da história, e a "escalação" às cegas recorreu a Fernanda Montenegro, a atriz mais elogiada do país. A situação, porém, levanta discussões sobre representatividade e diversidade no audiovisual nacional.
Baseado em fatos, Vitória narra a trajetória de uma aposentada que desarticulou uma perigosa quadrilha de traficantes e policiais por meio de gravações feitas da janela de seu apartamento no Rio de Janeiro. Enfrentando riscos e ameaças, ela lutou contra a corrupção e buscou melhorias para sua comunidade. Com a ajuda de um amigo jornalista, a protagonista persistiu até que sua voz fosse ouvida.
A produção enfrentou desafios consideráveis, incluindo a perda de seu diretor original, Breno Silveira (1964-2022), vítima de um infarto fulminante durante as filmagens. Andrucha Waddington, genro de Fernanda Montenegro, assumiu a direção para dar continuidade ao projeto baseado na obra Dona Vitória da Paz.
Uma controvérsia nos bastidores do filme envolve a escolha de Fernanda Montenegro para interpretar a personagem baseada em Joana da Paz. Ela foi a verdadeira inspiração do filme e viveu seus últimos anos no Programa de Proteção a Testemunhas, adotando o nome Vitória.
A escalação da atriz, então, ocorreu antes da ampla divulgação da identidade da ativista como uma mulher negra. A própria Joana, aliás, teria indicado que gostaria de ser interpretada por Fernanda caso sua história ganhasse as telas.
A atriz, como sempre, entrega uma performance envolvente e carrega o filme com sua experiência e seu talento. E, para "compensar" a escalação, o papel do jornalista Fábio Gusmão, que é branco na vida real, foi parar nas mãos do ator Alan Rocha, que é preto.
Apesar das polêmicas, Vitória se destaca como uma narrativa relevante, assim como Ainda Estou Aqui (2024). Tal qual a história de Eunice Paiva (1929-2018), o novo filme nacional aborda temas essenciais, que geram reflexões sobre os impactos sociais e históricos da luta por justiça.
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