LUTO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Francisco Cuoco em participação no Altas Horas; galã de novelas morreu nesta quinta (19)
Morreu nesta quinta-feira (19), aos 91 anos, o ator Francisco Cuoco, um dos maiores galãs de novelas da TV brasileira. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, há 20 dias, para tratar um ferimento que havia infeccionado. Segundo a assessoria do artista, a causa da morte foi falência múltipla de órgãos. Ele estava ao lado da família e partiu de maneira serena.
Por conta de seus problemas de saúde, o ator havia engordado bastante e estava pesando cerca de 130 quilos. Sua morte acontece menos de duas semanas depois da exibição do especial Tributo, homenagem que a Globo tem feito ainda em vida para alguns de seus grandes nomes.
Ao longo de mais de seis décadas de carreira, Cuoco acumulou personagens carismáticos e galanteadores, como o doutor Fernando de Redenção (1966), uma das novelas mais longas da história da TV brasileira, o Cristiano de Selva de Pedra (1972) e o Carlão da primeira versão de Pecado Capital (1975).
Nascido em 29 de novembro de 1933 no bairro do Brás, em São Paulo, Cuoco era de família humilde. Filho do imigrante italiano Leopoldo e da dona de casa Antonieta, ele trabalhou como feirante, ajudando o pai durante o dia enquanto estudava à noite.
Seu interesse pela interpretação surgiu ainda na infância, quando via circos mambembes se instalarem no terreno baldio em frente à casa da família. Encantado pelos espetáculos, o menino fazia pequenas encenações e sonhava com o mundo do cinema.
Embora pensasse em estudar Direito, optou por frequentar a Escola de Arte Dramática de São Paulo, hoje vinculada à USP, onde permaneceu durante quatro anos. Integrou o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro dos Sete, companhias fundamentais para a arte brasileira.
Sua estreia profissional aconteceu em 1958, ao lado de Fernanda Montenegro e Sérgio Britto na peça A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso. No palco, também interpretou Werneck, de O Beijo no Asfalto (1961), de Nelson Rodrigues (1912-1980), e foi reconhecido pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) como o melhor ator coadjuvante de 1964, por seu trabalho na peça Boeing-Boeing.
Em 1964, encarou seu primeiro protagonista de novela, o Victor de Marcados Pelo Amor, na TV Record. Dois anos depois, estrelou Redenção e, em 1968, formou seu primeiro par romântico com Regina Duarte em Legião dos Esquecidos, na TV Excelsior.
Cuoco e Regina voltaram a contracenar em 1972 em Selva de Pedra, um dos maiores sucessos de audiência da TV Globo. A dupla fez tanto que sucesso que trabalhou junta também em Sétimo Sentido (1982).
Entre seus trabalhos mais expressivos, estão o taxista Carlão em Pecado Capital (1975) e o charlatão Herculano Quintanilha em O Astro (1977), ambas novelas de Janete Clair. Cuoco também viveu Roque Santeiro na versão de 1975 da trama, que acabou censurada antes mesmo de estrear.
Na vida pessoal, entre 1960 e 1964, Cuoco foi casado com a atriz Carminha Brandão, 12 anos mais velha do que ele. Em 1966, se envolveu com Gina Rodrigues, mãe de seus filhos, em uma união que terminou amigavelmente em 1984. De 2014 a 2017, relacionou-se com a estilista Thaís Almeida, 53 anos mais nova.
Após se afastar dos palcos durante os anos 1990, devido ao trabalho na TV, Cuoco retornou ao teatro em 2004 com Três Homens Baixos, de Rodrigo Murat. Posteriormente, atuou em Circuncisão em Nova York (2008), Deus É Química (2009) ao lado de Fernanda Torres, e protagonizou Uma Vida no Teatro (2013).
No cinema, que era seu sonho desde quando ainda era feirante, Cuoco atuou menos. Participou de produções como Grande Sertão (1968), Traição (1998), Gêmeas (1999), Um Anjo Trapalhão (2000), Didi - O Caçador de Tesouros (2006) e Cafundó (2005).
Os sucessos de Cuoco na televisão foram muitos, em tramas como Feijão Maravilha (1979), Eu Prometo (1983), O Salvador da Pátria (1989), Cobras & Lagartos (2008), Passione (2010) e Sol Nascente (2016). Seus últimos trabalhos na TV foram participações especiais em Salve-se quem Puder (2020) e na comédia No Corre (2023).
Na pandemia, Cuoco ficou recluso e, ainda em 2020, foi diagnosticado com depressão. Ao apresentador Pedro Bial, contou que seus filhos o ajudaram a superar o momento. "Devagarinho, com a ajuda dos filhos, eu fui me recuperando. Acho que hoje em dia estou bem melhor", afirmou no Conversa com Bial, em 2021. Na ocasião, também expressou o desejo de voltar às telas: "Acho que ainda tenho o vigor para isso".
Em sua última entrevista, concedida à Folha de S.Paulo há aproximadamente dois meses, Cuoco refletiu sobre sua trajetória: "Sei que não foi à toa. Foi baseado em empenho, em entrega, em busca de igualdade. Passaram-se anos e experiências foram acumuladas. Eu perdia tempo, mas obtinha resultado".
Na mesma ocasião, ele comentou sobre sua juventude: "Eu era especial. Tenho fotografia da época e vejo que era um 'galãzura' mesmo".
O ator deixa três filhos: Rodrigo, Diogo e Tatiana, além de netos. Nos últimos anos, residia com sua irmã Grácia, que acompanhou de perto seu estado de saúde. O velório será aberto ao público, nesta sexta-feira (20), das 7h às 15h, no Funeral Home, no bairro de Bela Vista, em São Paulo. O enterro será restrito a familiares e amigos.
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