Novela das nove
Reprodução/TV Globo
Camila Pitanga em cena de Babilônia; audiência da Globo no horário nobre caiu 19% em dez dias
DANIEL CASTRO e PAULO PACHECO
Publicado em 29/3/2015 - 6h40
A Globo lançou neste final de semana uma operação de salvamento de Babilônia. Rejeitada por parte do público e boicotada por evangélicos, a nova novela das nove derrubou a audiência do horário nobre da emissora em 19% e, se não reagir, poderá entrar para a história como o mais baixo ibope das 21h. Desde ontem, para recuperar o público que migrou para SBT e Record, a Globo exibe chamadas introduzindo didaticamente as tramas da novela, em uma ação chamada de "relançamento". Mudou também a abertura e a apresentação da logomarca.
Nas novas chamadas, que serão intensificadas nesta semana, a mocinha Regina (Camila Pitanga) está sendo apresentada para que quem nunca viu um capítulo de Babilônia entenda o que se passa caso sintonize a novela nesta segunda. "Rio de Janeiro, morro da Babilônia. Aqui vive Regina, uma mulher que se esforça para cuidar da família e tem muito orgulho de seu trabalho. Depois de uma decepção amorosa, ela nunca mais se envolveu com ninguém. Mas Vinicius [Thiago Fragoso] está conseguindo aos poucos mudar essa história", diz a chamada.
Os intervalos também estão sendo bombardeados por chamadas apresentando tramas paralelas, como a do "político picareta" Aderbal (Marcos Palmeira) e do romance entre Rafael (Chay Suede) e Laís (Luisa Arraes), um Romeu e Julieta contemporâneo. As vilãs Inês (Adriana Esteves) e Beatriz (Gloria Pires) também estão sendo mostradas como inimigas que viraram aliadas. O esforço envolve também o jornalismo. Neste domingo, Camila Pitanga aparecerá no Fantástico apresetando o morro da Babilônia.
Na nova apresentação da logomarca de Babilônia, o nome da novela aparece sobre um inspirador nascer do sol estilizado. Antes, vinha sobre uma parede de concreto. Desde ontem, a abertura está diferente. Ficou mais clara, com nova animação em computação gráfica.
As mudanças são a primeira reação da Globo à baixa audiência de Babilônia. Por enquanto, nada vai mudar na trama, que tem grande frente de capítulos escritos. Mudanças só ocorrerão após uma reavaliação do departamento de teledramaturgia e de pesquisas com grupos de telespectadores.
Internamente, a avaliação é a de que Babilônia exagerou ao concentrar os primeiros capítulos em personagens polêmicos, como as vilãs Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves) e no casal de lésbicas Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg). Avalia-se também que a parte mais folhetim, das mocinhas sofredoras e casais apaixonados, ficou em segundo plano. A cúpula da Globo, contudo, aprova a novela e aposta em um esforço de comunicação para levantar a audiência.
ANTES: A logomarca de Babilônia na abertura exibida até o capítulo de sexta-feira
DEPOIS: A mesma logomarca na nova abertura, mais clara e com nova animação gráfica
Audiência despenca
Babilônia está puxando para baixo a audiência da Globo. Em março, nos primeiros dez dias com a nova trama das 21h no ar, a rede registrou média de 23,5 pontos na Grande São Paulo entre 20h30 e meia-noite, contra 29,1 na reta final de Império. Com a queda, a emissora perdeu a chance de bater a média de junho de 2014, a maior no ano passado, durante a Copa do Mundo.
Até a última quinta (26), a Globo acumulava 11,9 pontos na média das 24 horas de março, segundo o Ibope. É o melhor desempenho mensal da emissora desde a Copa, em junho (12,1). Boa parte desse desempenho foi graças a Império, que superou 40 pontos nos últimos capítulos.
Babilônia teve a pior semana de estreia de uma trama das nove: 28 pontos. Na semana que passou, piorou ainda mais e estacionou nos 25. Ontem (28), chegou a marcar 21 pontos na prévia, uma audiência de novela das seis.
Outro programa que puxou a média da Globo no horário nobre para baixo, o Jornal Nacional havia crescido com a reta final da trama de Aguinaldo Silva, porém caiu desde a estreia de Babilônia. Quando fazia "esquenta" para Império, beirava os 30 pontos. Com a nova novela das nove, não passa de 25.
No horário nobre, o número de televisores ligados permaneceu praticamente estável (de 61,9 na reta final de Império para 61,1 com Babilônia). O que explica a queda da Globo, além do baixo ibope da novela, é a simples troca de canal. SBT e Record tiveram crescimento expressivo desde que a nova trama das 21h foi lançada.
O SBT, com a reprise de Carrossel, saltou 31% nos últimos dez dias (de 7,0 para 9,2). A Record, que estreou Os Dez Mandamentos na última segunda (23), subiu de 7,2 para 8,8, crescimento de 21%. Na média das 24h, as duas emissoras estão empatadas (5,1). Cada ponto equivale a 67 mil domicílios na Grande São Paulo.
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