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Boni: 'Ibope é perigosíssimo, pode levar emissora ao desastre'

Divulgação/CCSP

O ex-superintendente de operações da TV Globo, Boni, no Festival do Clube de Criação de São Paulo - Divulgação/CCSP

O ex-superintendente de operações da TV Globo, Boni, no Festival do Clube de Criação de São Paulo

PAULO PACHECO

Publicado em 22/9/2013 - 0h27
Atualizado em 22/9/2013 - 6h57

Ex-superintendente de operações da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, está desde 2003 no comando da TV Vanguarda, afiliada da rede carioca em São José dos Campos, interior de São Paulo. Sábado (21), ele deu uma entrevista ao publicitário Washington Olivetto no Festival do Clube de Criação de São Paulo.

Na TV Vanguarda, entre pitacos na programação e no conteúdo, Boni aposta no jornalismo para fazer a “TV do futuro”. Em entrevista ao Notícias da TV, o executivo, de 77 anos, comentou o atual momento de sua emissora e da televisão brasileira. Para Boni, a medição de audiência é benéfica para a produção de conteúdo, mas prejudica as estratégias de planejamento da programação.

NTV –Como o sr. encontrou a TV Vanguarda dez anos atrás e como ela está hoje?

Boni – Do ponto de vista do crescimento, quando compramos a TV Vanguarda, ela era composta por duas geradoras e 18 repetidoras. Hoje em dia, nós temos 53 repetidoras. E a Vanguarda é a primeira estação da Rede Globo em que todo o jornalismo e toda a produção local são 100% em alta definição. E agora nós estamos fazendo uma experiência nova, de estabelecer um ritmo muito maior do que o das outras emissoras, como os limites de tempo das vinhetas, para que ela tenha no ar uma presença muito parecida com a internet.

NTV – Essas mudanças fazem parte da chamada "TV do futuro", que as outras emissoras deveriam seguir?

Boni – Acho que sim. Já temos uma mudança de conteúdo muito grande na Vanguarda. O telejornal do meio-dia, por exemplo, tem uma hora de duração e não tem script [roteiro]. O programa trabalha com hashtag, em que o telespectador pode participar. Para você ter uma ideia, enquanto os telejornais do meio-dia das emissoras em geral têm de 7% a 8% de participação, o Jornal Vanguarda tem 28% em São José dos Campos. Ele dialoga com a cidade, é uma via de mão dupla. Também estamos usando bastante a madrugada para fazer coisas experimentais, de conteúdo conhecido, mas transmitido de uma maneira diferente.

NTV –Durante o período em que você está na Vanguarda, como as TVs em geral se comportaram?

Boni – A televisão ficou olhando o que está acontecendo. Ela entendeu que a TV por assinatura e a internet tinham que ocupar os seus espaços e ela ficou satisfeita com o que ela tinha. Acho que a televisão não podia fazer isso, deveria ter brigado mais, mas acho que ela vai fazer isso agora. Estou vendo que a última mudança da TV Globo [a de Carlos Henrique Schroder assumindo a direção-geral] está focada no jornalismo, está no caminho certo. Ela ainda não mostrou isso, mas parece que está se planejando.

NTV –O Ibope prejudicou a produção de conteúdo das TVs?

Boni – Não. O ibope só ajuda, porque é um instrumento de abalizamento, isso na produção. Do ponto de vista de estratégia de programação, se o cara correr atrás do Ibope, é um desastre.

NTV –A chegada do instituto alemão Gfk vai modificar a medição de audiência?

Boni – Não vai modificar nada, vai dar a mesma coisa que o Ibope, que é um instituto excelente. O Ibope não faz audiência, ele afere. O importante é saber como usá-lo. O ibope é um elemento extraordinário para usar na produção. Com estratégia de programação, ele é perigosíssimo, pode levar [a emissora] a cometer erros incríveis.

NTV –O sr. está fazendo a TV dos seus sonhos na Vanguarda?

Boni – Não, a TV dos meus sonhos é quando eu estou dormindo (risos).

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