RACHA A CUCA
REPRODUÇÃO/BAND

O francês Erick Jacquin como um dos jurados do MasterChef: relevância cultura e impacto
Um comentário durante o UpFront --evento promovido pela Globo na segunda (13) para apresentar suas novidades ao mercado publicitário-- não pegou bem nas redes sociais e nem mesmo no mercado. A jurada Renata Vanzetto, do Chef de Alto Nível, chegou a dizer que um episódio do seu programa dá mais audiência do que todas as temporadas do MasterChef.
A conta até fecha nos números da Kantar Ibope, mas não leva em conta uma variável importante: a líder de audiência nunca conseguiu repetir o sucesso de seu principal concorrente nos reality shows culinários. Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua (2023) saiu do ar com apenas uma temporada, e o Mestre do Sabor (2019-2021) passou em brancas nuvens.
A verdade é que a Globo morde a própria língua na provocação à Band. Afinal, dá para traçar um paralelo bem interessante entre o remake de Vale Tudo e o MasterChef: são duas atrações cujos números são consideravelmente modestos para a sua realidade particular na TV aberta, mas são inegáveis fenômenos de repercussão.
Para se ter uma ideia, até o Bake Off Brasil, do SBT, tem uma média no Ibope maior do que o concorrente da Band. Entretanto, ninguém cometeria a indelicadeza de dizer que o formato é maior ou mais relevante que o rival --porque, considerando-se o impacto cultural, não é.
O MasterChef é um dos poucos programas fora da Globo que conseguiu mexer até com o vocabulário do próprio brasileiro. Uma pessoa que cozinha bem não é um “mestre do sabor” e nem um “chef de alto nível", mas um “masterchef" pois sabe claramente como usar o “tômpero [tempero]" como diria Erick Jacquin.
Essa permanência no imaginário popular tem um valor que enche os olhos do mercado publicitário. As inúmeras pesquisas de “top of mind” mostram que os anunciantes querem estar junto não só de quem tem audiência, mas principalmente de quem é lembrado.
Os campeões do MasterChef até hoje contam com influenciadores e anônimos indo até seus restaurantes para conferir se mereceram --ou não-- as suas temporadas. O mesmo acontece com os estabelecimentos que passaram pelo spin-off Pesadelo na Cozinha, que também teve números bem modestos no Ibope.
Os pratos de Heaven Delhaye, no Rio, e de Deyse Paparoto, em São Paulo, contam com milhões de visualizações no Instagram e no TikTok. Um fenômeno que começou justamente na passagem delas pelo MasterChef profissionais.
A própria Globo acabou fisgando talentos da concorrência: Paola Carosella hoje é um nome forte dos canais pagos, assim como Michelle Crispim (vencedora do MasterChef 2017) virou jurada do Que Seja Doce, do GNT.
MasterChef Brasil é um caso raro na TV brasileira: a combinação de identidade, relevância cultural e longevidade. Audiência pode oscilar, formatos podem envelhecer, mas poucos programas conseguem atravessar gerações e se tornar sinônimo de um gênero inteiro. E nesse quesito, a Band continua servindo um prato que a líder ainda não aprendeu a temperar.
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