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ANÁLISE

Filhas de Eva: Tapa-buraco da Globo samba com gosto na cara da concorrência

FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Giovanna Antonelli sorri em close de cena de Filhas de Eva na qual esstá com um dos braços levantados

Giovanna Antonelli é a psicóloga Lívia em Filha de Eva; série exibirá episódios finais na TV

MÁRCIA PEREIRA E VINICÍUS ANDRADE

marcia@noticiadastv.com

Publicado em 12/8/2022 - 6h40

Lançada há mais de um ano e cinco meses pelo Globoplay, Filhas de Eva não teve alarde quando estreou no streaming nem recentemente ao entrar no ar na Globo. No entanto, a série, que substituiu No Limite 6 nas noites de terça e quinta, turbinou os índices de audiência da emissora no fim de noite e prova a força da teledramaturgia com sua história despretensiosa. Samba na cara concorrência até quando o rival é um jogo decisivo da Libertadores.

Pena que Filhas de Eva nunca foi tratada com um produto de "prime time" pela líder de audiência na TV aberta, que a pôs na programação como se fosse um tapa-buraco. A emissora não havia produzido nada novo para substituir o reality show apresentado por Fernando Fernandes --programa que foi executado mesmo após o fiasco da edição passada, na tentativa de segurar o fãs do gênero após mais uma edição do Big Brother Brasil.

A história protagonizada por Renata Sorrah, Giovanna Antonelli e Vanessa Giácomo traduz o complicado universo feminino por meio de personagens diferentes em status e faixa etária. Elas enfrentam conflitos que não têm nada de novo: fim de casamento, traição, recomeço no amor. Entretanto, fomenta questionamentos internos, e, hoje em dia, fazer as pessoas refletirem em vez de perguntar ao Google é algo que merece muito destaque.

A trama vai na contramão da onda conservadora que faz a embalagem de uma família ser algo santificado. Filhas de Eva mostra mulheres se libertando justamente daquilo que vem sendo pregado geração após geração.

O principal ponto de alinhamento entre elas é o simples desejo de ser feliz, de poder fazer suas escolhas, sem estar tuteladas pelos amados. É extremamente feminista sem ser, tem um viés ou outro de engajamento, mas nada de mulheres gritando "machos escrotos". Elas lambem suas feridas sem culpar os companheiros (ou ex-maridos), sabem que são responsáveis pelos erros que comentem ou cometeram.

O mais gostoso da saga é justamente a sororidade que rola em cena. Uma empatia que não é estimulada na vida real, quando mulheres competem umas com as outras. Em Filhas de Eva, o público também vê as três protagonistas fora do lugar comum ao qual essas intérpretes foram alçadas na TV.

É comum produtores de elenco colorarem Giovanna Antonelli como diva, ditadora de tendências, mas Lívia não tem nada disso. A personagem da atriz é a psicolouca --apelido que ganhou ao viralizar na internet em um vídeo no qual destruía supostamente o carro do seu marido. O ataque da psicóloga bem-sucedida que surta quando o marido sai de casa é um dos melhores momentos de Giovanna em cena nos últimos anos. 

Renata Sorrah e Jean Pierre Noher

Renata Sorrah e Jean Pierre Noher

Leonardo Nogueira, marido de Giovanna e diretor da trama, também apresenta um trabalho orgânico na condução da série. Ele esteve por trás de folhetins como O Tempo Não Para (2018), Sol Nascente (2016), Em Família (2014), entre outros. Mas a sensibilidade com que mostra a vontade dessas mulheres de mudar suas vidas é empolgante.

Renata Sorrah e Vanessa Giácomo também precisam ser vistas nos papéis de Stella e Cléo, respectivamente. Aos 70 anos, a veterana rompe um casamento de 50 anos e até ensaia um novo romance com seu vizinho roqueiro, Joaquim (Jean Pierre Noher). Já a desempregada Cléo tem uma família que transforma sua vida em um caos e ainda descobre que estava sendo enganada pelo marido de sua nova melhor amiga, Lívia. 

Com a temporada completa disponível no Globoplay desde março do ano passado, os telespectadores que não assinam a plataforma estão prestes a ver o encerramento da série na próxima semana. A Globo exibiu na noite de quinta-feira (11) o décimo episódio.

Zebra na programação

O capítulo mais visto de Filhas de Eva foi ao ar em 21 de julho, registrou 21,0 pontos de média na Grande São Paulo, o principal mercado publicitário do país. Já a final do reality de aventuras teve 16,8 de ibope neste ano.

Os nove primeiros episódios da produção original Globoplay estão com 18,5 pontos de média, um aumento de 15% em relação ao desempenho da temporada 2022 de No Limite. Nem mesmo os confrontos da Libertadores no SBT, entre os populares Corinthians e Flamengo, foram suficientes para derrubar consideravelmente os índices da série.

A trama se manteve acima dos 16 de ibope no confronto com o futebol às terças. Já o No Limite, quando bateu de frente com duelos decisivos na emissora de Silvio Santos, ficou abaixo dos 14.

E o sucesso do projeto precisa ser creditado principalmente aos autores. Filhas de Eva é uma série criada e escrita por Adriana Falcão, Jô Abdu, Martha Mendonça e Nelito Fernandes.


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