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AME-O OU DEIXE-O

Criticado, SBT tira do ar vinheta que remete à ditadura e admite equívoco

Reprodução/SBT

Silvio Santos não percebeu que a frase "Ame-o ou deixe-o" tinha uma forte ligação com a ditadura - Reprodução/SBT

Silvio Santos não percebeu que a frase "Ame-o ou deixe-o" tinha uma forte ligação com a ditadura

REDAÇÃO

Publicado em 6/11/2018 - 19h14

A vinheta do SBT que fazia referência a um conhecido slogan da Ditadura Militar (1964-1985) teve vida curta na emissora. Criticado por internautas, o vídeo com a frase "Brasil: ame-o ou deixe-o" foi retirado dos intervalos da emissora. As outras propagandas com mensagens ufanistas (que também remetem ao governo dos militares) seguem na grade. Em contato com a reportagem, a própria emissora admitiu que a exibição foi um equívoco.

"A vinheta com o bordão 'Brasil, ame-o ou deixe-o' foi retirada do ar. A emissora cometeu um equívoco de não se atentar que este bordão foi forte na época do regime militar. A ideia das vinhetas é para dar mensagem de união, esperança e otimismo aos telespectadores brasileiros e aos que não são, porém vivem no país", informou a assessoria de imprensa do SBT por meio de nota.

No Twitter, as chamadas de caráter nacionalista chocaram os espectadores e receberam uma chuva de críticas. Nas vinhetas, imagens de pontos turísticos do Brasil são exibidas ao som de músicas como o Hino Nacional e a marchinha Pra Frente Brasil. No fim, o locutor solta frases de efeito, como "Brasil de encantos mil", "Brasil, pátria amada" e "Eu te amo, meu Brasil".

A última é um verso de uma música da dupla Dom & Ravel que foi amplamente usada pelo regime militar como propaganda política. Nos anos 1970 e 1980, os músicos eram presença frequente nos programas do próprio Silvio Santos.

"Pra molecada que não sabe, o slogan 'Brasil, ame-o ou deixe-o' era usado pelos militares para justificar a repressão aos movimentos sociais contrários a ditadura. Parece que 1964 é logo ali", protestou o jornalista William De Lucca no Twitter.

O slogan surgiu durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, entre 1969 e 1974, período marcado pela forte repressão e que ficou conhecido como "Anos de Chumbo", em que os governantes tinham o poder de punir arbitrariamente os opositores do regime.

Durante o governo Médici, 98 pessoas foram mortas por motivações políticas, segundo a CNV (Comissão Nacional da Verdade). No total, 180 presos políticos foram assassinados durante a Ditadura Militar.

Vinheta exibida no SBT com referência a slogan da Ditadura Militar já foi tirada do ar

Uma fonte da reportagem que tem um cargo alto na emissora relatou que a vinheta foi uma ordem do próprio Silvio Santos, que tradicionalmente tenta manter o SBT como uma rede de apoio para o governante do país, independentemente do partido.

Durante a Ditadura Militar, a emissora transmitia nos intervalos de suas atrações o programete A Semana do Presidente, um boletim que valorizava viagens e feitos do homem mais poderoso do país à época. Críticas não eram aceitas. Segundo o colunista Flávio Ricco, do UOL, o programa pode voltar à grade do SBT em 2019.

As mensagens ufanistas são mais uma sinalização de que Silvio pretende ficar ao lado de Bolsonaro durante o seu mandato. Mulher do presidente eleito, Michelle Bolsonaro foi convidada para participar do Teleton no próximo fim de semana. Já Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, foi o entrevistado do programa Poder em Foco no último domingo (4).

Após a repercussão das mensagens na internet, a deputada estadual Manuela d'Ávila, candidata a vice-presidente da chapa derrotada de Fernanda Haddad, criticou as vinhetas:

"'Eu te amo, meu Brasil, eu te amo, meu coração é' e 'Brasil: ame-o ou deixe-o' são propagandas da ditadura militar. Nós amamos o Brasil. O de todas as cores, credos e opiniões políticas. Enaltecer a ditadura não é amar o Brasil, mas repugnar a democracia e as conquistas da Constituição de 1988. 'Brasil, ame-o ou deixe-o' não é sobre amor e patriotismo. É sobre a violência do exílio e do desterro. Tirem o cavalinho da chuva: Vamos ficar, lutar e defender a democracia. Por amor ao Brasil", escreveu ela no Twitter.

Confira as vinhetas controversas e as reações de alguns internautas:

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