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RETRATOS DA VIDA

Christina Rocha rebate quem acusa Casos de Família de armação: 'Hipocrisia'

REPRODUÇÃO/SBT

A apresentadora Christina Rocha a frente do Casos de Família

A apresentadora Christina Rocha; Casos de Família é fiel à realidade sem distinção de classe

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 29/5/2022 - 7h00

Christina Rocha confessa que chega exausta ao final de cada gravação do Casos de Família. Ela diz que não é fácil administrar os conflitos do programa, especialmente quando os convidados não estão a fim de conversar civilizadamente. Não à toa, a apresentadora se revolta com quem não dá os devidos créditos a ela e à equipe por colocar um programa 100% real no ar --sem qualquer armação.

"O que teve de gente que já chegou para mim fora da TV, até amigos, e falou: 'Nossa, que loucura, aquilo acontece mesmo?'. Eu acho uma hipocrisia. Por que não aconteceria? Eu respondo: 'Qual é a família que não tem problema?'. O que tem no programa tem no dia a dia de todo mundo. Sem exceção. Só que em dimensões diferentes", afirma ela em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.

Sem script, a jornalista aprendeu na marra a administrar as situações que podem eventualmente sair de controle. Ela até já perdeu as contas nas redes sociais das vezes que virou meme por bater de frente com alguns dos participantes com os ânimos mais exaltados --em que, na pior das hipóteses, termina em expulsão.

"O pessoal gosta da treta, mas eu não tenho mais paciência (risos). Eu sou da paz. Às vezes eu tenho que mostrar um outro lado no programa. Só que eu tenho horror a briga. Eu faço tudo para ficar quieta. Claro que, se mexer comigo, eu me defendo", conta Christina.

O jogo de cintura também é fundamental para a artista manter a privacidade a salvo apesar da exposição diária na televisão aberta. "Eu prezo muito pela minha vida pessoal. Eu sei que sou uma pessoa pública, mas não gosto de me expor. Eu sei que o povo adora saber quem brigou, quem traiu, quem voltou. Eu sempre fiquei na minha, para meu equilíbrio", pontua.

Christina brinca que também não faria muito sucesso como assunto nas rodas de conversa. "Não tem muito o que tirar de mim. Eu sou quieta, adoro correr, andar a cavalo. Sou assim desde que comecei na TV. É o meu jeitão", dispara ela, aos risos.

A apresentadora Christina Rocha no Casos de Família

Christina Rocha: 13 anos há frente do formato

Qual o futuro do Casos de Família?

Christina está à frente do Casos de Família desde 2009, quando a atração passou por uma reformulação para ganhar uma linguagem mais popular. "Esse formato é um sobrevivente. A gente não tem muita grana, então o programa é bom e barato para a emissora. E nós damos audiência", frisa.

A apresentadora assume que passou por um momento complicado com as mudanças na grade vespertina do SBT. "O horário não tinha nada a ver com o programa, estava preocupada, 14h é péssimo para um talk show. Graças a Deus, mudou. Desde então, já melhorou para caramba. Deu uma diferença exorbitante [de audiência]", diz.

Ela também afasta qualquer rumor de que o Casos de Família sairá do ar. "A gente é igual barco, vai navegando. É um programa com patente boa, guerreiro", elogia ela, que não tem medo de uma nova mudança na programação. "Estou batizada", arremata a artista.

NOTÍCIAS DA TV - Christina, são 13 anos à frente do Casos de Família. Você acha que já se tornou uma missão mais fácil falar com esse público?

Christina Rocha - Ah, ainda é difícil. Você vive o conflito, né? Os outros programas têm um quadro de humor, as externas. O nosso não. Eu tenho que estar 100% ali, focada, porque não há script. Ele exige muito da gente. Cansa muito. Você não pode parar para tomar um cafezinho.

Eu só sei por alto a história, então vou sacando as coisas no palco. E, às vezes, você vai tirando do convidado algumas coisas que ele não falou na primeira entrevista. Ou mesmo que omitiu. Se não estiver presente, não dá. Por outro lado, é uma experiência extremamente enriquecedora.

Você se blinda de alguma forma para que os casos mais delicados não atinjam o seu emocional?

Não dá. Eu vou ser sincera, porque eu sou muito intensa e não sei ficar em cima do muro. Todos nós já passamos, estamos passando ou vamos passar por alguma daquelas situações. A gente mexe com o ser humano. E não tem essa questão de ser rico ou pobre. É um programa muito rico em sentimentos. É a fruta já descascada. Não tem o que apaziguar.

Eu costumo dizer que existe um lado desse programa em que você fica com raiva de si mesmo por reclamar tanto das coisas. A gente vê pessoas ali no palco que têm tão pouco, uma vida tão dura, mas tiram de letra algumas situações que são muito dolorosas.

E, às vezes, nós com muito mais estrutura não conseguimos passar tão bem, entende? A gente reclama muito de boca cheia. Eu saio de algumas gravações e digo: 'Que figura essa pessoa, que ser humano". O programa mexe com o emocional. Não tem como não mergulhar.

Qual o momento que você percebe que é preciso ir além e intervir em alguma situação do Casos de Família?

Violência doméstica é uma coisa que a gente não pode permitir. Já teve casos do cara falar que vai bater em mim. O que eu posso fazer é mandá-lo sair do programa, mas infelizmente ele não vai direto para a delegacia. A gente não tem poder de polícia. Se fosse nos Estados Unidos, a história seria outra.

Você se sente completamente impotente para certas coisas. Há mulheres que estão lá, que sofrem, e que nós sabemos que vão voltar com o agressor depois da gravação. Eu até já ofereci passagem fora do ar para a pessoa não voltar para perto, mas é muito difícil.

São mulheres que não puderam estudar, que dependem do homem para sobreviver, que tiveram filhos cedo, entendeu?

E muitas vezes não é uma questão de classe social…

E barraco nas classes altas é pior ainda. A pessoa menos privilegiada ainda se submete porque não tem opção. Se ela sair do barraco dela, vai morar onde? Às vezes realmente acham que em outros estratos sociais não acontece isso de desavenças, traição, desentendimento entre genro e sogra, o filho homossexual que a família não aceita, violência doméstica. Claro que existe!

Você tem uma relação muito sólida com o SBT e é um dos poucos artistas que fez o nome sem necessariamente passar pela líder de audiência. Mas e se pintar um convite da Globo?

Eu comecei no SBT quando ainda era TVS, então tem uma coisa de família. Eu estou feliz onde estou, mas obviamente que um convite é um carinho gostoso, um reconhecimento. Eu até já fiz alguns trabalhos na Globo na época em que era modelo, em Os Trapalhões (1977-1995).

A minha vida, porém, é no SBT. Nascemos e fomos juntos, entendeu? Agora, é legal ter desafios, mas isso pode vir até de dentro da emissora. Eu estou sempre aberta a coisas novas, visto a camisa do que eu faço.

Agora, nada é perfeito. Isso é uma coisa que a gente tem que colocar na cabeça. Nada é como você imagina ou como você gostaria que fosse. A vida é essa. Você se decepciona com uma coisinha aqui, outra ali. Só que a gente aprende a ver a vida por outro lado.


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