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O QUE ACONTECEU?

Carlos Cereto foi acusado outras vezes de assédio, mas Globo não agiu; por quê?

REPRODUÇÃO/SPORTV

Carlos Cereto, com uma blusa rosa, na redação da Globo em São Paulo

Carlos Cereto no SporTV: dispensado após 20 anos da Globo e com denúncias de assédio vindo à tona

GABRIEL VAQUER, colunista

vaquer@noticiasdatv.com

Publicado em 2/7/2021 - 7h00

Na quinta-feira (1º), o Notícias da TV noticiou com exclusividade que Carlos Cereto é pivô de um processo que a Globo enfrenta na Justiça do Trabalho por assédio. A emissora, que possui um Código de Ética e Conduta muito rígido, não agiu na ocasião. Após a publicação da reportagem, a TV afirmou que não tolera casos do tipo. Mas Cereto já havia sofrido outras denúncias do gênero na Ouvidoria da Globo por parte de colegas de emissora.

A coluna recebeu pelo menos outras duas denúncias de casos de assédio que teriam sido praticados por Carlos Cereto --que deixou a Globo após 20 anos. As duas histórias já são conhecidas na emissora. Uma delas envolve um grande nome do Esporte da Globo, que teve uma briga séria com o jornalista e não fala com ele desde então.

Os novos casos relatados são parecidos com o já abordado no processo. Cereto teria feito comentários constrangedores sobre colegas mulheres. Houve denúncia, mas a Globo nada fez na ocasião. O Notícias da TV falou com os envolvidos nos dois casos citados acima. Todos pediram que seus nomes não fossem revelados e preferiram não detalhar as acusações.

O que mais revolta profissionais neste caso é que denúncias foram feitas para o Compliance da Globo. Publicamente, é a segunda vez que esta lei da emissora é colocada em xeque. Em 2020, o caso com a humorista Dani Calabresa, que havia acusado Marcius Melhem de assédio, foi um exemplo de como a Globo não agiu bem em casos assim.

No caso de Carlos Cereto, o fato é ainda mais grave. Existem pelo menos três denúncias feitas sobre o assunto. Além disso, todos os fatos teriam ocorrido durante o período em que ele foi chefe de Redação do SporTV, em São Paulo, entre 2012 e 2015. Ou seja, seis anos antes de sua saída da Globo.

Globo promoveu Cereto após denúncias

Uma pessoa envolvida em uma das denúncias, ao conversar com a reportagem, disse que ficou mais triste ainda quando viu Carlos Cereto, em 2019, ganhar um programa próprio na hora do almoço do SporTV e se mudar para o Rio de Janeiro para apresentá-lo. O Acabou a Brincadeira, que tinha o nome de um bordão de Cereto, durou apenas um ano. Depois, ele se juntou a André Rizek no Seleção SporTV.

Além de não agir nas denúncias de maneira mais contundente, a Globo ainda promoveu Carlos Cereto para ser um de seus principais nomes no canal esportivo. Para quem sofre até hoje e entrou em depressão pelo que havia ocorrido, ver uma denúncia do tipo não ser levada a sério doeu bastante.

Procurada para falar sobre o caso de Carlos Cereto, a Globo enviou o seguinte comunicado: "A saída do jornalista foi uma decisão de gestão. Sobre a pergunta a respeito de compliance, a Globo não comenta assuntos da Ouvidoria, mas reafirma que todo relato de assédio, moral ou sexual, é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento. A Globo não tolera comportamentos abusivos em suas equipes e incentiva que qualquer abuso seja denunciado. Neste sentido, mantém um canal aberto para denúncias de violação às regras do Código de Ética do Grupo Globo".

Carlos Cereto afirmou para a reportagem que só soube do processo envolvendo a Globo pela reportagem do Notícias da TV e que não sabia de outras denúncias sobre ele. "Eu fui surpreendido com este material. Eu não sou réu da ação. A TV Globo, que é a ré, é quem tem que se manifestar", disse quando procurado.


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