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MANHÃS DE SETEMBRO

Liniker quebra estereótipos trans em nova série: 'Não está à margem da sociedade'

FOTOS: DIVULGAÇÃO/PRIME VIDEO

Cassandra (Liniker) no lado esquerdo e Gersinho (Gustavo Coelho) no lado direito em um ônibus

Cassandra (Liniker) e Gersinho (Gustavo Coelho) em Manhãs de Setembro, nova série do Prime Video

LUÍS FELIPE SOARES

luis@noticiasdatv.com

Publicado em 21/6/2021 - 6h25

O drama Manhãs de Setembro é protagonizado por uma mulher trans com trabalhos, vida amorosa e finanças estáveis, mas que passa por um momento turbulento quando descobre que tem um filho. Quem estrela a nova série nacional do Prime Video é a cantora Liniker, que aposta na quebra de estereótipos do projeto ao revelar um cotidiano comum. "A Cassandra não está encaixotada, não está à margem e nem em situação de olhar marginalizado", afirma.

A série marca a estreia da artista na atuação nas telas. Ela fez curso de teatro no passado, mas nunca esteve em uma grande produção. O lançamento está marcado para sexta-feira (25).

A trama gira em torno de Cassandra (Liniker), que passa por um bom momento. Ela consegue alugar um apartamento próprio pela primeira vez, trabalha como motogirl na região central de São Paulo, tem um namorado apaixonado e faz cover da cantora Vanusa (1947-2020) na noite.

As reviravoltas começam quando Leide (Karine Teles), com quem teve um relacionamento no passado, reaparece em seu caminho. A novidade é a existência de Gersinho (Gustavo Coelho), fruto do relacionamento de apenas uma noite e que quer conhecer o pai.

O projeto nasceu há pouco mais de dois anos, quando executivos da Amazon estavam no Brasil atrás de histórias a serem produzidas. O enredo se destacou pela complexidade dos personagens e pela jornada de Cassandra, marcada por fugir do cenário comum e falar sobre aceitação e possibilidades de amar, inclusive a si mesma.

"O que mais me atraiu no roteiro foi a possibilidade de criar um imaginário real de uma figura trans dentro da realidade de uma pessoa trans e preta. Poder construir uma personagem a partir da questão do afeto e da rede de amor que ela tem foi o que me chamou a atenção. Ter uma figura que tem uma casa e é uma travesti já é muito. Agradeço o pessoal do roteiro por humanizar ela", explica Liniker.

O time que escreveu a história é formado pela argentina Josefina Trotta (Amigo de Aluguel) e pelos brasileiros Marcelo Montenegro (Lili, a Ex) e Alice Marcone (Born to Fashion), uma mulher trans que acredita na representatividade que a série terá.

"Vejo que é possível ser e ver quem eu sou. Temos uma saúde mental complicada no dia a dia e ter uma complexidade humanizada pautada pelo afeto gera esperança. É importante para pessoas trans pretas se sentirem refletidas ali e para a sociedade toda saber de uma realidade marginalizada. Criamos, sim, uma inclusão e podermos mudar o mundo a partir disso", afirma a roteirista.

Para o diretor Luis Pinheiro (Garota da Moto), a atração ganha força como resistência e peça na contracultura atual. "Uma das coisas que o atual presidente disse era que iriam controlar falas e temas no audiovisual. E vemos que ainda temos espaço de liberdade para criar histórias onde validamos amores e personalidades plurais. A série atravessa a discussão sobre preconceitos ao falarmos de desafios de vida, de formação de família, de dificuldades do cotidiano. Isso passa um pouco a sensação de que estamos mais à frente", comenta ele, que divide a direção com Dainara Toffoli.

Cassandra canta Vanusa na trama

Conto musical

Além do drama pessoal da protagonista com sua realidade e o surgimento de um filho, Manhãs de Setembro tem nuances poéticas na conexão com a música. A presença de Liniker ganha força quando ela está no palco e solta a voz. Em vez de apresentar suas canções ou viajar pelo pop de Anitta e Pabllo Vittar, por exemplo, busca conforto e reflexão no repertório de Vanusa.

A Vanusa não é somente uma cantora em quem a Cassandra se inspira. Ela é um porto seguro, uma bússola. Cria uma relação bem familiar com a ídola, tanto que chegam a conversar em certos momentos. Essa conexão de cultura com que alguém que lida com o dia a dia de trabalho é especial e real. Para Cassandra, Vanusa dá colo e a protege de várias pequenas violências que sofre.

A artista revela que já admirava a veterana, mas diz que a série a fez se aproximar mais do legado musical da homenageada, inclusive da canção dos anos 1970 que inspirou o título do drama. A notícia da morte de Vanusa, em novembro de 2020, foi recebida com muita tristeza pela equipe no meio das gravações.

No meio de entendimento da personagem principal, a estrela da série acredita que conseguiu ter uma experiência diferente: "Minha música vem de um lugar, e essa linguagem da atuação vem de outro. A Cassandra me inspira e sua ligação com Vanusa me fez refletir sobre minha relação com meus fãs. Esse trabalho me ajudou a criar uma fortaleza profissional, me trouxe um chão diferente e dá um upgrade na minha carreira no sentido de mergulho artístico".

A trama apresenta o centro de São Paulo como um ponto plural, capaz de funcionar de abrigo para todas as realidades e diversos tipos de pessoas. Mas apenas as filmagens do alto e as cenas que acompanham a motogirl pelas ruas foram feitas na capital paulista. As gravações ocorreram no Uruguai, com parte do desafio da produção tendo sido enxergar a cidade em outro país.

"O background da série não é uma São Paulo de cartão-postal, mas focada no centro, nos prédios superpopulosos. Esse ambiente desgastado, mas que serve de abrigo para uma mistura, era o que imaginávamos. Em Montevidéu [capital do Uruguai], achamos lugares que cabem São Paulo, Rio de Janeiro, Havana. A cidade é uma personagem sem estar exposta e representa muito da protagonista", afirma o diretor Luis Pinheiro.

Manhãs de Setembro ainda conta com Thomas Aquino, Paulo Miklos, Clodd Dias, Gero Camilo e Isa Ordoñez no elenco principal, com figuras como Linn da Quebrada e Inara Dos Santos em participações especiais.

A temporada do drama tem cinco episódios, cada um com cerca de 30 minutos de duração. Veja o trailer:


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