ENRIQUE ARCE
Divulgação/Universal+

Enrique Arce vive o senhor Polan na série Matices, que estreia nesta sexta (15) no Universal+
Conhecido por interpretar o antagonista Arturo em La Casa de Papel (2017-2021), Enrique Arce agora vive um verdadeiro demônio na série Matices, que estreia nesta sexta-feira (15) no Universal+. Seu personagem, o senhor Polan, é machista, racista, islamofóbico e homofóbico. De cada cinco falas que profere, quatro ofendem alguém. "Se ele fosse uma pessoa de verdade, poderia ser presidente dos Estados Unidos", ironiza o ator.
A proposta da atração espanhola é provocativa por natureza: seis pacientes se reúnem em uma mansão isolada para um tratamento nada convencional com o psiquiatra Tomás Marlow (Eusebio Poncela), que envolve um ritual de ruptura e renascimento. Eles adormecem após beberem um vinho especial e, quando acordam, deparam-se com o especialista morto no escritório.
Todos se tornam suspeitos do crime e, conforme a polícia os investiga sobre o ocorrido, o público começa a descobrir o passado traumático de cada um deles, coisas tão horríveis que eles têm vergonha de assumir em voz alta. Polan e sua mulher, Teresa (Miriam Giovanelli), por exemplo, lidam com o suicídio da filha --mas a morte dela esconde um segredo muito mais sujo, que a reportagem não revelará para não estragar a surpresa.
É um tema tão pesado que, de acordo com Enrique Arce, outras atrizes cotadas para darem vida a Teresa recusaram o papel assim que descobriram o segredo dela. "Tinha uma tríade de mulheres que foram chamadas e falaram: 'Sem chance, não vou fazer isso'. E Miriam teve a coragem de encarar, trabalhou duro para entender a psique da personagem. É algo que exige muita coragem", valoriza o ator em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.
"Eu não ligo mais para isso, já interpretei muitos vilões, posso aguentar os golpes e o julgamento que virão do público. Mas ela é 13 ou 14 anos mais jovem do que eu, nunca tinha feito uma personagem dessas, com um tema tão complexo e moralmente errado, e topou mesmo assim. Então, eu a admiro por isso. E nós nos demos muito bem, estávamos em sintonia porque decidimos não julgar os personagens, mas apenas defendê-los e amá-los", aponta.
Defender o senhor Polan não é tarefa fácil. Afinal, além do passado sombrio, o personagem ainda solta impropérios quase toda vez que abre a boca. Arce explica como faz para justificar o impossível em cena. "Enquanto estou gravando, eu me transformo de verdade. Viro homofóbico, tenho preconceito de classe e contra muçulmanos, acredito que sou melhor do que os outros. Se eu julgar o personagem, já errei", resume o artista de 52 anos.
"Acho que acontece alguma coisa no meu cérebro, ou talvez eu seja assim por natureza, mas eu não julgo alguém como Polan. Eu não ligo. Ame, odeie, a vida é sua. E ele tem seus motivos para ser do jeito que é. Todas as minhas falas sobre gays e muçulmanos, eu falo com verdade, é 100% como eu me sinto naquele momento, eu os odeio de verdade. Não penso: 'Estou interpretando alguém que odeia gays e muçulmanos'. Eu os odeio! E aí o diretor diz 'corta', eu tiro a maquiagem e passo a me sentir de outra maneira", explica.
Para Enrique Arce, atuar é se entregar totalmente ao personagem no momento. "Se eu interpretasse Adolf Hitler [1889-1945], eu certamente odiaria judeus. Mas aí mudaria de opinião depois do 'corta'. É uma coisa muito louca, não sei se consigo explicar para alguém que não é ator", entrega.
"É quase como se eu tivesse dois cérebros, o meu e o dos personagens. Um fica desligado 23 horas por dia, ou 360 dias por ano. E aí, nos cinco dias em que ele é ativado, eu viro o personagem e tenho todos esses sentimentos horríveis. Se, em vez de cinco, ele ficasse ligado 365 dias, eu poderia ser o presidente dos Estados Unidos (risos)", provoca o artista.
Com oito episódios, a minissérie Matices pode ser vista no Universal+, disponível nas plataformas UOL Play, Prime Video, Claro TV+, Vivo Play e Meli+. O elenco também conta com Elsa Pataky, Maxi Iglesias, Juana Acosta, Hovik Keuchkerian, Fariba Sheikhan, Raúl Prieto e Luis Tosar, entre outros.
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