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DE BBB A DRAG RACE

Gays e ungidos, LGBTQs de Cristo viram carta na manga em reality shows

REPRODUÇÃO/VH1

A drag queen Utica com uma maquiagem escura, vampiresca, com cabelos ruivos em forma de chifre, e uma grande quantidade de tecido em forma circular ao redor da cabeça durante mini-challenge de Rupaul's Drag Race

A drag queen Utica na 13ª temporada de RuPaul's Drag Race; artista frequenta Igreja Adventista do Sétimo Dia

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 19/3/2021 - 7h10

Gilberto Nogueira deu um nó nas redes sociais ao revelar que Deus lhe soprou o número exato que o salvaria do paredão no último domingo (14) no Big Brother Brasil 21. Gay e evangélico, o brother nem imagina que não é o único a atiçar a curiosidade do público sobre a sua relação com a fé e a sexualidade --participantes LGBTQ+ "ungidos" têm pipocado com frequência em realities.

Em uma semana na qual o Vaticano proibiu a bênção ao casamento gay, a religiosidade de gays e bissexuais chama a atenção. E, entre elogios e críticas, não é de hoje que a atração da Globo aposta na diversidade para movimentar os debates e acender polêmicas dentro e fora do jogo.

Em 2005, Jean Wyllys, abertamente homossexual, levou R$ 1 milhão para casa e abriu espaço para que o grupo dos "coloridos" oficialmente fizesse parte das tribos do programa em 2010 --encarnados nas figuras de Serginho "Orgastic" Franceschini, Dicésar "Dimmy Kieer" Ferreira e Angélica "Morango" Freitas.

A participação em 2011 de Ariadna Arantes, primeira e única transexual a entrar no BBB, marcou uma nova etapa em que cada vez mais essa "sopa de letrinhas" seria expandida nas competições televisivas --a exemplo das drag queens Deena Love, do The Voice (2014), e Mina de Lyon, no Bake Off Brasil (2018), do SBT.

A Globo deu uma renovada na estratégia ao apostar, e acertar, na figura de Gilberto. O economista não esconde a sexualidade, chegou a dar o primeiro beijo entre dois homens no reality, mas também sente orgulho de seu trabalho como missionário na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias -- e sem varrer para baixo do tapete a homofobia que já sofreu na instituição.

Em conversa com Arthur Picoli, Gil já admitiu que não sabe como o Brasil vai entender que ele, ao mesmo tempo, seja gay, evangélico e "goste da cachorrada". A dúvida, porém, é a parte central de uma fórmula cada vez mais utilizada de juntar universos a princípio antagônicos e diametralmente opostos para gerar curiosidade e repercussão.

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Gilberto Nogueira do BBB21; brother é mórmon

Rainha de Cristo

Nem o RuPaul's Drag Race escapou de explorar as contradições entre fé, gênero e sexualidade ao escalar Utica Queen para o elenco de sua 13ª temporada. Em vez de boates ou concursos de beleza, o artista Ethan Mundt --figura por trás da personagem-- prefere trabalhar com recreação infantil.

A drag queen frequenta a Igreja Adventista do Sétimo Dia e já falou abertamente sobre seu apreço a Deus durante um dos primeiros desafios, em que as participantes deveriam escrever canções sobre as suas origens, personalidades e crenças.

Utica, inclusive, surpreende ainda mais por estar fora de um perfil conservador costumeiramente associado aos protestantes. Ela se mostra antenada com questões raciais, normalmente rechaçadas como "militância", a exemplo da recusa em usar cabelo afro ao imitar o pintor Bob Ross (1942-1995) no Snatch Game --brincadeira parecida com o Jogo dos Pontinhos do Programa Silvio Santos.

A competidora criou um chapéu com pelúcia de esquilos para evitar acusações de apropriação cultural. Em outro desafio, ela também deixou clara a sua preocupação ao precisar reproduzir um dos figurinos mais conhecidos de Ricas e Gloriosas (1997), considerado um marco da cultura negra no mainstream.


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