ANÁLISE
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Jade Picon e Gustavo Mioto: influenciadora e cantor serão atores em novelas verticais da Globo
A Globo anunciou oficialmente sua entrada no universo das novelas verticais, ou microdramas, que são histórias curtas e dinâmicas, pensadas para o consumo em celulares. A decisão marca um novo capítulo na estratégia da emissora, mas também escancara um detalhe importante: a líder de audiência chega a um terreno que já está consolidado, com produções independentes acumulando milhões de visualizações nas redes sociais.
Enquanto criadores e produtoras menores já vinham explorando o formato com grande sucesso, a Globo demorou (até demais) para abraçar a tendência. Séries curtas e verticais são fenômeno no TikTok, Instagram e YouTube, e até em plataformas independentes, onde narrativas de dois ou três minutos conquistam engajamento altíssimo.
Agora, a líder da TV aberta corre atrás do prejuízo, já que não agarrou a chance de ser pioneira no segmento no Brasil. Entretanto, apesar de ter quase perdido o timing, a Globo tem uma vantagem que ninguém mais tem: uma máquina de produção robusta, com nomes fortes, atores de peso e um legado exclusivo no meio das telenovelas.
Ao estrear nesse campo, a emissora traz os Estúdios Globo, com sua estrutura de produção, distribuição e mobilização publicitária. É justamente esse poder que pode transformar o que hoje é nicho em produto de massa, atraindo anunciantes e espectadores em escala muito maior do que qualquer concorrente nacional conseguiria.
O primeiro projeto anunciado foi Tudo Por uma Segunda Chance, que terá 50 episódios de até três minutos e será transmitido junto com atual a novela das sete, Dona de Mim.
A proposta é explorar uma narrativa transmídia, em que personagens da novela acompanharão os desdobramentos do microdrama, enquanto o público poderá assisti-lo nas redes sociais da Globo. Essa estratégia mostra que a emissora não pretende apenas replicar o modelo de sucesso das redes, mas integrá-lo à sua engrenagem televisiva.
Já no Globoplay, o destaque será Cinderela e o Segredo do Pobre Milionário, protagonizado pelo cantor sertanejo Gustavo Mioto. O microdrama terá degustação gratuita no YouTube e no próprio streaming antes de migrar para o catálogo pago.
A lógica reforça a estratégia comercial da Globo, que se inspira na que já foi utilizada por outras plataformas: com o apelo das redes, fisgar o público e depois transformá-lo em assinante, movimentando o produto dentro de uma engrenagem já consolidada de negócios.
A Globo pode até ter perdido a chance de sair na frente, mas tem fôlego para redefinir o jogo. O atraso pode se tornar irrelevante diante da capacidade de transformar microdramas em fenômenos culturais, assim como já fez em tantas outras ocasiões com gêneros narrativos.
Se a tendência até aqui era restrita a nichos digitais e projetos independentes, a chegada da emissora da família Marinho promete mudar de patamar. A Globo não entra no jogo apenas para participar: ela já chega com os dois pés na porta para tentar ditar as regras desse novo mercado.
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