FÁBIO DIAS
REPRODUÇÃO/TV GLOBO e INSTAGRAM

Fábio Dias como Amadeo em Terra Nostra (1999) e hoje: galã da novela da Globo virou empresário
Intérprete de Amadeo em Terra Nostra (1999), Fábio Dias não pretende voltar à televisão. Longe das novelas há 13 anos, desde que participou de Carrossel (2012), o ator afirma que viveu o auge da teledramaturgia brasileira e que hoje enxerga a profissão com outros olhos. Ele trocou os estúdios por uma vida estável como empresário do ramo de cosméticos e não tem mais interesse em papéis que considera "vazios".
"Não acompanho há muito tempo as novelas, mas vivi o auge da televisão brasileira, quando se cultuava bastante a questão do galã. É muito legal, eu faria tudo de novo, mas acho que falar de fama é vazio. Quem busca fama, não busca carreira. E hoje tem gente que busca fama com zero conteúdo e sem talento, isso em vários segmentos", afirma ele ao Notícias da TV.
O ator explica que sua decisão de se afastar da TV foi amadurecendo ao longo dos anos, especialmente quando notou a instabilidade da carreira artística. "Comecei a perceber alguns riscos no aspecto financeiro, as incertezas, as dificuldades do dia a dia de ser ator. Você fica longas fases em inatividade e não consegue planejamento. Faz um trabalho de sucesso e, depois de alguns meses, está desempregado", aponta.
Dias lembra que a virada aconteceu durante as gravações de A Casa das Sete Mulheres (2003), na Globo. Foi ali que ele percebeu que a indústria estava mudando. "Foi uma época em que a gente estava gravando uma cena em um navio, e do lado já estavam colocando o cenário do Big Brother. Ali me veio um insight: 'Isso aqui vai mudar tudo'", lembra.
"Percebi que mudaria o público, a preferência, o que assistir. A internet e o streaming estavam chegando fortes, e foi ali que eu acabei encontrando alguma outra coisa para fazer da vida", diz.
Apesar de ter deixado a atuação, o ator mantém carinho pelo público que ainda o reconhece por Terra Nostra. "Recebo uma quantidade imensa de perguntas todos os dias. Como primeiro grande personagem da minha carreira, acredito que fui muito bem. Poderia fazer melhor se tivesse mais experiência, mas entrei muito focado e fiz o que podia", avalia.
Hoje, Fábio se dedica à sua empresa de cosméticos, negócio que fundou após deixar a televisão. Ele conta que ainda recebe convites pontuais para retomar a carreira artística, mas não vê sentido em aceitar:
Às vezes alguns produtores me ligam, mas são personagens que não valem a pena. Passagens curtas, vazias. Hoje, tenho uma outra vida. Tive que pesar o que poderia construir e dar suporte para a minha família. Quando chega alguma proposta, é sempre muito ruim. Ninguém me oferece nada bom.
O ator também faz uma análise crítica sobre a televisão atual e o espaço que ela dá a novas figuras. "Muito do que era feito na década de 1990, início dos anos 2000, não é feito mais. As preferências, os gostos e os atores são outros. Aquela época foi o momento mais fantástico da televisão brasileira", opina.
"No pouco que eu vejo, escuto e leio, é perceptível que o nível caiu. Você vê hoje influencers sem conteúdo nenhum, somente com seguidores, e que são escalados para fazer novelas", acrescenta.
O ex-ator defende que os artistas busquem estabilidade fora da carreira artística para não caírem no limbo da falta de emprego. "Todo mundo tem que ter uma outra profissão, uma outra segurança", aconselha.
"Não são todos que têm uma carreira longa e de estabilidade. É muito pouco espaço para muita gente querendo, e tem muitas pessoas que são boas. Hoje, eu consigo ter qualidade de vida. Como ator, isso eu não ganharia jamais. Dificilmente um ator fatura o que uma empresa do nível da nossa chegou", conclui Fábio Dias.
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