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BOLHA VAI ESTOURAR?

Da Globo a Gusttavo Lima: Investir em bets dá dinheiro e ainda mais dor de cabeça

JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO

O ator Murilo Benício com uma camisa do Flamengo como Tufão em cena de Avenida Brasil

Tufão (Murilo Benício) joga futebol em Avenida Brasil (2012); Globo está de olho em apostas online

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 27/9/2024 - 6h10

Com receitas invejáveis, o mercado de apostas esportivas passou a chamar a atenção até mesmo de players com pouca ou praticamente nenhuma afinidade com o setor. Globo e SBT, por exemplo, querem criar as próprias bets para ajudar a reverter a queda de receita causada pela atual crise de audiência da TV aberta. O momento, porém, não é dos melhores.

O cantor Gusttavo Lima foi um dos primeiros a sofrer consideráveis prejuízos --sobretudo à sua imagem-- ao investir no setor. Ele chegou a ter a prisão decretada dentro da operação Integration por supostamente ter facilitado a fuga de donos da Vai de Bet do país.

O próprio sertanejo já apontou que tem uma "vida limpa" e ressaltou que vai tomar as medidas cabíveis para recuperar a sua reputação, que até aqui nunca tinha sofrido grandes abalos.

Com o episódio, uma nova questão entra na mesa de negociação para a criação de novas bets: até que ponto compensa comprometer a imagem para investir em um negócio que é cada vez mais eticamente questionável? Uma questão que, como o Notícias da TV já adiantou, dá dor de cabeça nos bastidores da Globo.

Uma nota técnica do Banco Central (BC) divulgada na quarta (25) mostra como o governo está preocupado com o que o ministro Fernando Haddad chamou de "nova epidemia". Os brasileiros gastaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões com apostas esportivas via pix --dos quais R$ 3 bilhões vieram de pessoas que são beneficiárias de programas sociais como o Bolsa Família.

A instituição está gravemente preocupada com os danos que as bets podem causar justamente aos que estão em vulnerabilidade financeira. O economista Roberto Campos Neto, presidente da autarquia, chegou a apontar que o crescimento da inadimplência entre as classes mais baixas pode estar diretamente ligada aos avanços dos sites de apostas.

Governo quer colocar fim à farra

O caso é tão preocupante que o vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu às pressas com representantes dos ministérios da Fazenda, da Saúde e da Justiça para discutir a regulação das bets na terça (24). Uma das propostas é adiantar a proibição do uso de cartões de crédito para apostas esportivas, algo que já estava previsto para janeiro de 2025.

A medida é defendida também por representantes do varejo, que publicaram um manifesto na semana passada alertando que o aumento dos gastos com jogos estaria drenando recursos antes destinados a bens e serviços.

O temor é compartilhado com o setor bancário, preocupado com o endividamento da população e o crescimento da inadimplência, que poderiam levar a um encarecimento do crédito no país.

O veto ao uso dos cartões de crédito em bets já foi defendido publicamente por Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) --instituição que representa as maiores instituições financeiras do país, como Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil.

Regulação vai tirar recursos das bets?

Além da proibição dos cartões de crédito, já circula no Congresso um projeto que também proíbe contas que recebem programas sociais de gastar recursos com apostas esportivas. Ou seja, uma considerável fonte de recursos para as bets vai secar.

Outro ponto que pode diminuir os lucros do setor com a regulação é a carga tributária, já que se defende alíquotas bastante pesadas, conhecidas como "imposto do pecado" --as mesmas previstas na Reforma Tributária para bebidas alcóolicas e o tabaco.

Com a regulação, podem vir ainda restrições à publicidade, como também acontece com a indústria de cigarros. Um cenário que já não é mais tão atrativo quanto o atual para quem quer se tornar ou ter a própria bet.

Não foi à toa que a Arena Esportiva anunciou na quarta que não atuaria mais no Brasil. A empresa de apostas, que tinha Davi Brito como embaixador, discordou das novas regras impostas pelo governo. Com isso, o campeão do BBB 24 perdeu a única publicidade que havia fechado desde o reality.

Globo enfrenta resistência interna

Como o colunista Daniel Castro revelou com exclusividade no Notícias da TV, o Grupo Globo já enfrenta constrangimento nos bastidores pelo acordo com a MGM Resorts --uma das maiores operadoras de cassino do mundo– para explorar as apostas online.

Apesar de não existir nenhuma orientação específica, jornalistas estão se sentindo constrangidos e temem propor reportagens sobre um tema que está se transformando em um problema social, que é o aumento do número de pessoas viciadas em jogo no Brasil.

Há também aqueles que se sentem incomodados com possíveis impactos que a exploração de cassino online possa causar na imagem da emissora e de seus colaboradores. Eles não querem ser associados com a jogatina.


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