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UPFRONT 2026

Piadas contra a Band e Beleza Fatal causam desconforto na cúpula da Globo

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Homem de cabelos grisalhos e barba aparada segura um microfone e encara o público com expressão séria. Ele veste terno escuro e camisa branca, com iluminação azul no fundo do palco

William Bonner no UpFront 2026 da Globo na segunda-feira (13): cutucadas na concorrência

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 15/10/2025 - 6h10

Repercutiram mal na cúpula da Globo os comentários depreciativos feitos pela Globo contra a Band e a novela Beleza Fatal, da HBO Max, no UpFront 2026, evento em que a emissora anunciou ao mercado publicitário novidades de sua programação para o próximo ano. De acordo com fontes muito bem posicionadas, integrantes da alta gestão não gostaram da forma com que os concorrentes foram tratados. Para eles, a Globo "passou recibo".

A Band foi alvo de uma fala irônica de William Bonner ao anunciar o retorno da Fórmula 1 à líder de audiência na TV aberta. "No ano que vem, a Fórmula 1 está na Globo. E vocês sabem o que é Fórmula 1 ainda, né? Porque saiu da Globo... Fórmula 1 é um esporte interessante", disse pausadamente o jornalista, que deixa o Jornal Nacional em novembro, sugerindo que o esporte desapareceu enquanto esteve na Band.

A rede da família Saad também levou uma alfinetada da chef Renata Vanzetto. Ao anunciar a segunda temporada do reality culinário Chef de Alto Nível, ao lado de Ana Maria Braga, ela disparou: "Para vocês terem uma proporção, um episódio nosso deu mais audiência do que todas as temporadas do MasterChef juntas".

O UpFront 2026 reuniu estrelas da Globo e anunciantes e agências de publicidade no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, na segunda-feira (13). Foi transmitido ao vivo no site Globo Ads.

Logo no início do show, a Globo rangeu os dentes para a HBO Max. Ao enaltecer os números de audiência de Vale Tudo, o ator Eduardo Sterblitch se referiu à vilã Lola, personagem de Camila Pitanga em Beleza Fatal, como "Bebel da 25 de Março". Para quem não conhece, a 25 de Março é uma rua de São Paulo em que se compram produtos baratos e falsificados.

Realizada com talentos que a Globo dispensou nos últimos anos (Silvio de Abreu, Monica Albuquerque, Raphael Montes, Camila Pitanga, Camila Queiroz, Giovanna Antonelli, Marcelo Serrado, Caio Blat...), Beleza Fatal foi tema de reuniões no conselho de gestão da Globo no início de 2025.

Os Marinhos não gostaram de ver na concorrência uma novela repleta de globais, com um padrão até melhor do que o da própria Globo. Chegou-se a discutir a recontratação de alguns medalhões a longo prazo.

Como reagiu a diretora de Beleza Fatal, Maria de Médicis, a Globo "sentiu". A novela da HBO foi um fenômeno para os parâmetros do streaming. Conquistou um público que fez barulho nas redes sociais, dominou as discussões em um momento em que a Globo tinha BBB (que já não é mais aquele...) e a flopadíssima Mania de Você (2024).

A piada no UpFront não pegou bem porque a própria Globo reconhece, internamente, que Beleza Fatal foi um case. Não precisava depreciar esse sucesso com o argumento do alcance de maior público que a Globo apresenta. A proposta de Beleza Fatal era atingir o assinante premium do streaming. A de Vale Tudo, atingir o maior número possível de pessoas em qualquer canto do país.

Dentro e fora da emissora, muita gente estranhou o comportamento. Quando era piada em cima da RedeTV!, fazia parte do contexto de humor. No UpFront 2023, Tatá Werneck fez um comentário sugerindo que a concorrente não tinha dinheiro para exibir uma grade de programação. Além disso, a humorista havia processado a RedeTV! Com Band e HBO, então a coisa muda de figura. São marcas mais simpáticas, inclusive para o mercado publicitário.

O UpFront 2026 teve um saldo ruim para a Globo porque as conversas no "day after" não foram as novas novelas (das quais se mostrou muito pouco e se tentou vender até a alma, incluindo a história) e o programa de Eliana, mas as cutucadas na Band e na HBO.

O evento deixou transparecer que a rede dos Marinho anda meio nervosa, insegura. Apresentou números gigantes de alcance e impacto e reafirmou o tempo todo sua relevância como maior produtora de entretenimento e jornalismo do país, como se quisesse evocar os já distantes tempos em que era hegemônica.

Curiosamente, a Globo distribuiu cutucadas em concorrentes que não fazem frente a ela. Mas não bateu naquele que realmente tira o sono dos executivos da empresa: o YouTube, que já detém mais de 20% do consumo de vídeo em residências (televisores mais celulares), enquanto a emissora luta para se manter acima dos 30%. Talvez porque saiba que poderia começar uma troca de chumbo que poderia machucá-la de verdade.


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