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VITORIOSOS E FAMOSOS

Com Olimpíadas, atletas se expõem ao efeito BBB e pagam preço da fama

REPRODUÇÕA/INSTAGRAM

Montagem de fotos com os atletas olímpicos Rebeca Andrade, Ítalo Ferreira e Rayssa Leal

Rebeca Andrade, Ítalo Ferreira e Rayssa Leal ganharam medalhas e seguidores nas Olimpíadas

VINÍCIUS ANDRADE

vinicius@noticiasdatv.com

Publicado em 30/7/2021 - 6h45

Ápice da trajetória de atletas de alto rendimento, os Jogos Olímpicos proporcionam disputas épicas, grandes histórias e conquistas de medalhas. Mas não é só isso. No evento que acontece em 2021, a união da exposição diária dos competidores na TV com o interesse por acompanhar o profissional na web transformam os atletas em influenciadores digitais. Um efeito semelhante ao que acontece no BBB.

Não por um acaso a skatista Rayssa Leal e o jogador de vôlei Douglas Souza já foram comparados com Juliette Freire e Gilberto Nogueira, a advogada e o economista que entraram anônimos no reality show da Globo e saíram do confinamento disputados por marcas para campanhas digitais e na TV, além de aparecerem na lista de celebridades de maior influência do Brasil.

Rayssa, Douglas Souza, Rebeca Andrade, Kelvin Hoefler e Ítalo Ferreira não eram desconhecidos quando chegaram em Tóquio, pois já acumulavam conquistas em seus respectivos esportes. No entanto, eles não tinham o status de estrelas nacionais.

A skatista que conquistou a medalha de prata aos 13 anos somava 600 mil fãs no Instagram ao chegar nas Olimpíadas. Passou de 1 milhão antes da final e atualmente conta com mais de 6,1 milhões de seguidores --Marta Silva, craque da seleção feminina de futebol, tem 2,5 milhões. Na conta no Twitter, criada neste mês, a fadinha tem 365 mil usuários que a acompanham. O TikTok aparece com 3 milhões.

O também medalhista Kelvin Hoefler contava com menos de 300 mil fãs no Insta antes de chegar em Tóquio --esse número foi quase triplicado nos últimos dias, quando ele ultrapassou os 820 mil.

Rebeca Andrade, prata na ginástica artística das Olimpíadas, mais do que dobrou o tamanho de sua audiência na rede social depois de subir no pódio na manhã de quinta-feira (29): saltou de 500 mil para a casa do milhão. Como comparação, Diego Hypólito, que participou dos Jogos em 2008, 2012 e saiu com uma medalha de segundo lugar em 2016, tem 575 mil usuários que o acompanham no Instagram.

Para Alexandre Bessa, professor de Canais Digitais da ESPM, os atletas que conquistam seguidores de forma repentina precisam profissionalizar o uso das redes sociais e entender que a conta passou a ter a força de um veículo de comunicação.

"Você tem uma capilaridade muito grande, está falando com um público muito diverso, a sua audiência é muito grande. Você acaba virando um veículo, um canal. E o produto que esse veículo tem o potencial de vender é o contato com a audiência. Eram pessoas que eram 'normais' ou estavam no começo de um crescimento e de repente despontaram", explica o especialista.

Thiago Cavalcante, especialista em negócios digitais e sócio da Inflr, startup especializada em marketing de influência, indica que um influenciador digital considerado médio tem entre 500 mil e 2 milhões de seguidores, com ganhos que podem variar de R$ 3 mil a R$ 120 mil por publicação patrocinada, de acordo com o nível de exposição e engajamento.

Preço da fama

Se por um lado existe o benefício de uma exposição maior, com possibilidade de novos patrocínios, publicidade digital e uma força nas mensagens que se quer passar, também há o ônus da cobrança.

"Como você está falando com muita gente, invariavelmente se você tocar em assuntos delicados, como política ou posições pessoais, você vai ter a criação de haters. Você tem que passar pelo processo de descolar o que é a pessoa física (que tinha uma rede com pouco alcance) do que os outros pensam que você é por conta da fama", reforça Bessa, que complementa:

O atleta virou uma celebridade e tem esse lado negativo da celebridade, de querer responder pra todo mundo e não conseguir, algo que antes você conseguia, das pessoas fazerem críticas a respeito do que você fala, do que você veste, do que você come, de quem você é. De você se expressar de uma forma e entenderem de outra forma. Tudo o que acontece numa rede social acontece em uma escala muito maior quando você tem milhões de seguidores. Esse é o grande drama. Tudo é visto e você acaba vivendo em função do engajamento que você vai ter, se você optar por continuar alimentando isso.

Douglas Souza, da seleção de vôlei masculino, foi o primeiro atleta que deu o indício que essas seriam as Olimpíadas que os brasileiros se conectariam com os atletas por curtidas nas redes sociais. O ponteiro desembarcou no Japão com 250 mil seguidores no Instagram. Após vídeos divertidos na vila olímpica e nos treinos viralizarem, ele se tornou o queridinho da web: atualmente, são mais de 3 milhões de fãs. Assista a um dos conteúdos abaixo:

O sucesso começou a chamar a atenção de celebridades como Camilla de Lucas e do diretor J.B. Oliveira, o Boninho, que o convidou para participar do BBB22. O novo futuro influenciador digital assinou contrato com a Mynd8, agência que conta com Preta Gil entre seus sócios e é a responsável por administrar contratos publicitários de famosos como Gil do Vigor, Fiuk, Gkay, Felipe Castanhari e Cleo.

Até mesmo Ítalo Ferreira, que já havia conquistado o campeonato mundial de surfe em 2019 e superado a marca de 1 milhão de seguidores antes de Tóquio, ficou ainda mais famoso com a medalha de ouro e a exposição em TV aberta. Nas primeiras interações após o título olímpico, o nome do atleta solteiro começou a aparecer associado aos de Rafa Kalimann e Juliette Freire, possíveis pretendentes do campeão.

Atualmente, Ferreira conta com 2,3 milhões de fãs --ainda bem menos que o nome mais pop da modalidade: Gabriel Medina saltou de 8 milhões para mais de 9 milhões de usuários em sua página no Instagram depois das Olimpíadas.

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Yasmin e Medina: vida de atleta e influenciador

Atletas e influenciadores

Medina é um exemplo de atleta fora do futebol e do basquete, modalidades já conhecidas pelos astros, que tem uma vida de influenciador digital. Casado com uma mulher famosa, Yasmin Brunet, "parça" de Neymar, queridinho de campanhas publicitárias e com a família envolvida em polêmicas, ele não é uma figura pública apenas quando está em ação no surfe.

Para Alexandre Bessa, mesmo com os riscos que podem envolver a fama e um alcance expressivo nas redes sociais, os atletas que conquistaram seguidores durante as Olimpíadas podem e devem continuar com um trabalho específico para a web.

"É um poder grande que foi dado para esses atletas, e espero que eles saibam manter. Como manter? A minha sugestão é chamar uma pessoa especializada que cuida de redes sociais, se manter íntegro à sua pauta, fazer um planejamento junto com essa pessoa. Assim como a gente teve a exposição do Big Brother e muito gente acabou sendo patrocinada depois, vai acontecer isso com os atletas que estão despontando", defende o especialista.

Nos próximos meses, a tendência é que Rayssa, Douglas Souza, Rebeca Andrade, Ítalo Ferreira e outros nomes apareçam em comerciais na TV e inundem seus respectivos perfis com "publis".

"O Douglas está muito presente no TikTok, assim como a Rayssa. Cada um deles tem um tipo de linguagem, e o tipo de engajamento que se consegue é diferente, mas é sempre por meio do conteúdo original, conteúdo que transparece e cativou essas pessoas em primeiro plano, senão eles vão perder essas pessoas", afirma o professor da ESPM.


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