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EXCESSO DE ESTÍMULO

Decoração caótica no BBB 22 tem objetivo claro: 'Desconforto emocional'

Fotos: Sergio Zalis/TV Globo

Decoração da casa do BBB 22 tem excesso de cores vibrantes, formas geométricas e estampas

Sala estampada da casa do BBB 22: decoração foi pensada para estressar participantes do reality

LUIZA LEÃO

luiza@noticiasdatv.com

Publicado em 25/1/2022 - 6h45

A decoração caótica da casa do BBB 22 não foi escolhida à toa nem por uma mera questão estética. As cores exageradas e as estampas em excesso são aliadas da produção no aumento do estresse mental dos participantes. E é esse desconforto emocional que ajuda a ampliar brigas e as discussões dentro do confinamento.

De acordo com o psiquiatra Jairo Bouer, tudo no Big Brother Brasil é pensado para deixar o participante desconfortável: as dinâmicas, as competições e até mesmo o local onde o elenco mora. Isso move o programa e ajuda a criar as narrativas que vão cativar o público.

"A grande intenção é gerar conflito, é gerar tensão. Essa exuberância de cores, de estímulo, também faz isso, né? É mais difícil eu me acalmar, é mais difícil eu parar para refletir, é mais difícil eu ser zen em um cenário desses. Acho que é uma tentativa de oferecer mais um fator que pode gerar estresse, tensão, conflito", pontua o médico.

Decoração da cozinha vip da casa

Assim como o excesso de cores, a ausência delas também pode ser um fator de estresse para quem está em confinamento, como ocorreu na edição de 2020 do BBB. Naquele ano, Felipe Prior, Gizelly Bicalho e Manu Gavassi ficaram em um quarto totalmente branco e usando roupas brancas.

Era tipo um show de horrores. Você fica num quarto fechado, não sabe se é dia, se é noite. Você perde as referências, né? Tanto a ausência total de cor e a perda de referência, quanto o excesso de referência, de estímulo, de cor, eu acho que são estratégias para tentar gerar uma instabilidade emocional.

Em 2009, quando foi usado pela primeira vez, o cômodo monocromático virou alvo de uma investigação do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. Na ocasião, o órgão apurou se houve tortura com os três participantes da atividade.

Projetando o caos

Na hora de decorar a casa de uma pessoa e selecionar os melhores objetos, revestimentos, cores e texturas, uma das primeiras coisas que se leva em consideração é o bem-estar do proprietário. Na casa do BBB22, a intenção com a decoração é provocar justamente o oposto, conforme analisa Jairo Bouer. Mas como será que os profissionais responsáveis pela casa do reality planejaram o caos?

A arquiteta Carolina Quintella explica que o maior pecado cometido, ainda que intencionalmente, é o exagero. "Os quartos têm excesso de informação em todos os detalhes: colchas e carpetes são muito estampados. As paredes têm várias estampas, cores, formas. Aquilo tudo é para causar o extremo de irritação no estado de espírito dos participantes."

"E vou além: a iluminação também contribui. Quando você vê aquele excesso de luz, não é só para a casa ficar visível para as câmeras, mas também é para potencializar o estresse", detalha a especialista.

Quarto lollipop: cores prejudicam sono

Segundo a arquiteta, a psicologia das cores explica como elas têm influência direta no estado de espírito das pessoas. "A cor vai causar sensações como fome, tranquilidade, consumo... Quando você pensa em um hospital, você pensa em cores suaves. Fast foods são sempre com cores vibrantes, que é para instigar a fome e causar pouco conforto, para o cliente comer mais, se sentir desconfortável e ceder espaço para outra pessoa", exemplifica Carolina.

É por isso que o Big Brother causa praticamente um filme de terror mental nos participantes ao brincar com o exagero de todos os elementos. "Quando a gente projeta, é para atingir um equilíbrio. Lá, é o inverso", pontua a profissional de Arquitetura.

"Para mim, os piores ambientes em termo de informação são os quartos. Porque é exatamente o lugar em que você precisa relaxar, e eu tenho certeza de que os participantes têm dificuldade para dormir e pegar no sono pela quantidade de informação. Lá fora também tem exagero de cores, mas a área verde e a maior quantidade de espaço amenizam todo aquele caos interno", defende a arquiteta Carolina Quintella.


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