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ROSTO NOVO

Anitta: Médicos apontam quando mudanças estéticas viram motivo de alerta

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Foto do rosto de Anitta

Anitta em foto publicada no Instagram; cantora passou por novos procedimentos estéticos

GABRIELA RODRIGUES

gaby@noticiasdatv.com

Publicado em 5/7/2025 - 21h00

Nos últimos dias, Anitta voltou a movimentar as redes sociais após passar por novos procedimentos estéticos no rosto. A transformação da cantora de 32 anos dividiu opiniões e fez com que muitos internautas debatessem sobre os limites da "busca pela perfeição". 

O Notícias da TV conversou com um psiquiatra e um cirurgião plástico para entender quando mudanças físicas se tornam motivo de alerta e também o papel desses profissionais ao lidar com pacientes que desejam passar tanto por cirurgias de maior risco quanto por intervenções menos complexas. 

Wendell Uguetto, cirurgião plástico da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), destaca que não há problema em realizar procedimentos estéticos, desde que sejam feitos por especialistas preparados para isso. Ele, no entanto, alerta que, em alguns casos, passar por intervenções cirúrgicas frequentemente pode resultar em problemas físicos e emocionais. 

"A segunda intervenção cirúrgica é sempre mais difícil, a terceira mais ainda, e a quarta mais difícil ainda, já que toda a anatomia da região está transformada. Fazer procedimentos subsequentes aumenta muito o risco de complicações, como lesões no nervo do rosto, necrose de pele e assimetrias e deformidades", explica. 

A gente vê muitas pessoas que começaram a fazer vários tipos de procedimentos e estão com o rosto deformado. Em algum momento, vai acontecer algum tipo de deformidade. Um exemplo clássico é o nariz do Michael Jackson [1958-2009]. O nosso papel é informar e, muitas vezes, frear o paciente e falar: 'Acho que é demais, você não precisa'. 

"Acho que o primeiro passo [antes da cirurgia] é entender o desejo do paciente, o que o motivou a fazer isso. É uma vontade dele ou motivada por outras pessoas, mídias sociais e artistas? Ele precisa mesmo disso? Vai ter benefícios efetivos em relação à cirurgia? Tem que tomar cuidado também para não cair nas mãos de profissionais errados, que estão preocupados apenas com a questão financeira", acrescenta Uguetto.

Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), reforça a fala do colega sobre a liberdade das pessoas em recorrerem às cirurgias plásticas, mas não deixa de pontuar os riscos psicológicos que podem ocorrer quando o paciente perde a noção.

"Fazer procedimentos estéticos pontualmente não é um problema, não é um problema psicológico. Às vezes, é algo que incomoda há muito tempo, ou a pessoa quer ter uma aparência mais jovem, reduzir questões de imagem que não gosta. Tudo isso é perfeitamente normal. Quando se torna um risco? Quando a pessoa tem uma insatisfação crônica com a autoimagem."

Isso pode evoluir para um transtorno dismórfico corporal, que é uma condição psiquiátrica na qual a pessoa desenvolve uma obsessão com os defeitos que tem, e não tem o que faça a pessoa ficar satisfeita. A pessoa também pode estar sofrendo com baixa autoestima, e essas correções mascaram essa situação. É algo que tem a ver com o psicológico.

De acordo com o profissional, há ainda uma espécie de dependência, de validação das pessoas que têm o corpo como meio de tornar possível essa aceitação social. "A gente sofre bastante com isso, adolescentes sofrem, até faz parte da formação da personalidade, a aprovação social é importante nessa fase. Mas quando a pessoa leva isso para toda uma vida, isso pode gerar um ciclo sem fim", observa. 

O psiquiatra explica que pessoas públicas como Anitta tendem a sofrer com uma cobrança maior para estarem sempre impecáveis, esteticamente falando. A exposição faz com que algumas celebridades se sintam obrigadas a aparecerem cada vez mais jovens, mais magras e sem marcas naturais de expressão. 

Essa pressão pode fazer com que a pessoa veja nos procedimentos estéticos uma normalização. É uma estratégia de manutenção de carreira, mas que pode gerar um grande sofrimento psíquico. As redes sociais amplificam isso. É o problema de a pessoa ser pública. Existe a comparação com corpos ditos perfeitos.

"Ela é uma formadora de opinião. Eu acredito, honestamente, que, em alguma medida, essas celebridades têm responsabilidade [pelo que passam para o público]. Quando elas expõem com glamour as suas transformações, acabam criando nas pessoas um modelo de desejo, principalmente nos jovens, que são psicologicamente mais vulneráveis."

Scocca ainda aponta que é papel dos profissionais de saúde alertarem os pacientes sobre os exageros dos procedimentos estéticos. Em situações mais complexas, é importante também cuidar da saúde mental de quem apresenta tendência a ter um transtorno dismórfico corporal

Pode ser fundamental a intervenção de um psicólogo ou um psiquiatra, eu trabalho com muitos cirurgiões. Em alguns casos, eles vão precisar dizer 'não'. Claro que deve ser difícil dizer 'não' para a Anitta. Mas há quem não tenha nenhum problema em dizer 'não' quando percebe que a situação está extrapolando. Ela tem toda uma assessoria, imagino que tenha um cuidado psicológico. Espero que tenha, pois é importante.

"É motivo de alerta quando a motivação de mudar não vem de uma vontade consciente, mas de uma angústia persistente. Melhorar a aparência não é errado, mas é perigoso quando vira a única fonte de valor pessoal. A natureza é mutável, nós envelhecemos, nós mudamos. O ser humano não é simétrico, tem manchas de pele, tem a boca mais fina ou mais grossa... Nem toda insatisfação se resolve com bisturi. Muito cuidado!", completa o psiquiatra. 

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