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Na HBO

Série sobre HQ analisa sentimentos e vícios e traz alfinetada de cartunista

Divulgação/HBO

O cartunista Angeli em entrevista para a série documental HQ - Edição Especial, da HBO - Divulgação/HBO

O cartunista Angeli em entrevista para a série documental HQ - Edição Especial, da HBO

FERNANDA LOPES

Publicado em 14/7/2016 - 5h17
Atualizado em 14/7/2016 - 10h30

As tirinhas publicadas nos jornais todos os dias não costumam ter mais de três ou quatro quadrinhos, mas envolvem horas de trabalho, frustrações, pesquisa e um intenso processo de criação. É isso o que a nova série da HBO, chamada de HQ – Edição Especial, mostrará semanalmente a partir desta quinta-feira (14), às 23h. Cada um dos dez episódios exibe biografias dos cartunistas mais importantes do Brasil, como Laerte, Ziraldo e Lourenço Mutarelli, que têm estilos completamente diferentes. Angeli, numa alfinetada, admite que não se identifica com o trabalho de Maurício de Sousa.

"Nunca foi um projeto meu morrer fazendo qualquer personagem. Fiquei com medo de ser como o Maurício [de Sousa]. A [revista] Turma da Mônica Jovem é comércio, faz parte da orquestração comercial [do mercado editorial]. Sempre pensei o personagem como retrato de uma época e ponto final. Penso, construo e mato os personagens na hora em que eu quiser", diz, no quarto episódio da série.

Aos 59 anos, o criador de figuras famosas dos quadrinhos, como Rê Bordosa, Wood & Stock, Walter Ego e Bob Cuspe parece desapegado de sua obra, mas reconhece que os personagens tiveram papel fundamental em sua vida pessoal, atribulada devido ao vício em drogas desde a adolescência.

"Todos os personagens são uma forma de ajudar a minha personalidade. [São como] Terapia. Cheirei cocaína durante muito tempo. O mundo está caindo, você acende um baseado e dá risada. Sem o cigarro, parece que não completei a ideia [do quadrinho]. Fui amigo de todas as drogas", revela.

Em 2016, após 33 anos de contribuição diária com tirinhas para o jornal Folha de S.Paulo, Angeli reduziu a produção _que já não vinha muito inspirada, excessivamente baseada em "esboços". Hoje, ele tem suas charges publicadas apenas duas vezes por semana e ainda luta contra a depressão que teve há três anos. Com ajuda do médico Drauzio Varella, o desenhista adotou hábitos mais saudáveis, como fazer caminhadas e fumar menos. "Estou com perda de memória, déficit de atenção. Envelhecer é uma merda", lamenta.

Divulgação/HBO

O escritor e desenhista Ziraldo, um dos perfilados na série documental HQ - Edição Especial

História e renovação

HQ – Edição Especial utiliza longas entrevistas e imagens das obras dos cartunistas para traçar um perfil da trajetória dos quadrinhos no Brasil. Os próprios desenhistas ajudam a contar a história do país através de seus trabalhos. Ziraldo tinha que se superar para conseguir driblar a Ditadura Militar (1964-1985) com seus desenhos, e Angeli fez sucesso com personagens inspirados em tipos humanos que conheceu na São Paulo dos anos 1980, por exemplo.

Em ordem cronológica, a série aborda no primeiro episódio o início do mercado editorial para quadrinhos no século 20, e termina com um panorama do cenário atual da HQ. Com depoimentos de desenhistas expoentes, como Fábio Moon e Gabriel Bá, a atração analisa como as produções dos veteranos influenciaram o traço dos desenhistas novatos.

"A [minha] fórmula gráfica e de construção de piada é usada por outros cartunistas. É certo, eu também utilizei fórmulas de outros, ainda utilizo. Mas não me permito fazer o que eu já fiz. Me imponho a necessidade de renovar", conclui Angeli.

Dirigida por Angelo Defanti, a série documental HQ - Edição Especial é uma parceria da HBO com a produtora RT Features.


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