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INTRIGA REAL

Poder e emprego: O que está por atrás da acusação de racismo contra Paulo Betti

Fotos: Divulgação/TV Globo

Os atores Milton Gonçalves, Jorge Coutinho, Hugo Gross e Paulo Betti estão envolvidos em disputa sindical - Fotos: Divulgação/TV Globo

Os atores Milton Gonçalves, Jorge Coutinho, Hugo Gross e Paulo Betti estão envolvidos em disputa sindical

ANA CORA LIMA

Publicado em 19/6/2019 - 6h20

Poder, garantia de emprego e privilégios dentro da classe artística. Esses são os principais motivos que trouxeram a público uma disputa que vem dividindo a classe artística e já chegou aos tribunais, com o ator Milton Gonçalves acusando o também veterano Paulo Betti de racismo.

Os dois funcionários da Globo concorrem, em chapas distintas, à presidência do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro, o Sated. A eleição será nos dias 29 e 30 de junho e 1º de julho.

No ar em Órfãos da Terra, Paulo Betti está sendo acusado de racismo por Milton Gonçalves, Jorge Coutinho e Cosme Silva por conta de uma mensagem no grupo de WhatsApp chamado Profissão Artistas.

"A atual diretoria do sindicato está lá há muito tempo e tem uma forte representação negra com Jorge Coutinho e o grande Milton Gonçalves, além do querido Cosme, isso complica bastante a luta, pois pode confundir as coisas. Daí a importância de conversarmos", escreveu Betti, um dos líderes da Chapa 2 (Renovação e Transparência), da qual fazem parte Tonico Pereira e Julia Lemmertz, entre outros.

"A questão racial não tem nada a ver até porque todo mundo agora já teve acesso às mensagens do Betti e viu que elas saíram completamente de um contexto sindical. Esse confusão toda é fruto de uma tentativa da situação de vencer a eleição, se colocando como vítimas. Simplesmente, eles não querem sair do poder, que ocupam há 12 anos", conta um ator, sindicalizado desde 1996, ao Notícias da TV. Ele pediu para não ser identificado.

"Ninguém tem uma acusação muito grave contra essa diretoria, mas em qualquer democracia, a alternância no poder é válida. Temos alguns benefícios como fonoaudiólogo e dentista, possibilidades de usar o espaço para ensaios e até alguns cursos de interpretação e leituras gratuitas, mas falta uma atuação mais eficaz na questão dos direitos dos atores. Não existe uma tabela de preço para os artistas, por exemplo", desabafou uma atriz filiada ao sindicato desde 2000.

Membros da diretoria do sindicato têm estabilidade de emprego, ou seja, não são demitidos das empresas contratadas e ganham salários mesmo não atuando nas produções.

"O Milton [Gonçalves] trabalha porque é um grande ator e não faltam convites e personagens, mas o Hugo Gross e Jorge Coutinho não trabalham há anos e é por isso que eles não querem deixar a diretoria do sindicato", conta outro ator.

As últimas novelas de Gross e de Coutinho foram em 2011. O primeiro fez Aquele Beijo, e o segundo, A Vida da Gente, ambas na Globo. Eles não aparecem no ar desde o encerramento das duas tramas.

Com mais de 30 anos de carreira e sem trabalhar há seis anos, um ator, que também preferiu não se identificar, revelou estar desiludido com o sindicato.

"Não acredito que quem entrar ou quem permanecer irá mudar muitas coisas. O que existe é jogo de interesse. Uns querem garantir o emprego, outros querem desfrutar de privilégio como indicar pessoas para uma produção ou sentar à mesa com os grande empresários em busca de verbas. Lutar mesmo pela classe ninguém quer, ninguém pensa. Tenho recebido ligações das duas chapas pedindo voto, mas eu nem vou aparecer [nos dias da votação]."

O Notícias da TV procurou o sindicato dos artistas, que não se pronunciou até a publicação deste texto.

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