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Neonazismo?

Marcão do Povo pede a Bolsonaro campos de concentração para coronavírus

Reprodução/SBT

O apresentador Marcão do Povo no estúdio do Primeiro Impacto, no SBT

Marcão do Povo no estúdio do Primeiro Impacto, no SBT; apresentador deu opinião controversa nesta quarta (8)

REDAÇÃO

Publicado em 8/4/2020 - 11h11
Atualizado em 8/4/2020 - 12h18

Apresentador do SBT, Marcão do Povo chocou telespectadores da emissora nesta quarta-feira (8) ao defender no telejornal Primeiro Impacto a adoção de "campos de concentração" para doentes de Covid-19. Em rede nacional, numa emissora cujo dono é judeu, e em plena Páscoa Judaica, Marcão do Povo pediu ao presidente Jair Bolsonaro que use as Forças Armadas para confinar todos os pacientes em lugar só no país.

O SBT ainda não se manifestou sobre o caso. Sua assessoria de Comunicação disse apenas que a opinião do apresentador não é a da emissora. O Notícias da TV apurou, contudo, que a fala teve forte reação nos bastidores do SBT, e executivos da casa pediram providências a Silvio Santos. O âncora deverá ser punido.

O âncora começou seu discurso de inspiração nazista dizendo que, na China, pessoas com sintomas de Covid-19 teriam sido levadas para a cidade de Wuhan, epicentro da doença. Lá, foram montados hospitais, onde muitas pessoas infectadas foram tratadas.

"Atenção, presidente! Não seria interessante montar um local, com o Exército, a Marinha, a Aeronáutica, para onde todas as pessoas que tivessem os sintomas, que tivessem o coronavírus, fossem levadas e bem tratadas, ao invés de espalhar [a doença] da maneira que tá sendo, todos os lugares, um gasto excessivo, as cidades paradas. Não seria interessante um local só pra cuidar dessas pessoas?", começou a sugerir.

"Não seria interessante pegar Exército, Aeronáutica, Marinha e montar um campo de concentração de cuidados, com os equipamentos mais sofisticados, os melhores profissionais, e colocar lá essas pessoas com problemas, com sintomas, cuidar dessas pessoas com carinho?", disse Marcão.

Ele passou então a atacar os governadores --muitos têm ido contra o presidente Bolsonaro e decretado quarentena e isolamento social em seus Estados.

"Aí acaba também, presidente, com esse negócio de espalhar dinheiro para os Estados. Tem governadores de Estado que não teve nada, nenhum caso lá, nem sequer foi comprovado, a pessoa nem tá internada, e o Estado decretou calamidade. O Tocantins é um caso. Não teve uma morte. Mas o Estado tem necessidade de decretar calamidade? Não tem necessidade disso. É despesa pro bolso do cidadão, pro bolso do trabalhador que já tá ferrado", criticou.

"Então, presidente, é uma dica. Dá um decreto aí, põe o Exército nas ruas, a Aeronáutica. E aí, com o governador que descumprir, faz igual tá fazendo com o povo: cana! Monta um campo, um local adequado, e trata essas pessoas lá. O comércio abre, todo mundo vai trabalhar normalmente. Quem apresentou sintomas, leva pra lá. Mantém a pessoa em isolamento, bem cuidada, bem tratada. Pra não ter esse negócio de espalhar dinheiro e todo mundo tá vivendo dessa forma", disse ele.

No final de seu discurso, o apresentador ressaltou que essa é apenas uma ideia que lhe ocorreu. "A população pode concordar ou não, o presidente pode acatar ou não. É uma ideia que eu tô dando. Eu acho que vai voltar tudo ao normal, as pessoas vão voltar a trabalhar e a vida vai seguir. E as pessoas [infectadas serão] bem cuidadas nesse local. É uma ideia e fica a dica", ele finalizou.

Confira o discurso do apresentador na íntegra:

Reação indignada

Nas redes sociais, internautas começaram a se mobilizar com indignação em relação ao discurso de Marcão do Povo e às palavras que ele usou. O conceito de campo de concentração remete à Segunda Guerra Mundial, quando nazistas usaram grandes espaços para aprisionar e promover o extermínio de judeus.

Na Alemanha comandada por Adolf Hitler (1889-1945), com fortes ideias de valorização de pureza racial e antissemitismo, os judeus foram o povo mais afetado pelo regime nazista.

No Holocausto, como é chamado o genocídio de judeus, estima-se que de cinco a seis milhões deles tenham morrido entre os anos da guerra, de 1939 a 1945, e mais de duas milhões de mortes teriam ocorrido em campos de concentração, por fome, doenças e asfixia em câmaras de gás, por exemplo.

O comentário do jornalista fica ainda mais grave pelo fato de Silvio Santos, dono do SBT, ser judeu. Entre esta quarta (8) e o próximo dia 16, é comemorada a Páscoa Judaica, chamada de Pessach. A data celebra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, no ano de 1446 antes de Cristo.

Procurado, o SBT não quis se posicionar sobre o comentário do do apresentador, porém informa que a opinião de seus artistas não reflete a opinião da emissora.

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