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André Azeredo

'Globo nunca me repreendeu por ser gordo', diz repórter que se demitiu no Carnaval

Edu Moraes/Record

O jornalista André Azeredo em gravação de piloto do SP no Ar, que apresentará a partir desta segunda

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DANIEL CASTRO

Publicado em 24/3/2019 - 8h12

Repórter mais "povão" da Globo de São Paulo, a ponto de ser comparado a José Luiz Datena, André Azeredo surpreendeu meio mundo no início deste mês ao trocar a emissora líder pela Record, em pleno Carnaval. Nesta segunda-feira (25), ele estreia em nova função, como apresentador, à frente do SP no Ar. Além de concorrer com o Bom Dia São Paulo que o revelou, terá a missão quase hercúlea de levar a Record para o primeiro lugar em um horário em que é a terceira colocada.

Durante sua passagem de quatro anos pela Globo de São Paulo, Azeredo foi notícia mais de uma vez por estar acima do peso. O físico seria uma barreira ao seu crescimento profissional na emissora, apesar dos defensores, que viam nele potencial para se tornar um bom apresentador.

Azeredo nega. Diferentemente de Michelle Sampaio, que ontem revelou ter sido demitida de afiliada da Globo por não conseguir emagrecer após uma gestação, ele diz que nunca percebeu nenhum tipo de preconceito na emissora. Confira na entrevista exclusiva que ele deu ao Notícias da TV:

Notícias da TV - Por que você trocou a Globo pela Record?
André Azeredo - Foi uma mera questão de oportunidade. Me ofereceram a oportunidade de fazer uma coisa que eu nunca tinha feito. E estava tudo bem. A conversa com a Globo foi muito tranquila.

A política da Globo você sabe qual é, ela tem uma política e a gente tem que respeitar. A gente não pode cobrar nunca da empresa, porque às vezes o jornalista tem muito ego nesse sentido de que não estão dando oportunidade. Talvez não fosse o meu momento ali. Eu respeitei isso e eles também me respeitaram.

Você estava sendo preparado para ser apresentador na Globo?
Não estava. Eu não estou mentindo. Não houve nem uma conversa. Algumas pessoas comentavam que achavam que eu deveria ser apresentador, mas nunca houve esse comunicado, nenhuma sinalização para eu ser apresentador, e eu levava isso numa boa. Está tudo bem.

Você queria ser apresentador?
Eu tinha vontade desde a RBS [afiliada da Globo em Porto Alegre], mas eu também estava confortável como repórter. Na realidade, o convite da Record me aguçou uma vontade que eu já tinha, mas que não era algo que eu desejava logo, rápido.

Sem preconceito com peso

Você sofreu preconceito por fazer uma linha mais popular? Já te olharam torto na Globo?
Nunca. Pode ser que alguém não gostasse. Agora, a direção da Globo nunca me colocou em xeque em relação a isso. Nunca houve um pedido para baixar a bola, nem para eu mudar o meu estilo, nem aberto para a questão do peso. Eu tive um problema pessoal envolvendo a minha filha anos atrás e isso me fez aumentar muito o peso. E a Globo sempre me deu muito apoio.

Oficialmente, eu nunca fui repreendido por isso. Nem por peso, nem por estilo. Não posso te dizer o que está na cabeça da direção e se meu estilo poderia me afastar de uma bancada. Mas nunca houve uma discussão sobre isso e eu nunca questionei. A Globo não falou e eu nunca perguntei sobre eu ser apresentador. Não posso chegar aqui e desgraçar que eles nunca me deram oportunidade. Eu era feliz fazendo o que eu fazia.

Chegou a ser noticiado que você estava afastado do ar porque estaria gordo...
Eu ainda estava no ar no Jornal Hoje. De uma maneira geral, todas as vezes em que saíram essas notícias eu fui muito bem amparado pela TV Globo com palavras de carinho. Como eu me dava com muita gente, as pessoas falavam comigo. A direção também, não formalmente, mas no café.

ReproduÇão/tv globo

André Azeredo em entrada ao vivo no Bom Dia São Paulo, telejornal do qual será concorrente

Te incomoda ser comparado a José Luiz Datena?
Nem um pouco. Até porque não somos parecidos no estilo. Primeiro que o Datena é um comunicador com anos de estrada, que não dá nem para eu me comparar a ele. Não seria nem sensato da minha parte. No estilo eu também acho que não. 

Sempre gostei do estilo, respeito pra caramba a história do Datena que não é pouca, não é pequena. Eu sou um entusiasta da comunicação, não só do jornalismo, e vou te dizer: é um dos caras que me inspiram, como me inspiram as pessoas que trabalham aqui. Não necessariamente para copiar. Como me inspiram o Rodrigo Bocardi, o [Reinaldo] Gottino, o [Luiz] Bacci, que é um baita apresentador. O Bruno [de Abreu, o Peruka], que é um baita apresentador das manhãs, uma referência na Record e que a gente também pode beber dessa fonte. Eu, como gosto desse métier, não me preocupo em copiar. 

Te cuida, Rodrigo Bocardi

Como você definiria seu estilo?
Não tenho definição para o meu estilo. Eu não sei. Eu só gosto de me comunicar. Não posso dizer para você que sou um apresentador formado. Estou começando. Quem está me dando a oportunidade de me formar apresentador é a Record. Eu não tenho um estilo ainda.

Rodrigo Bocardi, você falou que é uma referência, agora vai ser seu concorrente.
Hoje eu acho que o Bom Dia SP não é a nossa meta principal, mas eu vou atrás do Rodrigo, sim. O que é que eu vou fazer? Não tem jeito. Amigos, amigos. Negócios à parte [risos]. Vou tentar concorrer com ele sim. Por que não? Agora eu sou muito grato ao Rodrigo. Não há a menor dúvida quanto a isso.

O Rodrigo Bocardi foi uma das pessoas que mais te incentivou na Globo?
Não pra vir pra cá [Record], evidente. Ele foi uma das pessoas mais entusiastas da minha carreira. E agora eu vou concorrer com ele. O que é que eu vou fazer? A vida é assim mesmo, né? Nada impede de você formar um cara com você e depois ficar mais rápido que você. Vamos em frente. 'Tamo' chegando, Rodrigão!

Como você encara o desafio de ter que assumir um horário, o das 7h, em que a Record é tercerio lugar?
Não tenho como te dizer como eu estou. Eu estou apreensivo. É um terreno novo, o estúdio não é o meu habitat de sempre. Se eu falasse que estou tranquilo eu seria um mentiroso. Agora, se eu falar que estou nervoso, também mentiria. Estou apreensivo. A equipe que está com o SP no Ar é muito boa. Fiquei impressionado com a qualidade, a receptividade, a força de vontade e o trabalho que as pessoas têm aqui. 

O pessoal da Globo está achando que o SP no Ar vai ficar mais parecido com o Bom dia São Paulo. O jornal vai mudar muito?
Vai mudar bastante. Ele fica mais prestação de serviço, essa é a primeira ideia. Eu acho que as pessoas querem respostas. É focar em problemas de São Paulo, região metropolitana e interior, tentar trabalhar cada vez mais com aquilo que mexe com a vida das pessoas. O emprego, a moradia, o transporte, a educação. O cotidiano que mexe com a gente e, claro, casos de repercussão para a cidade e para o Estado.

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