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PSICOLOGIA EXPLICA

Ted Bundy e You: Por que as pessoas estão caidinhas pelos psicopatas da TV?

Divulgação/Netflix

Intérprete de Joe na série You, Penn Badgley teve que explicar que seu personagem é psicopata - Divulgação/Netflix

Intérprete de Joe na série You, Penn Badgley teve que explicar que seu personagem é psicopata

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 7/2/2019 - 5h23

Astros inesperados da Netflix, Joe Goldberg (da série ficcional You) e Ted Bundy (da documental Conversando com um Serial Killer) têm destruído corações por onde passam. O fato de serem psicopatas parece não influenciar muito a opinião do público, que prefere focar nos atributos físicos dos dois do que em suas atitudes criminosas.

Até Millie Bobby Brown, a Eleven de Stranger Things, saiu em defesa do psicopata de You. "Ele não é assustador, ele está apaixonado por ela e tudo bem. E eu sei que todos vão dizer: 'Ele é um perseguidor, por que você apoiaria isso?'. Mas ele não é, ele só está apaixonado", disse a atriz de 14 anos, que depois voltou atrás. "Acho que fiz uma análise precipitada. Assisti ao episódio 10 e ele definitivamente é um stalker."

Millie não foi a única a se deixar levar pelo jeito envolvente de Joe. Nas redes sociais, pipocam elogios para o psicopata. E também para os olhos azuis de Ted Bundy (1946-1989), considerado o maior serial killer da história dos Estados Unidos. A situação chegou a tal ponto que Penn Badgley, intérprete de Joe, precisou explicar em seu Twitter por que o personagem não deve ser admirado ou desejado.

Uma internauta de nome Malika chegou a pedir para que Badgley a sequestrasse. "Não, obrigado", cortou ele. Outra, Nobia Parker, disse que o sofrimento de Joe partia seu coração. "O que há nele que o torna tão especial?", questionou ela. "Primeiro: Ele é um assassino", explicou o ator, sem precisar enumerar um segundo motivo.

Segundo a psicoterapeuta Carla Salcedo, do Espaço Vivacità, não é incomum que as pessoas se deixem envolver por psicopatas. Pelo contrário, isso é justamente uma parte do que move esse tipo de comportamento social.

"Psicopatas são extremamente manipuladores, usam a arma da sedução o tempo todo. E, para o inconsciente humano, a sedução está relacionada ao desejo, que ignora a razão. Quando alguém é levado pelo desejo, age de forma irracional, quase animalesca. Mesmo que outra pessoa te diga que aquilo é errado, e você saiba disso, racionalmente, a sedução vai de encontro a tudo o que prega a razão", explica.

Carla, que assistiu à primeira temporada de You, conta que a série fez um ótimo trabalho na construção de Joe, o que acaba transformando o público em vítimas do psicopata tanto quanto Guinevere Beck (Elizabeth Lail), seu alvo na trama.

"O próprio roteiro vai ressaltando o que o Joe tem de brilhante e esquece o lado perverso dele. A série mostra o lado atencioso, o príncipe encantado... A pessoa mais carente compra aquilo, acha que é possível existir um homem assim, e esquece, ou prefere esquecer, todas as falhas de caráter", ressalta a psicoterapeuta.

E, assim como Beck, o público de You acaba caindo nas armações do criminoso. "Psicopatas são muito hábeis em perceber a sua fragilidade emocional. E trazem aquilo em abundância, você acaba ficando entorpecido, cego, não quer ver aquilo que o racional grita que é errado", diz Carla.

Vem mais psicopata sedutor por aí
Fazer o público se interessar pelo psicopata de You e por Ted Bundy não é o bastante para a Netflix. No próximo dia 14, a plataforma estreia Dirty John - O Golpe do Amor, série sobre uma decoradora bem-sucedida, Debra (Connie Britton, indicada ao Globo de Ouro deste ano pelo papel), que se envolve com John (Eric Bana), um homem aparentemente perfeito, que faz de tudo para satisfazê-la.

As filhas de Debra, Veronica (Juno Temple) e Terra (Julia Garner), não se deixam levar pelo papo sedutor de John, e tentam desmascará-lo diante da mãe. A trama é baseada em fatos reais, um indício de que há muitos psicopatas por aí.

"Temos registros de vários casos de mentes perversas, que não necessariamente chegam a matar, mas são capazes de tirar proveito de qualquer pessoa. Usam suas vítimas como se fossem meros objetos", conclui Carla Salcedo.

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