Série acusada de racismo, The Rookie vai debater violência policial na 3ª temporada

Série envolvida em um caso de racismo denunciado pela atriz Afton Williamson, que se demitiu por sofrer preconceito racial, The Rookie (Universal TV) anunciou que vai debater a violência policial na terceira temporada. A informação foi dada por Karey Burke, presidente de entretenimento da rede ABC, que exibe o drama em território norte-americano.

"A sala de roteiristas de The Rookie é bem diversificada e pelo o que eu fiquei sabendo, a série não vai ignorar a conversa [atual] sobre as condutas de policiais", comentou a executiva para o site Deadline nesta quarta-feira (17), dia no qual a ABC apresentou a programação da temporada 2020-2021.

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"Alexi Hawley [criador e showrunner de The Rookie] é muito consciente", continuou Karey. "Ele está trabalhando com os roteiristas há algum tempo [na nova temporada] e estão planejando reforçar o debate que está em voga, sobre trabalho da polícia."

Essa decisão oficial de The Rookie não será a última de uma série policial americana. O gênero mais popular da TV está sob um microscópio em meio a onda de protestos que tomou conta de milhares de cidades nos Estados Unidos. O estopim foi em 25 de maio, após o assassinato de George Floyd, um homem negro morto asfixiado por um policial.

A revolta respinga nas séries policiais, que retratam com frequência o policial branco herói, na caça de um homem negro bandido. A cobrança da sociedade não vai cancelar essas atrações, diferentemente do que ocorreu com os programas Live PD e Cops, que mostravam ações reais de agentes da lei. Mas as séries passarão por mudanças, nunca mais serão as mesmas.

Inspirado em uma história real, The Rookie tem como protagonista Nathan Fillion (Castle). O ator é John Nolan, um ex-empresário do ramo de construção e estudante de Direito que resolve ser policial aos 45 anos, se tornando o novato mais velho do departamento da polícia de Los Angeles.

Racismo nos bastidores

Em agosto do ano passado, Afton Williamson, que interpretou a policial Talia Bishop na primeira temporada do drama, anunciou que não voltaria para o segundo ano. Em uma postagem no Instagram, ela relatou abusos raciais e sexuais que sofreu nos bastidores da trama. Ela preferiu pedir demissão.

"Ouvi comentários nada apropriados da equipe de cabeleireiros e sofri bullying dos produtores-executivos", escreveu. "Ao longo da temporada, a situação piorou. E os comentários racistas dos cabeleireiros se transformaram em agressão sexual na festa de encerramento [das gravações]."

Afton contou que informou o showrunner da série (Alexi Hawley), sobre o que havia acontecido. "Ele não fez nenhum registro nem repassou o problema para o departamento de Recursos Humanos, como havia prometido. O chefe dos cabeleireiros só foi demitido depois da agressão sexual, e não por causa de um ano inteiro de comentários racistas e bullying".