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BOYS LIXO DE 1960

Para ser feminista, Coisa Mais Linda só tem homens que não prestam

Fotos: Aline Arruda/Netflix

Montagem com fotos dos atores Gustavo Machado, Ícaro Silva e Leandro Lima em cenas da série Coisa Mais Linda

Gustavo Machado (Roberto), Ícaro Silva (Capitão) e Leandro Lima (Chico): os homens de Coisa Mais Linda

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 6/7/2020 - 7h13

Com quatro mulheres fortes como protagonistas, Coisa Mais Linda coloca os homens como coadjuvantes e, muitas vezes, antagonistas da jornada feminina e feminista. Na série nacional da Netflix, personagens masculinos são assassinos, mulherengos, antiquados e maus-caráteres. Ou seja, eles simplesmente não prestam!

Para Ícaro Silva, intérprete do Capitão, as falhas de caráter masculinas vão além da ficção. "Acho que os homens não prestam mesmo, não é só uma impressão que a série dá (risos). É a maneira como nós desenvolvemos, como a sociedade se desenvolveu. Existe uma construção machista atrelada a todos os outros cânceres da sociedade, como o racismo também, que nos faz oprimir as mulheres em muitas situações, independentemente do apreço que tenhamos por elas", pondera.

Na segunda temporada de Coisa Mais Linda, lançada em 19 de junho e ainda no top 10 de séries disponíveis na plataforma, o personagem de Ícaro até mostra evolução: aceita criar com Adélia (Pathy Dejesus) a filha que acreditava ser dele e até troca alianças com a amada --apenas para ter o coração partido na sequência.

"O amor e a admiração que ele sente pela Adélia, essa figura tão forte e determinada, provocam uma transformação. Ele vai continuar não prestando, porque eu acho que os homens não vão prestar durante um tempo ainda. Mas o Capitão é um exemplo de que é possível haver mudança, principalmente na escuta, porque as mulheres a maior parte do tempo querem basicamente serem ouvidas", indica o ator de 33 anos.

Já o mulherengo Roberto (Gustavo Machado), dono de gravadora e que vive uma relação da gato e rato com a mocinha Malu (Maria Casadevall), até tenta esboçar uma melhora, mas sempre cai em um velho vício --a busca por um rabo de saia.

Para gerar identificação

"Como ator, é um prazer mostrar as falhas, os limites do personagem. Porque é gostoso colocar isso, a gente também faz uma catarse pessoal, bota na roda. Com Coisa Mais Linda, o roteiro já se certifica de que o personagem vai aprender a lição", aponta o artista de 46 anos ao Notícias da TV.

"No caso do Roberto, todas as vezes em que ele foi machista, arrogante, vaidoso e quis bancar o chefe, ele perdeu a Malu. Eles se desentendem, e ela some. Como é a mulher que ele ama, é obrigado a correr atrás, e é nesse processo que ele evolui. E a gente imagina, por exemplo, que o cara que vai estar vendo e que se identifica com esse lado do Roberto vai quebrar a cara junto com ele. Espero que ele também tenha a chance de refletir que a vida pode ser bem legal do que aquilo", filosofa.

Os atores não se incomodam com a imagem falha que os personagens masculinos passam ao público --afinal, as mulheres de Coisa Mais Linda também são humanas e erram tanto quanto acertam. A proposta, ressaltam, não é estimular uma rivalidade entre os dois gêneros, mas alçar as presenças femininas ao lugar que elas merecem e que eram impedidas de ocupar na década de 1960 em que a série se situa.

"Parece evidente para mim que a natureza se dá no encaixe, nesse encontro entre masculino e feminino. Como as protagonistas são mulheres, acho que os homens têm tudo a aprender com elas (risos)", diverte-se Machado.

"E nós, como satélites dessas personagens, podemos ensinar ao público masculino também. Os homens têm de se virar para manter as mulheres que amam. Superar paradigmas velhos, pensamentos arcaicos, preconceitos... Essa evolução pode ser inspiradora", completa o intérprete.

A Netflix ainda não oficializou uma terceira temporada de Coisa Mais Linda. O segundo ano da atração tem no elenco ainda nomes como Mel Lisboa (Thereza), Larissa Nunes (Ivone), Leandro Lima (Chico), Alexandre Cioletti (Nelson), Alejandro Claveaux (Wagner), Val Perré (Duque) e Eliana Pittman (Elza), além da participação especial de Fernanda Vasconcellos (Lígia).


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