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A Divisão

'Fuzil virou extensão do meu corpo', diz protagonista de série sobre violência no Rio

Divulgação/Globoplay

Os atores Erom Cordeiro e Silvio Guindane em cena de conflito da série A Divisão, do Globoplay - Divulgação/Globoplay

Os atores Erom Cordeiro e Silvio Guindane em cena de conflito da série A Divisão, do Globoplay

FERNANDA LOPES

Publicado em 21/7/2019 - 5h29

Os atores de A Divisão, série do Globoplay que estreou na sexta (19), tiveram preparação intensa para fazer papéis de policiais que negociam e confrontam sequestradores. Eles conheceram pessoas envolvidas nas histórias reais que inspiraram a série, fizeram uma imersão com policiais da vida real, aprenderam a atirar, a montar e desmontar armas. Ficaram até apegados aos fuzis que usavam em cena.

"Eu tenho aversão a arma, violência. Mas o fuzil se tornou uma extensão do meu corpo. O peso do fuzil pra mim se tornou uma coisa muito natural. Durante a filmagem eu até achei que trocaram meu fuzil, senti o peso, a correia [diferentes]. São pequenas coisas que vão nos remetendo a canais que nos levam a viver [o personagem] e não ir no truque", diz Silvio Guindane.

Ele é um dos protagonistas de A Divisão e interpreta Mendonça, o delegado da DAS (divisão antissequestro da Polícia Civil). A série conta histórias (baseadas em fatos reais) de negociações e conflitos entre policiais e sequestradores.

O personagem Mendonça é um oficial rígido. Uma das primeiras cenas o mostra comandando uma invasão numa comunidade, participando de um tiroteio e encontrando uma criança sequestrada. "Ele é incorruptível, mas é um genocida. Ele mata e depois pergunta", define Guindane.

Mendonça terá de trabalhar em parceria com Santiago (Erom Cordeiro), um investigador muito bom, mas conhecido como "mineiro" --gíria policial para denominar um oficial que extorque criminosos e embolsa o dinheiro, em vez de prendê-los.

"Quando esses dois se juntam na divisão antissequestro, ela serve como uma redenção para eles. A moral dos dois é colocada em jogo", diz Guindane. "São personagens que já começam quebrados e não têm conserto. A busca da redenção vale pra todos, mas se ela é possível é um desafio", complementa o diretor, Vicente Amorim.

divulgação/globoplay

Erom Cordeiro e Silvio Guindane em gravação de cena para a primeira temporada de A Divisão

Para interpretarem seus papéis, não só Guindane e Erom Cordeiro como todos os atores que vivem policiais no elenco passaram dias na CORE, Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil no Rio de Janeiro. Eles também presenciaram conversas entre ex-policiais e ex-detentos envolvidos no crime organizado nos anos 1990.

"Um momento muito importante durante esse processo foi quando a gente colocou o Marcos Reimão, delegado que inspirou o Mendonça, junto com uma pessoa que ele prendeu, o Polegar, que foi chefe do tráfico no morro da Mangueira", lembra José Junior, criador da série e fundador da ONG AfroReggae.

"Essas conversas com os policais e os ex-traficantes foram muito importantes pra jogar a gente nesse universo. Quando você olha pra pessoa e entende as motivações, as contradições que cabem nela, isso abre para o ator uma gama de possibilidades muito grande. Esses encontros fizeram toda a diferença", opina Natália Lage, que interpreta a policial Roberta.

Todos os personagens são espelhados em pessoas reais, e os atores também subiram morros e tiveram ajuda de uma preparadora de elenco para entrarem no clima tenso que a série tem. "Era tudo muito febril o tempo inteiro, ninguém estava numa zona de conforto", diz Cordeiro.

A primeira temporada de A Divisão tem cinco episódios, e a segunda, com mais cinco, também já está pronta (mas ainda sem data de estreia definida no Globoplay). Um filme de A Divisão, com os mesmos personagens em circunstâncias diferentes, foi gravado ao mesmo tempo em que a série e deve estrear nos cinemas no início do ano que vem.

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