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Maratona na quarentena

Em dias sombrios, o humor tosco de Dois Homens e Meio serve de refúgio

Imagens: Divulgação/CBS

Com um telefone na orelha, Charlie Sheen abraça Angus T. Jones pelo pescoço em cena de Dois Homens e Meio

O ator Charlie Sheen com Angus T. Jones na comédia Dois Homens e Meio; dica para curtir na quarentena

JOÃO DA PAZ

Publicado em 1/4/2020 - 5h47

Exibida na Warner e com todos os 262 episódios disponíveis no Prime Video, o streaming da Amazon, a comédia Dois Homens e Meio (ou Two and a Half Men, 2003-2015) é um refúgio em dias tão sombrios como os atuais, quando ficar em casa não é apenas uma opção, mas ação de cidadania para evitar que o novo coronavírus cause maior destruição.

Passar horas com os olhos grudados nos arredores de Malibu (Califórnia), onde o compositor de jingles Charlie Harper (Charlie Sheen) curte a vida boa à beira da praia, com mulheres aos seus pés e sempre com alguma bebida na mão, é um antídoto infalível para a aliviar a tensão que instaura o temor e dispara o gatilho da ansiedade em quem deixa a cabeça vazia.

Dessa forma, ao invés de convidar o Diabo a montar uma oficina dentro da mente, permita que a criação de Chuck Lorre, o rei da comédia na TV, ocupe o lugar com muito, mas muito beisterol. São aquelas piadas toscas que suavizam o clima e provocam risadas. Riso que tem uma função essencial para manter o corpo são.

O humor de Dois Homens e Meio é daqueles de revistinha, de anedotas contadas em festa. Quanto maior for o duplo sentido da piada, melhor. Comer na série não necessariamente significa ingerir pela boca algum tipo de alimento. Assim como entrar pela porta de trás pode ser exatamente isso que você está pensando.

A estrutura da comédia, que já foi líder de audiência nos Estados Unidos, é simples. A trama explora problemas familiares típicos, como separação e desavenças com a mãe. A originalidade de Dois Homens e Meio está nas soluções estapafúrdias.

Se Charlie despreza a mãe, a corretora de imóveis Evelyn Harper (Holland Taylor), a recíproca é mais do que verdadeira, exemplificada pela total superficialidade no trato com o herdeiro rico, o mesmo dado ao filho coitado, o quiroprata Alan Harper, interpretado por Jon Cryer.

É comum um certo atrito entre mãe e filhos, mas Dois Homens e Meio faz disso uma explêndida caricatura, exagerando alguns traços. Qual herdeiro tem gravado o número de telefone da mãe como 666, o da Besta, ou chama a própria de Satanás?

Os atores Charlie Sheen, Angus T. Jones e Jon Cryer, os dois homens e meio da comédia


Uma dose de risada, por favor

Nesta década, a TV americana produziu comédias para se pensar, carregadas de filosofias. Dois Homens e Meio está longe disso, faz parte da seara das séries para dar risada com total descompromisso. É uma atração crucial para espantar a dor,  não deve ser levada a sério.

Irônica, a produção zomba até do stalker, aquela pessoa que persegue outra (ex ou não) e cria uma obsessão. A louca é a adorável Rose (Melanie Lynskey), que de tanto atormentar a vida de Charlie vira uma amiga. E ela é uma mulher inteligente, com diplomas de universidades americanas da elite, como Princeton e Stanford. Qual é a sua formação? Mestre em Psicologia Comportamental (olha a ironia aí).

Na outra ponta do espectro está Jake (Angus T. Jones), o filho de Alan que visita com frequência a mansão do tio rico, onde o pai vai morar após se separar de Judith (Marin Hinkle). O menino é tapado, simples assim. E principalmente nas primeiras temporadas, na casa dos dez anos de idade, o garoto protagoniza cenas hilárias com o pai e o tio, a maioria delas esbanjando sua burrice colossal.

Antes de maratonar Dois Homens e Meio é preciso encarar uma verdade, que tem de ser dita: a série perde muito sem Sheen, que atuou nas oito primeiras temporadas (são 12 no total). O ator tem uma história de vida trágica e muito do que ele fazia era reflexo de sua personalidade. As coincidências entre Charlie Harper e Charlie Sheen iam além do primeiro nome. Deixados de lado os problemas de cunho pessoal, o ator honrou sua missão de fazer palhaçadas para entreter o próximo.

Não há (ainda) cura para o novo coronavírus. Mas há uma coisa que descarrega a mente e dá um jeito nas dores e angústia carregadas dentro de si. Afinal, como diz o famoso e surrado dito universal, rir é o melhor remédio.

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