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Pico da Neblina

Diretor de série sobre maconha da HBO torce para Bolsonaro odiar a atração

Divulgação/HBO

Quico Meirelles, criador e diretor da série Pico da Neblina, que estreia na HBO neste domingo (4) - Divulgação/HBO

Quico Meirelles, criador e diretor da série Pico da Neblina, que estreia na HBO neste domingo (4)

FERNANDA LOPES

Publicado em 3/8/2019 - 5h41

Em meio a um cenário de muito conservadorismo político, a HBO estreia neste domingo (4) a série Pico da Neblina, que mostra um Brasil no qual a maconha acaba de ser legalizada e os personagens podem usá-la à vontade. O diretor, Quico Meirelles, não está preocupado com possíveis boicotes ou críticas de parte do público. Ele inclusive acha que, se o presidente Jair Bolsonaro odiar a série, será uma ótima propaganda.

"Eu pessoalmente, bem longe da instituição HBO, acho que polêmica vende, gera mídia espontânea pra série. Então, se o Bolsonaro manda um tuíte tipo: 'Essa série não deve ser assistida, boicotem essa série'... Quantas pessoas leem o Twitter dele, gostando ou não? Isso vai pra todas as manchetes. Tudo que eu quero é que a série fique em evidência e que as pessoas venham ver", explica.

"Mesmo que não goste do tema, quero que a pessoa veja e quem sabe se encante pelos personagens, pela história e comece a acompanhar. Que entenda que essa polêmica [em relação à série abordar a legalização da maconha] é coisa de alguém que não assistiu, que é muito o caso do nosso amigo Bolsonaro. Ele pega uma coisa de orelhada e fala como se fosse especialista", alfineta o diretor.

A trama de Pico da Neblina começa no dia em que é aprovada no Brasil a legalização do uso recreativo e do comércio de maconha. O protagonista, Biriba (Luis Navarro), é um traficante que atende apenas à elite, com diferentes formas de vender a erva e cigarros. Ele fica na dúvida entre virar um vendedor legal ou continuar no mundo do crime, e transita perigosamente entre os dois lados.

Segundo o diretor (que é filho do cineasta Fernando Meirelles), a história vai além da maconha e mostra também outros pontos, como dramas familiares e questões sociais da cidade de São Paulo. Ele jura que o telespectador não precisa ser contra ou a favor da legalização (nem usuário frequente de maconha) para curtir a série.

"A gente usa a legalização da maconha como um ponto de partida pra desenvolver todos os conflitos que vão ser trabalhados e aos quais os personagens vão estar sujeitos ao longo dessa primeira temporada. Acho que, mesmo que alguém odeie maconha, odeie legalização e ache que é coisa do demônio, pode assistir à série e se envolver", afirma.

Tanto Meirelles quanto os atores principais declaram publicamente que são a favor da legalização. O diretor diz que a série não pretende ser panfletária, mas que gostaria que ela incitasse reflexões nos telespectadores. 

"Sou favorável à legalização, acho que é um tema muito importante de ser debatido e precisa acontecer urgentemente. O mundo inteiro está caminhando nesse sentido, e aqui parece que estamos indo pro outro lado em muitos sentidos. Então eu quero que até alguém que não goste do tema possa assistir e quem sabe se iluminar sobre algumas questões que não conhecia do debate. Que a discussão possa ser um pouco menos passional e mais racional", declara.

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