Testemunha de crime: Descubra o que é verdade e mentira em Salve-se Quem Puder

Na novela das sete da Globo, Kyra (Vitória Strada), Luna (Juliana Paiva) e Alexia (Deborah Secco) tiveram de mudar de identidade, abandonar suas famílias e ainda foram declaradas como mortas após se tornarem testemunhas de um crime e entrarem em um programa de proteção. Mas o que Salve-se Quem Puder retrata com altas doses de humor condiz com a realidade?

O autor Daniel Ortiz disse, no lançamento da novela no Rio de Janeiro, que optou por falar de um tema diferente dentro da teledramartugia brasileira: "É uma temática interessante, que não é vista em novelas, e que proporciona muitas viradas na história".

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A pesquisa do autor foi profunda. Diversos aspectos retratados estão previstos na lei, como a mudança de nome e até a transformação na aparência, mas na realidade ninguém é obrigado a ficar sob a proteção do Estado, como as mocinhas da trama.

Para desvendar as diferenças entre ficção e realidade, o Notícias da TV conversou com o promotor de Justiça Ricardo Silvares e com servidores do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que oferece o Provita (Programa Federal de Assistência e Proteção a Vítimas e Testemunhas) desde 1999.

De acordo com o órgão federal, o programa de proteção objetiva oferecer proteção a vítimas ou testemunhas ameaçadas, em razão de colaborarem com a investigação ou processo criminal sob competência da Justiça brasileira. Mas o promotor explica que a entrada no Provita é feita de maneira totalmente voluntária.

joão miguel jÚNIOR/ tv globo

A consulesa Adriana (Ana Carbatti) entregou as novas identidades das mocinhas protegidas

Saiba mais sobre o que é verdade e o que é mentira em Salve-se Quem Puder:

Nova identidade: Verdadeiro

Na trama, Alexia se tornou Josimara, Luna virou Fiona, e Kyra acabou como Cleide. Uma vez sob proteção, a testemunha pode mudar de identidade dependendo da análise de risco se o nome for mantido o mesmo. O programa solicita a um juiz, que decide se concede ou não a emissão de novos documentos.

Abandonar a família: Falso

Kyra tinha acabado de se tornar noiva, Luna cuidava do pai cadeirante, e Alexia estava no melhor momento de sua carreira como atriz. Elas se viram obrigadas a abandonar tudo e todos para preservarem suas vidas. Pelo programa, isso não seria necessário, já que ele também estende a proteção a parentes. "O objetivo é preservar o núcleo familiar, mas ninguém é obrigado a ficar sob proteção", explica Silvares.

Nova moradia: Verdadeiro

De acordo com o Art. 7º da lei nº 9.807/99, as testemunhas são transferidas de suas residências para uma acomodação que proporcione a devida segurança. A fazenda da fictícia cidade de Judas do Norte, o novo lar das protagonistas, se adequou aos tais requisitos, já que ninguém as procuraria naquele fim de mundo.

Protetores: Depende

A dupla de protetores Ermelinda (Grace Gianoukas) e Zezinho (João Baldasserini)fica encarregada de olhar pelas novas integrantes do programa de proteção o tempo todo, mas na vida real isso depende muito da gravidade do caso. De maneira geral, uma testemunha só recebe escolta durante os depoimentos e o julgamento de um réu.

Mudança no visual: Verdadeiro

Para despistarem os criminosos que querem matá-las, Kyra, Luna e Alexia passaram por uma mudança no visual, que consistiu em trocar o corte de cabelo. Apesar de ser rara a necessidade, o Provita também custeia uma transformação, desde que isso realmente reflita na preservação da vida da pessoa protegida.

Ficção x realidade

Na vida real, uma pessoa pode ficar sob a tutela do Estado durante até dois anos, mas esse tempo pode ser prorrogado em caso de demora no julgamento do crime, ou ainda se for necessária mais tempo de proteção. Já na novela, as protagonistas preferem colocar suas vidas em risco para terem suas rotinas de volta.

Apesar de ter uma trama baseada em um assassinato, as trapalhadas das mocinhas tentando viver duas personalidades cada trazem situações leves e engraçadas.