Tenório 'afoga' filho gay e causa gatilho em Pantanal; versão original foi ainda pior

Tenório (Murilo Benício) promoveu um show de horrores ao dizer com todas as letras que seria capaz de afogar um filho homossexual no capítulo desta segunda (18) em Pantanal. Guta (Julia Dalavia) serviu de contraponto para o fazendeiro, em uma sequência que chocou o público mesmo suavizando a homofobia dos roteiros originais. Na versão de 1990 da novela, houve o uso controverso do termo "sapatona", por exemplo.

Um dos principais desafios do autor Bruno Luperi é atualizar a trama em que a sexualidade de Jove (Jesuíta Barbosa) é questionada pelos peões. Apesar de heterossexual, o rapaz é mal-visto por renegar certos símbolos de masculinidade, como o uso de violência física para resolução de conflito.

Tenório, aliás, sugeriu que o sobrinho de Irma (Camila Morgado) fosse gay justamente por não ter partido para cima de Alcides (Juliano Cazarré) durante uma discussão. "Aquele filho lá não é filho, é um castigo. Aquilo ali não passa de um flozô. Aquilo ali de macho não tem nada", disparou o latifundiário.

O personagem de Murilo Benício ainda acrescentou que, se fosse de sua família, até afogaria o rapaz, sendo repreendido em seguida por Guta. "Não devia existir esse tipo de coisa. Homem tem que ser homem, mulher tem que ser mulher", continuou o vilão.

A jovem então partiu para o confronto, questionando o que o pai faria se ela fosse lésbica ou, se por acaso, tivesse outro filho que fosse homossexual. "Se Deus me desse esse desgosto, eu ia rezar para o diabo levar", insistiu o estancieiro, ao bater em retirada.

Cena desperta gatilho no público

Luperi, que em outros momentos decidiu pela verossimilhança, optou por dar um texto mais didático para Guta a fim de contrabalancear o preconceito de Tenório. Ela disse à Maria Bruaca (Izabel Teixeira) que a violência se inicia já no discurso e que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo.

Nas redes sociais, o folhetim despertou uma série de sentimentos no público. "Fiquei muito desconfortável assistindo a esse capítulo de Pantanal. Eu sei que a novela fez questão de não ser conivente com a homofobia, mas eu não estava preparado para assistir com os meus pais. Ainda tenho muito gatilho", escreveu um perfil identificado como Jobe no Twitter.

"Essa novela é cheia de gatilho, mas já amei a Guta falando LGBTQIA+ para a mãe", continuou Rick B. "Amando a novela, hoje tivemos o Jove jogando na cara que ser educado, frágil e sensível é coisa de homem, sim. Masculinidade tóxica não é ser homem de verdade. E Guta falando da homofobia, como ter filho gay, tocando na ferida da sociedade", arrematou Belinha Marcílio.

Versão original trouxe termo controverso

Benedito Ruy Barbosa também colocou um contraponto para as falas que Tenório (Antônio Petrin) na versão exibida pela Manchete, ainda que a homofobia tivesse até um certo verniz cômico em algumas sequências.

Guta (Luciene Adami) também questionou o que o pai faria se ela fosse lésbica, mas usou o termo "sapatona" --na época, com uma conotação muito mais negativa do que hoje, sobretudo dito por uma pessoa heterossexual.

Veja a repercussão de Pantanal nas redes sociais:

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