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CRÍTICA

Para cumprir requisito do horário, Salve-se Quem Puder aposta no exagero escrachado

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Kyra, personagem de Vitória Strada em Salve-se Quem Puder, segura arma de maneira cômica e assustada em cena da novela das sete

Kyra (Vitória Strada) em cena escrachada de Salve-se Quem Puder; novela abusa do exagero para fazer humor

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 2/2/2020 - 4h57

Estreia da semana no horário das sete na Globo, Salve-se Quem Puder é uma história contada através de uma lupa: tudo na trama passa a sensação de que o tom adotado está um nível acima da realidade. Do furacão devastador que serviu de ambientação para a largada das peripécias de Alexia (Deborah Secco), Kyra (Vitória Strada) e Luna (Juliana Paiva) ao perfil das protagonistas.

A tônica de Salve-se Quem Puder parece ser a de colorir a realidade com tonalidades mais quentes a fim de atingir a popularidade. Seja nos cenários e nas locações paradisíacas, seja nas situações em que os personagens se metem.

Logo no primeiro capítulo, Kyra arma uma confusão na plateia do teatro e ganha mais destaque do que Alexia, a estrela do palco. Logo em seguida, é pedida em casamento durante um temporal em São Paulo e termina o capítulo disparando uma arma dentro de um avião, quase provocando um acidente fatal.

A decoradora é o melhor exemplo do exagero: atrapalhada demais, beira o nonsense. Vitória Strada tem o melhor papel no triunvirato feminino de Salve-se Quem Puder. É certo que ainda tateia para acertar o tom de Kyra, berra um pouco aqui e ali, mas é bom vê-la em um tipo diferente das mocinhas choronas que interpretou até então.

Juliana Paiva, na outra ponta, herdou o papel mais difícil. Mocinha romântica, criada no México, abandonada pela mãe, a quem busca reencontrar, Luna vive no mundo das novelas --mexicanas, é verdade. Seu tipo é idealizado, carrega nas costas o drama do folhetim, e é uma construção clássica da teledramaturgia, o que a torna um potencial sucesso de público.

Já Deborah Secco, a mais experiente do trio, repete um erro de 1995, quando viveu Carina em A Próxima Vítima: o sotaque. Paulistana, Alexia abusa do chiado carioca. Na composição da personagem, faltou prosódia. Para efeito de comparação, quando interpretou Karola, em Segundo Sol (2018), a atriz caprichou no acento baiano, coisa que deixou a desejar agora.

Por outro lado, o deslumbre da personagem já foi explorado por Deborah em Celebridade (2003), quando deu vida à manicure Darlene, e Alexia não se mostra uma dificuldade na carreira da artista.

Na ala masculina, o grande problema da novela é a escalação de Rafael Cardoso (Renzo), ator que precisa urgentemente descansar a imagem, sob risco de ter sua interpretação apagada novela após novela. Há uma década na televisão, ele participa de um folhetim por ano, o suficiente para saturar o rostinho bonito e o corpão que ostenta em cena.

Em uma semana no ar, já está claro que Salve-se Quem Puder não tem pretensões de se tornar uma comédia cujo humor prima pelo refinamento. Pelo contrário: é uma história que, para abranger o maior público possível, opta pelo pastelão, tipo de humor que consolidou o horário das sete e não deve ser visto como demérito.

O diferencial de Salve-se Quem Puder é que a novela não é rasteira. A comédia exagerada a que se propõe vem coberta por um texto espirituoso, com piadas nas entrelinhas e ditas em momentos certos. Há, ainda, o ritmo vertiginoso dos acontecimentos, uma mostra de fôlego, ao menos inicialmente. A lupa do exagero desobriga o telespectador de pensar, deixando a ele apenas a tarefa de relaxar. 

Assim, a trama cumpre o requisito básico de sua faixa de exibição: divertir.


Este texto não reflete necessariamente a opinião do Notícias da TV.

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