Justiça veta Verão 90 para menores de 12 anos por cenas de sexo e preconceito

O Ministério da Justiça reclassificou Verão 90, da Globo, como não recomendada para menores de 12 anos. De acordo com publicação no Diário Oficial da União, a novela não fez os ajustes exigidos pelo governo para continuar indicada ao público a partir de 10 anos. O órgão considerou que a trama das sete exibe fortes cenas com conteúdo sexual, drogas lícitas ou personagens que sofrem com preconceito.

A novela estreou em 29 de janeiro, e em 18 de fevereiro a Globo protocolou pedido para que ela fosse oficialmente classificada como não recomendada para menores de 10 anos. A entidade monitorou os capítulos depois dessa data, mas chegou a uma conclusão diferente daquela que a emissora gostaria.

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O Ministério da Justiça considerou que a quantidade de cenas que mostravam insinuação sexual, uso de drogas lícitas e demonstrações de estigma e preconceito era maior do que a apropriada para o selo de 10 anos.

A Globo foi notificada dessa posição da Justiça e argumentou que as inadequações tinham por objetivo apresentar o perfil dos personagens, caracterização de costumes, e que as cenas de conteúdo sexual estavam sempre no contexto de humor e realizadas de forma leve e cuidadosa, segundo o Diário Oficial da União.

Mesmo assim, o Ministério entendeu que os argumentos não foram suficientes para atenuar o conteúdo apresentado. Desde o último dia 14, a novela passou a ser recomendada apenas para telespectadores acima de 12 anos.

De fato, Verão 90 apresenta bastante conteúdo relacionado a sexo. O casal de pilantras Jerônimo (Jesuíta Barbosa) e Vanessa (Camila Queiroz) viveu um romance tórrido, com cenas de sexo quase diárias. Após anos afastados, eles voltarão a ficar juntos, e o conteúdo sexual voltará a ser frequente. O casal Lidiane (Claudia Raia) e Patrick (Klebber Toledo) também praticamente só tem cenas de sexo.

A novela apresentou várias cenas de preconceito na primeira fase, sempre com a família de João (Rafael Vitti). O jovem foi acusado injustamente de assassinato e foi muito criticado, ameaçado e desprezado por isso, além de ter ficado com o estigma de ex-presidiário. A mãe dele, Janaína (Dira Paes), também sempre foi encarada pelos mais ricos da trama como pobre, "marmiteira".

Pior é o que acontece com Diego (Sérgio Malheiros), personagem pelo qual a novela faz crítica social ao racismo. Por ser negro, o garoto já passou por revista em um ônibus, foi chamado de trombadinha e será levado à cadeia nos próximos capítulos por policiais que acharão que ele roubou um relógio.

O uso de drogas lícitas também é frequente, já que boa parte das cenas noturnas se passa em bares ou na boate frequentada pelos playboys. Gisela (Débora Nascimento) sempre exagera na bebida e nos remédios.