Menu
Pesquisar

Buscar

Facebook
X
Instagram
Youtube
TikTok

Novela maluca

Absurda, bizarra e totalmente sem noção: Há 17 anos, Kubanacan causou na Globo

Divulgação/TV Globo

O ator Marcos Pasquim de perfil, numa praia, em cena como o personagem Esteban de Kubanacan (2003)

Marcos Pasquim viveu Esteban, o protagonista da trama maluca e confusa de Kubanacan (2003)

FERNANDA LOPES

Publicado em 5/5/2020 - 5h27

Kubanacan (2003), novela das sete que estreou há exatos 17 anos na Globo, fez história. Mas pouca gente se lembra de fato de sua história, absurdamente mirabolante, com direito a guerra, viagem no tempo e mocinho com múltiplas personalidades. Bizarra, a novela ainda assim conquistou telespectadores com comédia, ação e romances e fez de Marcos Pasquim o eterno "pescador parrudo".

A trama de Carlos Lombardi começava nos anos 1950, na fictícia ilha caribenha chamada Kubanacan. O clima tropical do lugar era usado como desculpa para que Pasquim aparecesse em grande parte das cenas sem camisa, gratuitamente. Ele acabou estereotipado por isso.

O ator interpretava, a princípio, Esteban Maroto, um rapaz sem memória que aparecia numa praia e tentava entender o que estava fazendo naquele lugar. Ao longo dos 227 capítulos, ele desenvolveu (ou expôs) outras personalidades, como a do pescador parrudo, Dark Esteban (uma versão sombria e com ar de vilão do protagonista) e León Allende Rivera.

Só no final da trama o Esteban do primeiro capítulo, o "original", se recuperou da amnésia e entendeu que na verdade era León, filho de Esteban com Rubi (Carolina Ferraz), que usou uma máquina do tempo para ir até a Kubanacan do passado e evitar a destruição da ilha.

Parece confuso? Para o público e para os próprios atores também parecia. A novela foi considerada imperdível porque, se o telespectador perdesse um capítulo, já corria o risco de não entender mais nada.

O elenco também teve suas dificuldades. Humberto Martins interpretava o General Camacho, ditador que governava a ilha em meio a uma guerra civil, com casos de espionagem e fraudes, uma instabilidade política geral.

O ator deixou a novela no meio, alegando que precisava resolver problemas pessoais. Mas, na verdade, o que aconteceu foi uma guerra de egos entre ele e Pasquim. Martins se sentiu melindrado por não ter o destaque que gostaria e pediu para sair. Ele ficou três meses afastado de Kubanacan, mas retornou ao trabalho.

Ângela Vieira, que fazia o papel da vedete Perla Perón, também pediu pra sair. Ela não concordava com os rumos que sua personagem estava tomando.

divulgação/tv globo

Em Kubanacan, Enrico (Vladimir Brichta) era ex-marido de Marisol (Danielle Winits)


Trocas de casais

Era complicado também acompanhar os rumos dos pares românticos da novela. Esteban começou a trama se apaixonando por Marisol (Danielle Winits), com quem ficou casado durante sete anos. Ela o deixou para ficar com General Camacho, e o protagonista então foi para a cidade grande com um filho para criar.

Ele encontrou duas irmãs e se apaixonou por ambas: Lola (Adriana Esteves), dona de casa durante o dia e cantora de cabaré à noite; e Rubi (Carolina Ferraz), uma faz-tudo com jeito masculinizado. A cada semana (ou mesmo a cada capítulo) o mocinho estava com uma delas, e Enrico (Vladimir Brichta) também estava na jogada. Ex-marido de Marisol, ele se envolveu com Lola.

Kubanacan foi criticada por ser muito sexualizada para uma novela das sete --além das cenas de romance e do peitoral desnudo de Pasquim, as mulheres também apareciam com profundos decotes. Houve também uma notificação do Ministério da Justiça por uma cena de muita violência, em que Esteban espancava um homem na frente de uma criança, com sangue espirrando para todo lado.

Carlos Lombardi reconheceu que cometeu um excesso nesse momento. Mas, no geral, ele não se arrependeu de ter feito uma novela muito fora do padrão, fora da caixinha e um tanto maluca.

"Várias pessoas entendiam, e algumas não. Eu nunca pretendi que Kubanacan fosse uma 'novela ônibus' (que pega da vovó ao neném). Fiz uma novela para jovens com um fundo de ficção científica. Realmente pensei: nessa vou experimentar! Sei que provoquei um monte de discussões. Há quem reclame muito, há quem tenha amado. Posso dizer que fiz um baita de um barulho. Era definitivamente o que eu mais queria", comentou, em depoimento ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia.

Mais lidas


Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.