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REESTRUTURAÇÃO

Pandemia acelera demissões na Globo, mas emissora nega passaralho

Fábio Rocha/TV Globo

Os atores Debora Bloch e Paulo Gorgulho gravam cena da série Segunda Chamada, cercados de técnicos, em uma sala repleta de armários e livros

Debora Bloch e Paulo Gorgulho em cena da segunda temporada de Segunda Chamada; Globo vai ficar mais 'leve'

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 1/6/2020 - 6h53

Junho será um mês doloroso para a Globo. A pandemia do novo coronavírus reduziu suas receitas publicitárias e a obrigou a acelerar mudanças previstas no projeto Uma Só Globo, que unifica cinco unidades de negócios, entre elas a Globosat e o Globoplay. Vai haver cortes de custos, o que inclui demissões, mas não um passaralho, segundo o CFO (chief financial officer/diretor financeiro), Manuel Belmar da Costa.

"O pós-Covid-19 traz a necessidade de aceleração das mudanças. A economia parou, o mundo parou, não só a Globo", diz Belmar. "Optamos por não fazer nada [demissões] em abril e maio, no início da pandemia. Haverá corte de pessoas, haverá corte de estrutura, e a gente vai ter desligamentos em junho, sim", continua. "Mas não tem passaralho, tem um processo contínuo de transformação", completa.

Segundo o executivo, algumas áreas poderão ter cortes de 10% e outras, de até 20%, mas também haverá setores em que não se demitirá ninguém. Também ocorrerão contratações, principalmente de profissionais de tecnologia. "Não existe um número [de demissões], estamos vivendo um nível de incerteza sem precedentes", afirma. "Existe uma diretriz: precisamos revisar todos os modelos que nos trouxeram até aqui para tornar a empresa mais leve, mais eficiente".

Para ficar mais leve, a Globo unificada está revendo todos os custos fixos e tentando transformá-los em custos variáveis. Na área artística, por exemplo, contratos de longo prazo estão sendo substituídos por vínculos que duram somente o tempo em que o profissional efetivamente trabalha. Os elencos das novelas atualmente são compostos por 20% de atores com contratos longos e 80% por obra certa.

Direitos de transmissão de competições esportivas e de eventos como o Carnaval também estão sendo revistos para "gerar equilíbrio de ecossistemas". "Estamos analisando tudo, a revisão é total", diz Belmar Costa. "Precisamos reduzir custos".

O CFO da Globo, Manuel Belmar da Costa

Ano catastrófico

O diretor financeiro diz que 2020 vai ser um "ano catastrófico", com uma queda de mais de 5% do PIB (Produto Interno Bruto). Nesse "cenário muito difícil", "as empresas que tomarem decisões difíceis vão sair mais fortes". "Esse não é um projeto [Uma Só Globo] para reduzir gente. É para assegurar mais 50 anos de nossa história".

Diretor de Comunicação da Globo, Sérgio Valente diz que a emissora "está vivendo uma reinvenção da empresa e do negócio". "A gente não vai ser a Kodak das câmeras, a Pan Am da aviação. A gente quer ser a Globo do futuro, não a do passado", afirma.

Essa Globo do futuro será "mediatech", ou seja, uma empresa de mídia estruturada na tecnologia, capaz de competir com gigantes globais como Google e Netflix.

Ela deixará de depender apenas das receitas com publicidade e TV por assinatura. Terá um relacionamento direto com o consumidor, por meio de plataformas como o Globoplay. Com acesso a dados sobre seus telespectadores, poderá oferecer "experiências" customizadas, como a entrega de conteúdo e de propaganda diferenciada para diferentes usuários, misturando TV aberta com streaming.

A Globo emprega atualmente cerca de 15 mil colaboradores. No ano passado, faturou R$ 14 bilhões. Segundo fontes do mercado, suas receitas com publicidade caíram cerca de 30% em abril. Em uma pandemia que paralisou boa parte dos negócios, não é um resultado tão ruim. Se continuar assim, a Globo sairá da crise apenas mais leve, como quer.


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