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Regina Casé revela preconceito com personagens pobres no cinema e na TV

DIVULGAÇÃO/VITRINE FILMES

Regina Casé como a Madá, de Três Verões: ela está caminhando na beira de uma estrada

Regina Casé volta aos cinemas como a caseira Madá, em Três Verões: terceira vez como empregada

VINÍCIUS ANDRADE

Publicado em 12/3/2020 - 5h21

Elogiada por seu trabalho na TV como a Lurdes de Amor de Mãe, Regina Casé volta aos cinemas na próxima semana como uma empregada batalhadora, bem-humorada e sincera. A Madá do filme Três Verões é o terceiro papel consecutivo de mulher pobre na carreira dela. A atriz ressalta um preconceito com o estranhamento do público por ela defender personagens com características do "povão".

"Todo mundo estranhou: 'Está fazendo três empregadas domésticas seguidas?'. Mas quantas atrizes só fizeram patroas, e nunca ninguém perguntou: 'Vai fazer outra patroa, não vai ficar repetitivo?'. Existem mais patroas ou empregadas no Brasil? Existem muito mais empregadas, então todas as atrizes, não só eu, deveriam fazer muito mais empregadas", opina a atriz em entrevista ao Notícias da TV.

"Foi muito bom pra mim que tenha sido revelado esse preconceito, que eu nunca jogo esse preconceito só nos outros. Eu também não tinha percebido que haveria esse estranhamento tão grande em eu fazer sempre mulheres da minha idade, pobres, que trabalham muito, que têm muitos filhos, que trabalham distantes de onde moram. Ou seja, a maioria absoluta das mulheres do meu país", diz.

Sua personagem em Três Verões é caseira em um condomínio de luxo no litoral do Rio de Janeiro. Ao contrário de Lurdes e de Val, do premiado longa Que Horas Ela Volta? (2015), Madá não é nordestina.

"A Madá é pop, é urbana, é da periferia de uma grande cidade e é carioca, então me ajudou um pouquinho a quebrar esse preconceito de que todas as empregadas são iguais e que cada patroa é um indivíduo completamente diferente", explica ela.

"Não que se eu fizesse outra nordestina ela seria igual, cada uma delas é completamente diferente entre si, mas o fato de eu não ter o sotaque [nordestino], de ela ser carioca, de ela estar vivendo um momento muito atual, muito urbano, facilitou vai ajudar muito na compreensão das pessoas dessa novidade de que não dá mais pra gente ter um olhar", defende a atriz de 66 anos.

Regina ainda quer interpretar mais mulheres pobres, batalhadoras e que trabalham como empregadas no Brasil: "Se a gente quer que o Brasil esteja na tela do cinema e na tela da TV, então eu estou quase que com uma carreira reparatória, estou devendo muitas empregadas ainda. Espero fazer muitas, porque acho que existem muitas histórias que ainda não foram contadas".

Assista ao trailer de Três Verões, que estreia em 19 de março nos cinemas:

A atriz Regina Casé

Em Amor de Mãe, Regina Casé voltou a ter um papel central numa novela após mais de 18 anos. O último folhetim em que ela atuou do começo ao fim foi As Filhas da Mãe, escrita por Silvio de Abreu em 2001. Depois, fez apenas participações rápidas em Ciranda de Pedra (2008) e Cheias de Charme (2012).

Premiada em 2015 pelo filme Que Horas Ela Volta?, rara incursão no cinema, Regina investiu mais na carreira de apresentadora nas últimas décadas. Comandou atrações como Brasil Legal (1995-1998), Muvuca (1998-2000) e Esquenta (2011-2017). Mas ela é atriz de origem, desde os anos 1970, quando ajudou a fundar o lendário grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone.

"Eu não tinha me dado conta que, talvez, eu estava afastada da minha carreira de atriz porque não havia um papel pra mim. Eu estava falando disso de um outro jeito, do jeito que era possível, em um outro lugar. Eu voltei a atuar porque a dramaturgia, a ficção me ofereceu de fazer o que eu já fazia antes numa outra linguagem, de uma outra maneira", fala a atriz.

"Estou muito feliz de estar na ficção e na dramaturgia, estava com muita saudade de poder atuar. Que bom que essas mulheres conseguiram lugares de protagonista nesses três trabalhos para que eu pudesse oferecer o meu trabalho", ressalta Regina.

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