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LUTO

Morto aos 91, mestre das trilhas Ennio Morricone escreveu o próprio obituário

REPRODUÇÃO/NBC

O compositor Enio Morricone no Oscar de 2016, levantando o troféu que ganhou

O compositor Enio Morricone no Oscar de 2016, quando ganhou o prêmio de melhor trilha sonora original

REDAÇÃO

Publicado em 6/7/2020 - 11h36
Atualizado em 6/7/2020 - 12h11

Morreu nesta segunda (6) Ennio Morricone, compositor italiano que criou mais de 500 trilhas sonoras para filmes, documentários e séries de TV. Ele tinha 91 anos, estava internado em uma clínica em Roma, na Itália, e não resistiu a complicações após uma queda que lhe causou uma fratura no fêmur. Vencedor de um Oscar, Morricone deixou um obituário escrito de próprio punho, em que se despediu de família e amigos.

Segundo comunicado enviado à imprensa italiana por Giorgio Assuma, advogado e amigo de Morricone, ele "morreu na madrugada do dia 6 de julho, no conforto da fé. Estava lúcido e mostrou grande dignidade até o momento final".

Nos dias que antecederam sua morte, o compositor escreveu um texto em que explicou por que preferia ter um funeral privado e agradecia o apoio de amigos e familiares. Morricone deixou mulher e quatro filhos. Confira o obituário que ele mesmo escreveu:

"Ennio Morricone está morto. Anuncio assim a todos os amigos que estiveram próximos e àqueles um pouco distantes, a quem saúdo com grande afeto. É impossível nomear todos, mas uma recordação particular vai para Peppuccio e Roberta, amigos fraternos muito presentes nos últimos anos de nossa vida. Há apenas uma razão que me faz cumprimentar todos dessa maneira e ter um funeral de forma privada: não quero dar trabalho. Saúdo com tanto afeto Ines, Laura, Sara, Enzo, Norbert, por terem compartilhado comigo e minha família grande parte da minha vida. Quero recordar com amor minhas irmãs Adriana, Maria, Franca e seus parentes e dizer o quanto as quis bem. Uma saudação plena, intensa e profunda a meus filhos Marco, Alessandra, Andrea, Giovanni, a minha nora Monica e a meus netos Francesca, Valentina, Francesco e Luca.

Espero que saibam o quanto os amei. Por último, Maria (mas não a última). A ela, renovo o amor extraordinário que nos manteve juntos e o qual lamento abandonar. A ela, o mais doloroso adeus."

Morricone nasceu em Roma em 1928, estudou em um conservatório musical e se formou como trompetista. Começou a compor trilhas na década de 1940 e iniciou os trabalhos com filmes na década de 1960.

Ao longo de 60 anos de carreira no cinema e na TV, o compositor ganhou muita notoriedade com suas trilhas, principalmente de longas do gênero faroeste. Se destacou com as composições musicais de Por um Punhado de Dólares (1964), Três Homens em Conflito (1966), Era uma Vez no Oeste (1968) e Uma Vez na América (1984), por exemplo.

Entre outros filmes em que suas trilhas foram muito marcantes estão: Cinzas do Paraíso (1979), Cinema Paradiso (1988), Os Intocáveis (1987) e A Missão (1986).

Na TV, suas composições embalaram principalmente séries e filmes televisivos italianos, como Minha Querida Anne Frank (2009), L'isola (2012) e Come un Delfino (2013). Ele ainda criou trilhas para teatro, para rádios, compôs arranjos para cantores e grupos musicais e fez concertos com orquestras ao redor do mundo.

Morricone foi indicado ao Oscar de melhor trilha sonora seis vezes e só venceu com Os Oito Odiados (2016), filme do diretor Quentin Tarantino --com quem já havia trabalhado também em Bastardos Inglórios (2009). "O maior presente que eu ganhei fazendo esses filmes foi a amizade do maestro Morricone", disse o diretor norte-americano.

Antes disso, em 2006, o compositor já havia recebido uma homenagem da Academia pelo conjunto de sua obra. Ao aceitar a estatueta, em 2016, ele agradeceu a sua mulher, Maria Travia, por ter cuidado da família durante todos os momentos em sua carreira em que ele se ausentou para criar suas trilhas.

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