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Sem dinheiro, Zé do Caixão revolucionou o pornô e cortou as unhas na TV

Fotos: Reprodução/Space

José Mojica Marins (Matheus Nachtergaele) chora no último episódio de Zé do Caixão - Fotos: Reprodução/Space

José Mojica Marins (Matheus Nachtergaele) chora no último episódio de Zé do Caixão

DANIEL CASTRO

Publicado em 18/12/2015 - 4h56

No ar às 22h30 desta sexta-feira (18) no canal Space, o último episódio da série Zé do Caixão mostra a decadência de José Mojica Marins após a ruína financeira provocada pela censura ao filme O Despertar da Besta (também conhecido por O Ritual dos Sádicos), de 1969. Numa "merda federal", o cineasta autodidata se joga ao cinema comercial. Passa a realizar pornochanchadas e decide fazer "fita pornô". Mas não qualquer fita. "Vou ter que transgredir, vou ter que revolucionar o cine pornô do mundo", diz. E filma então a primeira cena de zoofilia do cinema nacional, em 24 Horas de Sexo Explícito, de 1985.

Interpretado por Matheus Nachtergaele, Mojica fica impressionado com a própria obra. Arregala os olhos diante da imagem de uma atriz tendo prazer ao fazer sexo com um pastor alemão. Em cartaz nos cinemas, Jack, o cachorro, faz sucesso, vira manchete de jornal. Sem as verbas da Embrafilme, a estatal que financiou o cinema brasileiro do final dos anos 1970 até 1990, o "maldito" Mojica planeja mais um longa com Jack quando é surpreendido com uma triste notícia: o dono do animal o matou após flagrá-lo na cama com a própria mulher. Para piorar, a atriz que transou com o cão pede demissão. Vai contracenar com um cavalo. Bêbado, Mojica chora e ri ao mesmo tempo.

Sem dinheiro, só resta a Mojica perambular pelos programas de TV e ganhar trocados com atividades marginais, como apresentar lutas de telecatch. Na série do Space, ele chora copiosamente ao cortar as longas unhas no fictício Programa da Yoná, uma clara referência a Hebe Camargo. A cena realmente existiu. Mojica, por dinheiro, se desfez das unhas de Zé do Caixão no Viva a Noite, de Gugu Liberato, no SBT.

Dirigida por Vitor Mafra, com roteiro de André Barcinski, a série Zé do Caixão é uma obra de teledramaturgia. Reproduz cerca de 30 anos da vida de Mojica sem uma preocupação documental. Em seus seis episódios, mostrou a criatividade do cineasta à frente do primeiro faroeste brasileiro (A Sina do Aventureiro, de 1958) e sua genialidade em obras como À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964) e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1966), além do político e surreal O Ritual dos Sádicos _três filmes fundamentais do cinema brasileiro.

A série termina com Mojica, inconsciente no hospital, travando um diálogo com sua maior criação, o personagem Zé do Caixão, e se lançando em uma nova atividade marginal, a de mestre-de-cerimônias de shows de heavy metal.

Com a série do Space, a televisão brasileira finalmente reconhece a importância de José Mojica Marins para o cinema e para a própria TV. O último episódio terá reprises no domingo (20), às 23h, e na terça (22), às 21h50.

Marins (Nachtergaele) corta as unhas em programa de TV; cena foi protagonizada por Gugu


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