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Patrulha e cartilha da Globo afugentam estrelas do jornalismo das redes sociais

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

William Bonner no Jornal Nacional de quinta-feira (21): ele chama redes sociais de manicômios - REPRODUÇÃO/TV GLOBO

William Bonner no Jornal Nacional de quinta-feira (21): ele chama redes sociais de manicômios

DANIEL CASTRO

Publicado em 25/6/2018 - 6h28

O patrulhamento dos internautas e as novas regras da Globo de comportamento nas redes sociais afastaram estrelas do jornalismo do Twitter, Instagram e Facebook. Apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional, William Bonner não atualiza sua conta no Twitter desde 28 de março. Outros profissionais da casa passaram a apenas compartilhar informações sobre seus programas desde que a emissora passou a orientá-los a evitarem comentários comprometedores até em conversas privadas no WhatsApp. 

No caso de Bonner, o problema é mesmo a patrulha da audiência. "Rede social é um manicômio", justificou o jornalista no programa Zona Mista, do Sportv, no último dia 17. "Eu não saí do Twitter, eu só parei de entrar. Minha conta continua lá, assim como a do Instagram. Eu só não tenho entrado porque eu fiz uma equação e descobri que meu humor estava pior quando eu saía do que quando eu entrava", explicou.

Acusado tanto de favorecer tanto a direita quanto a esquerda no Jornal Nacional, Bonner se cansou. Também não suportou as críticas ao seu relacionamento com a fisioterapeuta Natasha Dantas. No Instagram, sua última imagem é uma fotografia do pai, em 3 de abril, quando completaria 88 anos _ele morreu em novembro de 2016.

Outro que sofre com a patrulha é Chico Pinheiro. Até 17 de maio, ele era o rei do bate-boca no Twitter. Compartilhava conteúdos de sites de esquerda e xingava usuários que não concordavam com sua opinião ou chamavam sua empregadora de golpista.

Pinheiro foi enquadrado pela direção da Globo, que o alertou de que seu posicionamento nas redes sociais pode comprometer sua isenção no telejornalismo. Ele passou quatro semanas apenas compartilhando notícias, fotos pessoais ou de bastidores da TV e respondendo a seguidores.

Na semana passada, o âncora do Bom Dia Brasil voltou a ter uma atividade mais intensa no Twitter. Compartilhou notícias com denúncia social e ambiental, mas evitou comentários. Sua atuação mais política foi em um post lamentando a morte de Waldir Pires, ex-governador da Bahia e ministro da Previdência, a quem chamou de "grande patriota".

Chico Pinheiro é considerado o pivô de um novo conjunto de normas, anunciadas no início do mês, e que integrarão uma nova edição dos Princípios Editoriais do Grupo Globo, documento que normatiza a conduta ética de seus jornalistas.

Os jornalistas da emissora estão agora expressamente proibidos de manifestarem preferência por clubes de futebol, de curtir posts de candidatos no Facebook e de expressarem suas opiniões sobre temas políticos, até mesmo em conversas privadas em aplicativos como o WhatsApp.

No início de abril, vazou um desabafo de Pinheiro no WhatsApp, sobre a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, o que gerou uma recomendação do diretor-geral de Jornalismo, Ali Kamel, para seus subordinados evitarem esse tipo de risco.

Tiago Leifert e Ivan Moré também recuaram diante da pressão (e, muitas vezes, agressão) dos internautas. O primeiro parou de tuitar porque levava a culpa pela suposta edição tendenciosa de Big Brother Brasil. Entre 11 de maio e 9 de junho, publicou apenas uma propaganda e interações do Zero1. 

Já Ivan Moré era acusado de ser torcedor dos mais diferentes times paulistas, ora do Palmeiras, ora do Corinthians, ora do São Paulo. Parou de tuitar em 26 de março. Voltou no último dia 14 para divulgar o programa que está apresentando no Sportv durante a Copa e mostrar fotos e vídeos de sua passagem pela Rússia. Mas sem polêmicas.

Outra vítima dos patrulheiros virtuais é Dony De Nuccio. Massacrado pelos fãs de Evaristo Costa, a quem substituiu no Jornal Hoje, ele sumiu do Twitter entre março e maio. Neste mês, foram quatro posts no Twitter, três com fotos dele nos bastidores da TV e um para dar bom dia. No Instagram, foram 12 fotos, todas categoria "fofas".

Na contramão, Leilane Neubarth, apresentadora da GloboNews, resiste bravamente às patrulhas. Recentemente, ela comemorou a legalização do aborto na Argentina. Atacada, apagou a publicação e negou que a tivesse feito _mas foi desmentida por usuários que printaram a mensagem original. Continua batendo boca na rede social.


Colaborou GABRIEL SOUZA

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