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Globo bane Pedro Cardoso, Carolina Ferraz e Maitê Proença de suas produções

Fotos: Divulgação/TV Globo

Carolina Ferraz, Pedro Cardoso e Maitê Proença: processo e críticas rendem banimento - Fotos: Divulgação/TV Globo

Carolina Ferraz, Pedro Cardoso e Maitê Proença: processo e críticas rendem banimento

DANIEL CASTRO e LUCIANO GUARALDO

Publicado em 27/11/2017 - 7h01

Não espere ver Pedro Cardoso, Carolina Ferraz e Maitê Proença na programação da Globo tão cedo. É possível que isso nunca aconteça. A cúpula da emissora decidiu banir os três atores de suas produções porque os considera ingratos. Carolina está processando a Globo, reivindicando direitos trabalhistas. Já Pedro Cardoso e Maitê magoaram os executivos porque fizeram duras críticas à rede.

Diretores da Globo avaliam que não devem dar trabalho a quem processa ou fala mal da casa. Se o ator não gosta da emissora ou acha que foi injustiçado por ela, deve procurar trabalho em outra freguesia.

Pedro Cardoso passou mais de 30 anos na Globo, como roteirista de programas como TV Pirata (1988-1992) e, mais tarde, como ator. Ficou marcado pelas 14 temporadas de A Grande Família (2001-2014), em que interpretou o malandro Agostinho Carrara. Foi dispensado da rede pouco após o fim do seriado.

Depois disso, passou a atacar a emissora em várias entrevistas. Em julho de 2015, em conversa com Mauricio Stycer, do UOL, chamou a TV de "acovardada e conservadora" e criticou a falta de transformações na programação: "O país mudou, mas a TV está igual ao Brasil do Fernando Henrique. Se a gente ficar fazendo a televisão que era da época dele, o público vai fazer outra coisa", alfinetou.

Em junho do ano seguinte, Cardoso foi ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, e continuou suas críticas, ao alegar que seus antigos patrões não valorizaram sua história lá: "Eu achava que a Globo me ofereceria um horário para eu desenvolver um projeto autoral. Mas tiveram o mais absoluto desprezo pelo meu trabalho lá dentro".

Dias depois, deu uma entrevista para Gugu Liberato, da Record. Lá, criticou Verdades Secretas (sem citar diretamente o nome da novela): "Você faz algo sobre modelos que se prostituem e isso vira um sem número de cenas eróticas. Parece que você está tratando seriamente desse assunto, que está preocupado em salvar a vida dessas moças. Quando, na verdade, você está apenas vendendo conteúdo erótico disfarçado de interesse intelectual", detonou.

Para Gugu, ele disse ainda que não se preocupava com as consequências de suas declarações. "Se o preço da minha liberdade for esse, eu vou pagar feliz. Eu acho que o artista tem um compromisso muito grande com a verdade. Você tem que falar o que pensa e dizer a verdade", minimizou. Como previsto, foi banido do canal.

Já Maitê Proença soltou o verbo ao ser sabatinada no Roda Viva, da Cultura, há duas semanas. A atriz contou que ficou sabendo por meio da imprensa que tinha sido demitida. "Foi muito estranho, não tive nenhum aviso. Quando começaram os boatos de que eu já tinha sido dispensada, liguei para a pessoa que tinha me dito que o contrato seria renovado e ela me falou que, de fato, ia ser descontinuado", contou a atriz.

Sem citar nomes, Maitê também revelou que foi assediada por pessoas importantes dentro da emissora. E completou que foi prejudicada em sua carreira por rejeitar os avanços. "Às vezes, o sujeito passa dez anos tirando papéis de você, porque você não cedeu. Ele mina o seu trabalho. São pessoas que atrapalham a sua vida sistematicamente, te perseguindo mesmo", disse.

A atriz também lembrou de um caso de assédio moral bem específico que viveu na Globo com um diretor: "Ele me pediu para eu jogar uma garrafa na parede e me filmou. Depois, mandou um vídeo para o [diretor e produtor] Paulo Ubiratan afirmando que eu estava louca. Eu perguntei: 'Por que vocês mantêm esse canalha?'. E me responderam que era por que ele era talentoso".

Com comportamento difícil, Maitê deu trabalho para a Globo antes mesmo de ser demitida. Em seu último trabalho, a novela Liberdade, Liberdade, exigiu que uma dublê de corpo aparecesse em cenas sensuais de sua personagem e ficou revoltada quando a profissional publicou que a nudez era dela, e não de Maitê.

"Não se revelam segredos de bastidor, assim como o mágico não conta como faz o truque. Um bom dublê sabe disso e se mantém reservado e discreto. Não foi nada profissional", reclamou ela ao site Ego.

Em 2015, quando ainda era contratada da Globo, Maitê deu uma entrevista à Playboy na qual disse que pessoas de opinião, como ela, não têm vez na emissora.

"Eu fui me tornando uma pessoa muito de verdade. E a Globo não é lugar para você ser de verdade. Lá, é um lugar onde todo mundo é vaidoso, as pessoas esperam que você as reconheça, e eu nem sabia quem deveria ser reconhecido porque nunca tinha visto televisão na minha vida", contou.

À revista, a atriz de 59 anos também lembrou que sofreu muito no início da carreira por causa da grosseria que presenciava nos estúdios. "Os diretores eram muito intolerantes comigo. Eles falavam muito palavrão, e eu não estava habituada a ouvir palavrão. O [Marco] Nanini disse que eu virava as costas e ia embora", revelou.

Quando foi para a Manchete para estrelar Dona Beija (1986), segundo ela, a experiência foi bem mais agradável. "Ali, o ambiente não era hostil. Todo mundo vinha de outros lugares, do teatro, da publicidade, do cinema. Era outro clima. Aí eu comecei a fluir", disse ela, que chegou a dispensar a dublê de corpo que teria e fez ela mesma as cenas de nudez na cachoeira que marcaram a obra.

Litigiosa, mas grata
Carolina Ferraz, apesar de estar processando a emissora para receber 13º salário, FGTS, férias e valores referentes à rescisão, foi a única da trinca de banidos a não falar mal dos antigos patrões, para quem trabalhou durante 27 anos.

"Amo meu ofício. Eu amo o que eu faço e sou atriz de alma, mesmo. Saí da Globo tranquila. Está todo mundo feliz. Tanto da parte de cá, quanto de lá. Eu sou boa empregada e eles, bons patrões", disse ela ao Programa do Porchat no início do mês.

No talk show da Record, Carolina também minimizou o drama de ser demitida. "Todo mundo acha que é um tabu falar sobre isso. Eu acho que toda a realidade do mercado mudou. Graças a Deus, né? Há dez anos, você realmente só tinha um lugar para fazer as coisas, para trabalhar. Hoje em dia, não", fechou ela.

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